Capítulo 8

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TRANSFORMADA

" Nas mandíbulas da morte/ Na boca do inferno.
_ Alfred Tennyson


Acordo deitada no tapete da sala, sozinha. Parece que virou rotina acordar em tapetes. Me sinto estranha, parece que algo em mim está faltando. Porque eu estou aqui nessa sala ?

Me lembro que Tâmisa e Lucinda me trouxeram para cá, mas não lembro de nada do que aconteceu. Minhas roupas não são mais as mesmas que antes. Estou numa camisola de seda azul claro. Ela marca todo meu corpo. Mas como? Me trouxeram pra cá, trocaram minhas roupas? Pra que?

Droga!

Por mais que eu force minha mente não lembro de nada. Minha cabeça já dói de tanto que estou me esforçando.

Passo a mão no pescoço, sinto uma ferida, olho minha mão e vejo sangue.

Oh não. Fui mordida. Será que já sou uma vampira?

Passo um dedo na gengiva e procuro presas, não há nada, apenas minha arcada dentária normal.
Corro para o enorme espelho na parede, meus olhos tambem tem a mesma cor e nada de brilho anormal. Acho que continuo sendo a mesma Lucy de sempre.

A porta se abre e Tâmisa entra trazendo Kath. Ela se senta ao meu lado no tapete, Tâmisa apenas me olha de rabo de olho e sai fechando a porta.

__ Lucy. __ Kath me abraça.

__ Oi Kath. __ Digo estranhando sua reação em me ver.

__ Como você está?

__ Estou bem, eu acho. __ Kath me analisa.

__ Meu Deus Lucy, porque você está tão calma?

__ Porque não estaria? Do que você sabe Kath? Eu não me lembro de nada da noite passada.

__ Ah sim, não é nada Lucy, é que vi essa mordida e essas coisas estranhas na parede. __ Kath desconversa, eu percebo que ela sabe de algo mas não a questiono. Continuo com uma sensação ruim, como se eu tivesse que me lembrar de algo mas não lembro.

__ Porque você veio? __ Pergunto.

__ A transformação Lucy, vai acontecer, eles já estão vindo. __ Ela afirma. Vejo medo em seus olhos.

__ Mas Kath, eu fui mordida, e mesmo assim ainda sou humana. __ Tento entender e continuo tentando me lembrar, nem se quer sei quem me mordeu, essa sensação é perturbadora. Não me lembrar do que aconteceu.

Será que me hipnotizaram para que eu não me lembrasse do que foi dito ou sei lá? Talvez disseram algo que eu não devia saber, e me fizeram esquecer eu acho.

__ Lucy, não é assim que funciona. Lyon me explicou que sendo humanas temos que morrer com o sangue de vampiro no organismo e voltaremos a viver, como vampira. __ Ela sentencia, seus olhos profundos e lacrimejantes.

__ Ah Kath. __ Eu a abraço. __ Me perdoa, a culpa é minha.

__ Não Lucy, a culpa não é sua. __ Kath diz com a voz chorosa. __ Lembra que fui eu quem escolhi acompanhar você e assumi os riscos, e mesmo que não o tivesse feito, eles me achariam porque sou a primeira opção depois de você. __ Ela falou.

__ Diga-me porque eu acordei aqui? O que fizeram?

Kath faz menção de responder mas antes que ela pudesse pronunciar qualquer palavra a porta abre, Lucio e Fabrízio adentram a sala. Eles se aproximam e se agacham à nossa frente.

__ Que noite maravilhosa Lucy. __ Diz Fabrizio me olhando.

__ Não sei do que você está falando. __ Digo rápido.

__ É eu sei que não, mas logo irá lembrar!

__ Não se preocupe, serei rápido. __ Lúcio diz a Kath ao meu lado. Suas presas estão à mostra e ao redor de seus olhos há veias roxas que deixam seu olhar mais que amedrontador. Ele está pronto para a mordida mas em vez de morder Kath ele morde o próprio braço dando o sangue para ela beber, e ela o faz com cara de nojo. Logo depois Lucio posiciona as mãos na cabeça de Kath, os olhos nos olhos dela como se dissesse, "Não tenha medo", e então gira de uma vez sem aviso prévio, eu ouço um Kreec de ossos se quebrando e Kath cai morta sobre o tapete.

Meus olhos ardem e lágrimas escorrem enlouquecidamente. Fabrizio gira meu rosto tirando meus olhos da cena e voltando minha atenção para ele.

__ Agora é a sua vez Lucy. __ Ele diz. Em sua voz posso ver que ele sente prazer com o que está prestes a fazer. Me matar para que eu seja a fonte de poder deles.

As veias surgem ao redor dos olhos de Fabrízio deixando-os ainda mais amedrontadores que os de Lucio. Ele rosna para mim exibindo as presas afiadas, morde o braço e estende para mim, hesito mas agarro seu braço e bebo porque tem que ser feito.

Fabrizio ri para mim.

__ Boa garota. __ Ele diz com as mãos uma de cada lado da minha cabeça. Sei que ele vai quebrar meu pescoço agora. Não sinto nada. Nem dor nem medo. Nada. Apenas a vida se esvaindo de meu corpo. Vejo os olhos de Fabrízio me fitando em quanto caio gradativamente no sono "temporário" da morte, pensei que seria mais rápido, que eu simplismente cairia morta, mas não, pude presenciar aquilo. Posso jurar que antes de apagar vi uma lágrima escorrer dos olhos reluzentes como ouro dele. Mas jamais saberei ao certo.

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A Eleita - Ouça Sua Voz Interior (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora