A Eleita - Ouça Sua Voz Interior (COMPLETO)

Capítulo 25

O ELO MAIS FRACO

"Quando conquistou tudo o que todos querem cortejar, a pobre recompensa não vale os custos: juventude desperdiçada, alma aviltada, honra perdida, são os teus frutos, ó paixão triunfante.
_ Lord Byron

Desde aquele dia em que Fabrízio disse estar apaixonado por mim já não nos falamos nem nos vimos. Passaram-se três dias e ele simplismente parece que se mudou, o que não posso afirmar já que eu prefiro me manter aqui dentro do quarto. Mesmo quando eu pensava que ele me faria muito mal, ainda assim preferia ficar ao seu lado pois eu sabia que ele me protegeria dos outros com seu jeito possessivo. Não sei se ele está aqui pelo simples fato de ele já não ter mais dado as caras nem mesmo para dormir no quarto que é dele. Estive tão confusa desde então, a confissão de Fabrízio parece que despertou algo em mim.

- "Porque eu me apaixonei por você Lucy. Todos esses anos observando você. Nunca tinha chegado a uma conclusão do que eu realmente sentia, e até me sentia culpado porque você é tão jovem, mas agora você já não é mais aquela garota indefesa, é uma mulher mesmo ainda tendo dezoito anos. E quer saber, a maneira que você cuida das pessoas ao seu redor, de Kath e dos outros , ate a forma fria com que me olha, despertou algo em mim. A forma como ontem você me fez implorar e o jeito surpreendente que tentou me seduzir, isso me fez perceber que já não posso negar isso. Você me deixou louco e completamente perdido. Eu sou muito egoísta porque mesmo não tendo ninguém naquele quarto, para assistir o teatro, eu não podia desperdiçar a chance de ter vivido aquele momento com você mesmo sabendo que estava sofrendo."

Suas palavras ecoam em minha mente, repetidas vezes. Elas me fizeram perceber que eu também não posso esconder que sinto algo por ele. Não sei se é desejo, atração ou até mesmo... sim, amor. Não queria admitir isso nem pra mim mesma, eu estou apaixonada por ele assim como Lyon afirmou ao me tocar, e disse que Fabrízio não pode manipular meus sentimentos. Mas saber que ele sente tudo isso, fez que eu também me permitisse, mesmo ele sendo quem ele é.

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Tâmisa tem trago comida e água pra mim no quarto e ninguém interveio, ainda bem. Eu não sei como olhar na cara dele, mas espero que ele apareça logo, para que eu possa sair daqui, e respirar ar puro. Preciso de sangue e não sei como pedirei isso a ele, nem como irei conversar com ele sobre o que faremos a partir de agora. Não depois de saber o que ele sente. Os sentimentos de Fabrízio por mim não exatamente mudam o que ele é. Fabrizio é um homem frio.

O dia passa devagar, fiquei aqui trancada. Pela tarde Tâmisa ficou alguns minutos conversando trivialidades comigo em quanto eu comia algo que ela trouxe, eu estava certa, ela não é como os outros, por isso sempre me lançou seu olhar piedoso.

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São por volta das oito da noite, não sei exatamente. Estou no quarto assim como tenho feito nos últimos dias. Pedi a Tâmisa que me trouxesse livros e cadernos desde então alterno em ler e desenhar, ainda assim é difícil ficar aqui. Eu sei que não sou mais a garota indefesa, que sou uma vampira, que eles não irão me matar, mas ainda assim podem me machucar ou sei lá até onde essa imaginação perversa deles pode chegar. De qualquer modo, prefiro manter distância deles.

Toc toc... Alguém bate na porta me tirando de meus devaneios.

- Pode entrar. - Falei deixando o caderno e lápis de lado. Levantei a cabeça e me deparei com Fabrízio já dentro do quarto parado ao lado da cama. Seu olhar meio perdido, e seus movimentos cautelosos.

- Lucy... - Ele sussurra meu nome. - Você está precisando de algo?

Fico surpresa com a pergunta. Não era bem isso que eu esperava ouvir depois de tudo.

- Não. - Digo descepcionada.

- Ok. - Ele da de ombros indo para a porta.

- Fabrízio. - Eu o chamo e ele se vira pra mim.

- Porque você não voltou? - Perguntei meio melancolica.

- Eu não sabia como olhar pra você Lucy, não depois de você me rejeitar, de você agir daquele jeito comigo. Eu sei que muitas vezes fui frio e mal com você, mas agora é diferente, não esperava que você fosse me olhar daquele jeito tão frio, então eu não vim porque não iria aguentar você me olhando com tanto desprezo outra vez, e também porque imaginei que quisesse distância de mim. - Ele diz tudo de uma vez, de uma forma que quase não consigo acompanhar.

- Não Fabrízio. Se você fez isso, fez apenas por você. Porque eu precisava de você aqui. - Fabrízio levanta o olhar e parece surpreso com minha revelação. - Eu fiquei trancada aqui todos esses dias. E naquele noite só dei as costas pra você porque não sabia como reagir, não podia simplismente te perdoar por toda a sua crueldade. - Falo com uma mistura de raiva e tristeza. - Mas eu já não quero lembrar disso Fabrízio, porque também me apaixonei por você, mesmo depois de tudo, mesmo você sendo quem você é, mas me apaixonei mesmo não sabendo por que.

Fabrizio fica sem reação diante de minhas palavras. Até eu mesma ainda estou processando o fato de que eu falei tudo isso em voz alta. De repente sou surpreendida pelos braços de Fabrízio ao redor de mim, as mãos em minha nuca, seus dedos enlaçados em meus cabelos de forma possessiva. Seus lábios tomam os meus de forma desesperada e eu correspondo. Depois de alguns segundos ele se separa de mim e olha em meus olhos.

- Me perdoe Lucy, eu te amo. - Sua frase saiu de forma que transparecia o quão difícil foi para ele fazer isso. Eu não sabia se poderia perdoa-lo, pelo menos não agora, muito menos dizer que também o amo. Mas certamente o que sinto por ele é intenso, porem não estou aqui para amar, ou me apegar, estou aqui para sobreviver, e não posso esquecer que ele é culpado por grande parte do que estou passando. Fabrizio é o elo mais fraco, e usarei isso ao meu favor, não deixarei sentimentos atrapalharem, sei o que sinto mas admitir isso para ele seria uma forma de me tornar ainda mais vulnerável, não posso confiar nele, disso eu sei.

Sem uma resposta eu apenas o beijo.