***Quatro semanas depois
Saio da cama na ponta dos pés para não acordar meu noivo. Entro no banheiro e mergulho meu rosto na pia espalhando água gelada por tudo inclusive por toda a minha camiseta de algodão. Praguejo e levanto a cabeça. Sem querer estou fitando o espelho. Recuo o olhar o mais rápido que posso e me encosto na parede.
Eu me vi, eu simplesmente me vi e não é como se eu pudesse evitar isso agora. Então apenas sou corajosa e volto a frente do espelho. Conto até três e fito minha imagem.E eu sou uma bagunça total. Meus olhos possuem olheiras gigantes e estão completamente sem brilho. O coque mal feito em meu cabelo está espalhado por todos os lados.Minha expressão denota cansaço e eu não tenho a menor sombra de um sorriso.
Mas pior que cada traço de minha aparência física, eu não me sinto eu mesma. Sinto uma vergonha tremenda de me olhar nos olhos e saber o que eu estava fazendo da minha vida. Mais uma vez me rendendo, sendo o que todos esperavam de mim. Eu não lutava por nada, não tinha forças para isso. Parecia tão mais fácil deixar as coisas acontecerem e seguir a vida que estava tão pronta para mim.Olhar no espelho e ter que confrontar essa verdade era vergonhoso, e humilhante. Eu era um fantoche sem nenhuma vontade própria.
Não, não era verdade. Eu possuía vontades, ou melhor, uma única vontade que a cada dia enraizava mais e mais dentro de mim. Daniel era presença constante em todos os espaços de minha mente. Meu corpo doía de saudade, minha mente enlouquecia de preocupação e eu não conseguia mais viver.
Escutei um resmungo no quarto e corri para a cama levando uma tolha comigo tentando secar aquela água toda da minha camiseta.
- Hey, oi. Oi Ger - soei carinhosa para disfarçar meus pensamentos.
- Oi. Acordei e você não estava. Tudo bem? - Ele sonda meus olhos.
- Tudo sim, e ai, já está com dor? - Desvio o assunto para ele, sempre para ele.
- Um pouco, mas nada fora do normal. Já está na hora dos remédios? - ele geme e eu sei que estava sim sentindo muita dor.
Me afasto até a mesinha de cabeceira e pego dos comprimidos colocando-as na boca de Ger em seguida empurrando água.
Ele estava engessado e ficara suspenso nas primeiras três semanas por um gancho para que seu quadril não encostasse todo no colchão e isso me deixava com o coração apertado.
Fazia poucos dias que o médico dispensara o gancho e somente reforçara o gesso ao redor de todo o quadril deixando-o livre para usar a cadeira de rodas.Mas ainda assim Gerard passava quase que o dia todo medicado e isso o deixava de péssimo humor. Eu ficava com ele praticamente o dia todo escapando somente com a desculpa de um banho e mesmo isso já nos rendia algumas discussões absurdas. Inesperadamente ele vinha se tornando possessivo e isso me sufocava.
- Eu não gosto quando sai de perto. Isso me deixa desconfortável. - El reclama, traduzindo em palavras meus pensamentos.
- Ger temos enfermeiras o tempo todo ao seu dispor, eu preciso ter um tempo para mim. Tenho necessidades básicas. Você tem que se acalmar e saber que eu não vou a lugar nenhum - Falo tentando soar calma. Minhas palavras são apenas verdades, mesmo que minha vontade seja fugir.
- Ok, é claro que não vai a lugar nenhum Marine, afinal , onde mais você iria? - Ele fala, e morde os lábios, automaticamente arrependido. Eu sei disso porque o conheço bem demais.
- O que quer dizer com isso? - minha voz soa alta demais .Juro que não queria me irritar com ele, mas ele está tornando isso praticamente impossível.
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Envolvida (Completo na Amazon)
RomanceQuando... Quando o amor e o desejo ficaram maiores que qualquer barreira social... Quando a paixão me cegou a ponto de eu ser desleal... Quando correr contra só nos trouxe cada vez mais perto... Quando eu não vi saída a não ser ir contra as regras...