Capítulo 27

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PROVOCAÇÕES

" Ainda não tinha aprendido enquanto a natureza humana é contraditória; não sabia quanta hipocrisia existe nas pessoas sinceras, quanta baixeza existe nos nobres de espírito, nel.quanta bondade existe nos maus."
_ William Somerset Maugham

Voltamos para casa. Estava tudo silencioso como sempre. As vezes parece que ninguém mora aqui.

Como combinado Lúcio veio na frente, e em seguida eu e Fabrízio, talvez levantasse suspeitas nós chegarmos juntos, embora seja quase impossível que eles suspeitem de Fabrízio ou de Lúcio.

No caminho me pus a pensar.

Estávamos tentando achar um jeito para que eu ficasse viva e para isso terei que morrer pela segunda vez.
Talvez o mais importante não seja não morrer, mas sim, permanecer vivo. De uma forma ou de outra.

__ Lucy. __ Fabrízio me chama me tirando de meus devaneios.

__ Sim. __ Olhei para ele.

__ Hoje iremos jantar todos juntos. __ Ele disse em quanto estacionava o carro no jardim.

__ Porque? É mesmo necessário? __ Perguntei porque não quero estar na presença daqueles dois.

__ Sim. Desculpe. Nathaniel alegou que desde que chegou, você só fica dentro do quarto, e que eu estou ficando com você só para mim.

__ Não queria ter que ir. Eles me dão nojo.

__ Lucy, por mais que eu tenha sido seu guardião, eu não tenho total direito sobre você. Se eles pedem pela sua presença não posso negar. __ Fabrízio disse e pude ver como a situação o incomodava.

Isso me lembrou do dia em que completamos a transição.

Não sentia nada. Nem dor nem medo. Nada. Apenas a vida se esvaindo de meu corpo. Via os olhos de Fabrízio me fitando em quanto caia gradativamente no sono "temporário" da morte, pensei que seria mais rápido, que eu simplismente cairia morta, mas não, pude presenciar aquilo. Pude jurar que antes de apagar vi uma lágrima escorrer dos olhos reluzentes como ouro de Fabrízio.

Cheguei a pensar que jamais saberia a verdade sobre o que tinha visto. Fabrizio realmente chorou, eu sei. Como pude esquecer daquilo? Ele está sendo sincero. Está realmente do meu lado para me ajudar. Tanto que agora está completamente pertubado só em pensar em me dividir.

__ Venha. __ Falei o puxando pela mão.

Caminhei o puxando por aquela casa. Estávamos em um corredor bem escuro, o mesmo em que me levaram até a aquela sala para me torturarem sexualmente. Eu já não queria mais esconder que eu o amo, eu queria admitir isso para ele.

__ Lucy, o que você está fazendo? __ Ele perguntou em quanto parei na frente da porta.

Sem responder eu a abri e observei tudo.

A sala toda branca, as paredes repletas de instrumentos estranhos que supus ser para tortura.
As pinças, alicates, facas e chicotes de todos os tamanhos. Agulhas e outros instrumentos que não sabia o que eram nem para o que serviam mas hoje já posso imaginar.

No centro da sala estavam as correntes, duas pendendo do teto e outras duas no chão. O lugar onde eu tinha estado a algum tempo atrás. Tudo está do mesmo jeito, e eu jamais pensei que estaria ali outra vez, nem com Fabrízio, muito menos eu mesma o trazendo.

__ Lucy... __ Ele tentou falar mas eu o impedi colocando o dedo indicador sobre seus lábios.

__ Quero que me tenha, aqui, assim como foi da primeira vez Fabrízio. Quero ser sua para toda a nossa eternidade, e não importa o que passou o que importa é o agora. Aqui e agora. Não me importa quem você foi ou o que me fez, mas o que é hoje e o que está disposto a fazer por mim de agora em diante. Quero ser sua, apenas sua, não importa os outros.

Fabrizio sorriu. Sorriu de verdade.
Retirou uma mecha de de cabelo que pendia sobre meu rosto. Em quanto me fitava, eu acariciava a sua bochecha e desenhava sua cicatriz com o dedo.

__ Você é mesmo surpreendente Lucy. __ Falou e em seguida tomou meus lábios com os seus em um beijo ardente e cheio de desejo.

Retirei sua jaqueta e Fabrízio a minha. Tínhamos pressa em ter um ao outro.

Fabrizio tirou a calça e eu a minha, depois voltamos a nos beijar. Ele me guiou até o tapete felpudo em que eu acordei após aquela noite. Nos sentamos e ele arrancou minha blusa, fiz o mesmo com sua camisa e sua box branca. Me deitei, Fabrízio puxou minha calcinha e em seguida engatinhou sobre mim promovendo o total contanto de nossos corpos ardentes de desejo. Ele me beijou, em quanto eu enlacei minhas pernas ao redor de seu corpo e senti sua ereção em minha intimidade. Eu já estava preparada para ele, e foi então que Fabrízio se separou relutantemente de mim e me penetrou.

Ele estocava rápido e forte, em quanto massageava meus seios e eu lhe roubava beijos explorando toda sua boca com minha língua.

O prazer só aumentava e eu gemia junto a ele.

Senti seu membro pulsar dentro de mim, cada vez mais duro. Ele aumentou seus movimentos e senti sua presas em meu pescoço, foi aí que cheguei ao meu limite, mordi seu ombro direito e dei goladas fortes também lhe proporcionando prazer, gozamos juntos. Fabrizio caiu sobre mim ofegante assim como eu.

Passados alguns minutos ele saiu de dentro de mim me roubando um gemido e se deitou ao meu lado no tapete.

Olhei para ele. Seus olhos brilhantes como ouro, perdidos atrás dos cabelos que caiam e grudavam sobre sua testa suada.

__ Eu amo você. __ Falou em um sussuro.

__ Eu já devia ter admitido isso mas, eu também te amo. __ Falei.

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Sentados à mesa estávamos todos juntos.

Numa das cabeceiras da mesa estava Nathaniel, na outra Fabrízio. Quanto a mim estava sentada do lado direito da mesa perto dele. James estava do lado oposto ao meu, porém, perto de Nathaniel. Nas outras cadeiras daquela mesa enorme, estavam: Elka, Tâmisa, Lewis, Carlton, Lucinda, Eve e Lúcio. Não esperava que todos estivessem aqui, mas ao que parece, na hora do jantar não há uma hierarquia.

Um grande lustre de cristal pende sobre à mesa. As cadeira tem um encosto alto e acolchoado. À nossa frente foram posicionados pratos, taças próprias para água e vinho e uma quantidade de talheres e facas que eu não contei e nem sei como usar. Tudo muito metódico.

Se alguém olhasse de fora até pensaria que somos uma família tradicional e feliz, sentados à mesa em um ambiente escuro e sombrio iluminado por velas sobre castiçais.

Ficou combinado que eu trataria Fabrízio como sempre tratei. Com frieza. Nada de olhares cúmplices ou gestos que demostrassem o que está acontecendo entre nós.

Na ponta da mesa, James me olhando daquele jeito que me dá arrepios. Como eu não queria está aqui com eles nessa mesa, fingindo que pertenço a eles.

O jantar foi servido e até que estava bom, apesar de ser um prato que eu não sabia o que era e nunca tinha provado. Fiquei em silêncio e de cabeça baixa até o fim. James como sempre lançou suas provocações mas me mantive quieta.

Eu irei calar a boca dele quando chegar a hora.

A Eleita - Ouça Sua Voz Interior (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora