Capítulo 23

39 2 0
                                    


REVELAÇÕES

" A marquei como minha já em seu doce e primeiro respiro.
Minha, minha por direito, do berço até o último suspiro.
_ Lord Alfred Tennyson


- Então? - Digo pedindo que ele comece a falar enquanto dou um gole no meu café.

- Lucy, eu realmente nunca quis fazer mal pra você, mas para que entenda tenho que começar desde o início da história. - Ele diz, eu fico olhando pra ele, concentrada então ele continua.

- Desde antes de você nascer, o Clã Linfomano sabia que você seria aquela que nos traria poder. Sabíamos que era a eleita para completar o sacrifício. Então o meu clã me escolheu para ser uma espécie de guardião seu. Eu sempre te observei de longe e garanti que tudo corresse bem com você, mas Lucy... - Fabrízio abaixa o olhar e parece pensar. - Eu me afeiçoei a você e foi por isso que naquela noite em que eu sabia que teria que ir atraz de você eu mesmo tentei te alertar, eu sabia das coisas ruins que fariam com você, e que eu mesmo teria que fazer, eu falei com você por telecinese.

- Você está mentido, quem falava comigo era Lyon. - Digo meio tonta com a informação.

- Sim Lucy, Lyon falava com você mas ele apagou da sua memória a parte que falo com você, quando mostrou a você quem ele era, não mostrou essa parte. - Fabrízio diz.

Após ouvir o que Fabrízio disse percebo que tem um cara muito estranho no fim da lanchonete e já faz um tempo que ele está nos observando.

- Fabrízio acho melhor irmos embora. - Digo e ele não pergunta o porquê, apenas se levanta e saímos após ele pagar meu café no balcão.

Entramos no carro. Fabrizio começou a dirigir em silêncio. É quando percebo que estamos saindo da cidade. Não digo nada, fico calada com meus pensamentos, com mil e uma perguntas na cabeça. Vejo a tarde cair, e já faz algumas horas desde que estamos nesse carro, em pensar que quando saímos ainda era de manhã. Por fim sinto o carro parar, e já é por volta das sete ou oito da noite. Não sei como consegui ficar tanto tempo dentro daquele carro.

Descemos e eu me deparo com um grande prédio, Fabrízio me puxa pela mão de forma delicada e nós subimos pelas escadas até lá em cima. Estamos no térreo e é bem alto. Não sei que cidade é essa, mas a vista é linda, a cidade iluminada, o vento frio no meu rosto. É uma sensação completamente desconhecida e intensa.

Olho para ele como quem busca uma explicação.

- Você disse que Lyon apagou a parte que você tenta me alertar. Mas porque ele faria isso? - Perguntei por fim quebrando o silêncio.

- Porque o convém Lucy. Eles querem ser os mocinhos. Quer que você fique do lado deles, mesmo que saiba que eu tentei te manter distante de mim e de tudo isso. Eu não sou bom Lucy. Lógico que eu te tratei dessa maneira para manter as aparências na frente dos outros, se eu for expulso não poderei te ajudar. Mas a minha natureza é ser um monstro, e eu gostei das coisas que fiz com você. Então eles querem te proteger.

A sua resposta não me surpreende. Eu sei que Fabrízio sente prazer em ser cruel mas mesmo assim fico um tempo processando tudo para só então falar.

- E porque você quer me ajudar Fabrízio? - Pergunto meio receosa em tocar seu ombro em quanto ele observa a vista. - Você disse que se afeiçoou a mim, que você tem sido mal para manter as aparências, mas em muitas ocasiões você não precisava, como ontem à noite.

- Porque eu me apaixonei por você Lucy. - Ele diz pegando minha mão que estava sobre seu ombro, e se aproxima de forma brusca me deixando petrificada. - Todos esses anos observando você. Nunca tinha chegado a uma conclusão do que eu realmente sentia, e até me sentia culpado porque você é tão jovem, mas agora você já não é mais aquela garota indefesa, é uma mulher mesmo ainda tendo dezoito anos. E quer saber, a maneira que você cuida das pessoas ao seu redor, de Kath e dos outros , ate a forma fria com que me olha, despertou algo em mim. A forma como ontem você me fez implorar e o jeito surpreendente que tentou me seduzir, isso me fez perceber que já não posso negar isso. Você me deixou louco e completamente perdido. Eu sou muito egoísta porque mesmo não tendo ninguém naquele quarto, para assistir o teatro eu não podia desperdiçar a chance de ter vivido aquele momento com você mesmo sabendo que estava sofrendo. - Ele diz tudo me olhando nos olhos, parece sofrer com as próprias palavras. Eu apenas me afasto dele, e me viro para ir embora.

- Me leve para casa, Fabrízio. - Digo da forma mais fria que posso.

A Eleita - Ouça Sua Voz Interior (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora