***Afeganistão, 500 km ao Norte.
Daniel.
As palavras dela encontravam diretamente meu coração, por mais perdido que ele estivesse, ela sempre o encontraria. Mas aquela carta que recebi me fez sentir muito arrependimento em ter escrito a primeira.
Nada havia mudado, ela ainda era o futuro de meu irmão e amuleto de toda a família. Ainda não tínhamos a menor chance, ainda deveríamos nos esquecer. E porque droga eu havia escrito aquela maldita carta?
Agora ali, lendo sua resposta me senti mais amaldiçoado que antes. Era mil vezes pior prosseguir sabendo que estavam tão perto de concretizar o plano de casamento. Me senti miserável em ver que ela estava triste a apavorada.Era mais fácil imaginar que ela seria feliz, e que Gérard faria bem para ela do que ler aquelas palavras...de medo e pesar.
Ela ainda esperava por mim, em seu coração. E isso a estava fazendo ver Ger com outros olhos, não estava lhe permitindo dar espaço para o relacionamento deles florescer.Meu coração se alegrava por saber que o amor dela era fiel a mim. Mas eu sabia em meu íntimo que se ela não me deixasse pra trás nunca teria esperança de ser feliz.Eu precisaria desfazer a burrada em que nos metera.
Me recostei no travesseiro e fechei os olhos tentando concentrar ao menos uma pequena parte do meu cérebro em esquecer Marine.Olhos castanhos esverdeados que liam minha alma,boca que sempre me pareceria estar pedindo um beijo, corpo voluptuoso nas medidas que sempre sonhei , cabelos de ouro que dominavam minha mente e um cheiro, que impregnara até nos meus ossos. Cheiro do qual eu jamais iria querer me livrar. Deus, me ajudasse porque aquela mulher mandava no meus sentidos.
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Mineápolis - Um mês depois
- Marine querida, você precisa se apressar ou perderemos o horário com o corretor de imóveis.- Roxette gritava do outro lado da porta.
Eu estava lá, naquele banheiro fazia algo em torno de quinze minutos sentada no piso frio, recostada contra a porta com a cabeça encostada em meus joelhos concentrada em respirar e me acalmar.Um, dois três, e respira. Um, dois, três e respira.Ficar nervosa naquele momento traria uma crise de pânico que eu não teria estruturas para atravessar.
Hoje fazia exatos quinze dias que eu recebera a resposta de Daniel a minha carta. E lembrar de cada palavra gravada em meu cérebro só me trazia mais dor e raiva. A dor me anestesiava, e a raiva me dava forças e principalmente um propósito para seguir com aquele plano assustado de me casar com Gérard.
Eu estava decidida, a prosseguir com o casamento.Mas agora, naquele momento,saber que os planos seguiam a todo vapor, que o casamento estava marcado e aconteceria em dois meses, o pânico se instalava em minhas entranhas e se alojava em cada parte de mim.
Minha sogra estava batendo a porta e me chamando para irmos ver a décima casa em dois dias. Em todas elas eu vira defeito. Não me enxergava morando em nenhum daqueles lugares. Não me imaginava vivendo nenhuma parte daquela vida.Deus o que eu ia fazer da minha vida? eu estava completamente perdida e sem rumo.
Gérard me pedira em casamento, formalmente, depois da nossa briga. Me procurara um dia depois da carta que mandei a Daniel e eu pedira um tempo,para pensar e ficar sozinha. Ele então viajara mais uma vez a trabalho e retornara quinze dia depois me parecendo aflito e preocupado e foi quando recebi a resposta a minha carta, fiquei tão cega e momentaneamente desnorteada que o recebi e conversamos. Sai daquela conversa angustiada e me sentindo desolada. Mas nosso casamento havia sido marcado para dali a três meses. Gerard parecia respirar melhor após o meu sim, mas o brilho em seus olhos diminuía pouco a pouco, a cada nova viagem Gerard voltava em pedaços, eu percebia estar perdendo partes dele por ai e não tinha forçar para lutar por isso.
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Envolvida (Completo na Amazon)
RomanceQuando... Quando o amor e o desejo ficaram maiores que qualquer barreira social... Quando a paixão me cegou a ponto de eu ser desleal... Quando correr contra só nos trouxe cada vez mais perto... Quando eu não vi saída a não ser ir contra as regras...