A Eleita - Ouça Sua Voz Interior (COMPLETO)

Capítulo 14

PESADELOS SE REPETEM

" A recordação da felicidade já não é felicidade, a recordação da dor, ainda é dor."
_ Lord Byron

Estou andando pela Oxford Street sozinha. O vento está frio de uma forma que chega a arder a ponta do meu nariz. Está escuro, há apenas algumas luzes acesas nos postes das ruas. Olho para frente e vejo um ser de capa vindo em minha direção. O medo e a adrenalina tomam conta de mim então corro para um beco próximo dalí para tentar me esconder.

Tem algo errado. Eu já vivi isso antes. Ou será apenas um deja vú?

Dessa vez não há nada no fundo do beco. Constatei que a única saída é por onde eu entrei então me virei para sair, apavorada, mas me deparei com Fabrízio.

Ele está com os olhos dourados e brilhantes em cima de mim. E eu estou hipnotizada por eles.

- Lucy, como é bom te ver de novo. - Ele diz.

De novo? Então isso não é apenas um deja vu. Penso. Porque ninguém aparece? Alguém tem que vir me salvar e levar para longe dele.

- Ninguém virá Lucy.

Meu desespero só aumenta ainda mais com a sua frase.

- Porque você fugiu? Me deixou sozinho. Você sabe que eu preciso de você. Eu quero você! - Fabrízio diz se aproximando lentamente de mim enquanto me afasto até bater as costas na parede.

Estou observando seu rosto, ele não parece um monstro agora.

Mas o que é que eu estou dizendo???

Percebo que ele tem uma cicatriz no rosto, do lado esquerdo. O que será que foi isso? Ele é tão bonito, e essas marcas...

São marcas deixadas pela longa vida que eu imagino que ele já teve. Significa que ele fez algo e se aventurou, que não teve medo, e muito menos se trancou em um quarto como eu.

Um desejo crescente de toca-lo surge em mim. Ele está tão próximo. E eu não consigo resistir. Levo a mão lentamente ao seu rosto e passo o dedo indicador por sua cicatriz da bochecha enquanto ele segue cada movimento meu. E então, inesperadamente, ele me beija.

É um beijo urgente, com desejo, e eu não pude evitar corresponder.

Merda! O que está acontecendo?

Ele explora todo o meu corpo, beija meu pescoço e fica alternando entre ele e minha boca. Enquanto eu ofego tomada pelo prazer causado apenas por seus simples toques.

Porque ele tem esse poder sobre mim?

Fabrizio leva a boca até meu pescoço e eu sinto seu alíto gelado. A ponta de suas presas começam a se cravar em minha carne e então eu volto à realidade abrindo os olhos espantada,
a respiração ofegante e o coração acelerado.

- Lucy. - É a voz de Lyon. Ele se aproxima e logo está em meu campo de visão. - Você está bem? - Ele pergunta levando a mão para tocar a minha, mas eu a afasto depressa. Sei que se ele me tocar usará a telecinese comigo e saberá do meu sonho.

Sonho! De repente constatei que foi um sonho. Então é isso. O homem que eu desenho é Fabrízio e ele parece estar se comunicando comigo a muito tempo por meio de sonhos assim como agora.

Um arrepio corre por meu corpo ao perceber que ele fará isso novamente e quantas vezes quiser. Ele está mexendo com meus sentimentos e agora está cada vez mais difícil controlar. Estou com medo!

- O que você está fazendo aqui Lyon? - Pergunto deixando transparecer minha chateação por ele está aqui e por querer usar a telecinese em mim.

- Desculpe, eu achei que você estava acordada e queria conversar, mas quando cheguei você dormia e parecia estar tendo um pesadelo então decidi ficar.

- Hummm, o que você queria conversar? É sobre Kath não é? - Suponho.

- Como você sabe?

- Eu não sou idiota Lyon, eu vi como ela ficou preocupada quando te castigaram e como vocês se olham e sorriem um para o outro.

- Por essa eu não esperava. - Ele admite. - A questão é que eu não sei como fazer.

- Hahahaha. - Gargalho alto tentando me conter mas não consigo. - Como assim você não sabe o que fazer? -
Digo inclinando a cabeça para o lado. - Lyon, você é um vampiro, é uma cara confiante e forte, você nos ajudou a sair de lá. E agora me diz que não sabe como chegar em uma garota?

Lyon da uma risada leve. - Lucy, não é porque eu sou um vampiro que eu não tenha minhas inseguranças e medos. - Ele se justifica. - A realidade não é como você vê nos livros. Nós não somos sexys e sedutores. - Ele ri de lado.

- Não são? Ah Lyon, se olha no espelho. Depois olha para todo os que moram aqui. Se o que você ver não for sexy, e muito bonito, então eu não sei o que é. - Reviro os olhos. - Olha, eu não sei te dizer o que fazer, mas se você gosta dela, toma logo uma atitude. Sei lá, agarra ela e da um beijo, ela não vai precisar de palavras vazias nem você vai precisar passar por isso. Esse gesto já vai dizer tudo. Eu já sei como vampiros podem ser intensos. - Depois que falo isso o arrependimento me corrói e o meu sonho com Fabrízio volta de repente.

Lyon me olha desconfiado e arqueia uma sobrancelha.

- Nossa! Você é pecima em dar conselhos amorosos. Mas acho que isso pode funcionar. - Ele sentencia e ri alto.

- É. Acredite conheço minha amiga, ela vai entender a deixa. - Pisco um olho. Lyon sorri e sai do quarto.