Capítulo 22

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INSACIÁVEL

" Há Deus, que o amor fosse como uma flor ou uma flama,
Que a vida fosse como dar nome àquilo que chama,
Que a morte não fosse mais lamentável que o desejo,
Que tudo isso não fosse feito da mesma trama!
_ Algernon Charles Swinburne


Acordo e sinto braços em volta de mim. É Fabrízio.

Me movo tentando afasta-lo mas é em vão. Ele não me larga.

Ainda é de madrugada e terei que aguentar isso.

- Estou acordado Lucy. - Ouço sua voz e fico quieta. - Logo já não sinto mais os braços dele.

- Que tal nós brincarmos um pouco? - Ele sugere.

- Não foi suficiente pra você? - Pergunto.

- Sou insaciável. - Ele diz e logo sou surpreendida por ele arrancando o lençol que estava sobre meu corpo nú e dando uma mordida violenta na parte interna da minha coxa esquerda . Meu corpo inteiro se estremece e minha intimidade se alaga. O prazer com uma simples mordida é inexplicável. Intenso, tornando a dor quase imperceptível.

Sinto as goladas forte e sedentas que ele dá, aínda tendo espasmos. Tenho que para-lo ou ele me matará aqui e agora.

- Você vai me matar, lembre-se que não estou aqui para servir de bolsa de sangue. - Digo e vejo os olhos de Fabrízio se abrirem com um brilho ainda mais intenso, a boca dele agora já não segura minha carne com tanta pressão e então me larga.

- Sua vez. - Ele diz.

- Vez de que? - Pergunto confusa.

- Tomar meu sangue. - Ele diz, se deitando ao meu lado.

Me levanto, fico por cima dele e... Céus, ele é tão lindo. O rosto fino, os cabelos lisos que caem alguns fios sobre a testa, a barba rala, as cicatrizes em seus rosto, e seus olhos estupidamente dourados e brilhantes que agora me olham de forma curiosa. Que? Não! Eu não posso pensar isso. Fabrizio não merece isso. É ele quem está me mudando, que quer me sacrificar junto com minha melhor amiga, é ele quem ameaça meus pais. Não posso sentir nada disso, não posso confundir as coisas.

Balanço a cabeça e afasto meus pensamentos.

Beijo a bochecha de Fabrízio e em seguida a mordo com força. Ele não reage em nenhum momento, apenas fica quieto. Bebo o suficiente e por incrível que pareça consigo parar, mesmo que o sabor de seu sangue seja alucinante.

- Você escolheu um lugar doloroso. - Ele ri. Vejo a mordida se fechar.

- Você também não escolheu um lugar muito agradável, e ainda foi de surpresa. - Rebato. Sinto-me saciada. O sangue dele é forte.

- Nada como um orgasmo no meio da madrugada. - Ele diz e o ignoro.

Não entendo porque estamos assim, dialogando sobre coisas fúteis que nem merecem atenção, de fato. Pensei que ele me trataria mal, que seria perverso e violento. Mas não está sendo nada disso. Pelo menos até agora. Talvez exista algo para ser despertado dentro dele e ao que me parece, encontrei o elo mais fraco dessa corrente.

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Acordo sozinha na cama, não sei se já é dia pois esse lugar é totalmente livre de luz do sol. Levanto me sentando na cama e olho para um relógio que está sobre um dos criados do lado da cama que está marcando 6:45, ainda é bem cedo e Fabrízio já está de pé. Começo me perguntar o que um cara como ele faz acordado uma hora dessas.

A Eleita - Ouça Sua Voz Interior (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora