A Eleita - Ouça Sua Voz Interior (COMPLETO)

Capítulo 19

ACORDO

" Talvez o abismo nos engula.
Talvez cheguemos a Atlântida.
Talvez não tenhamos mais a força de mover montanhas.
Mas somos o que somos.
__ Lord Alfred Tennyson

Assim que ouvi aquela última frase, "afaste-o ou matarei ela", instantaneamente meu coração se apertou e eu afastei Malik'ah de forma violenta o empurrando. Olhei no mesmo momento em direção a Kath que ainda dançava com Lyon. Confesso que ao vê-la ali, bem, me deu um certo alívio. Fiquei parada e me perguntando de quem ele estava falando.

- Não é de Kath que estou falando Lucy, você está deixando passar algo, olhe direito. - A voz de Fabrízio falou novamente em quanto eu permaneci ali, parada. Eu podia ver Malik'ah me olhar sem entender, e até chamar por mim, mas eu não conseguia pedir por ajuda nem nada.

Comecei a olhar novamente. Malik'ah esta ao meu lado, vi Kath dançar com Lyon, Scar dançando com Zayn assim como Cristine e o rapaz desconhecido do bar. Foi então que eu olhei para a direção em que a minutos atrás eu ti tinha visto Judite aos beijos com aquele garoto e eles tinham simplesmente desaparecido.

- Acho que você encontrou o erro. - Ouvi a voz presunçosa de Fabrízio. É claro que ele não faria nada com Kath, também precisa dela.

- Não faça nada com ela!!! - Respondi mentalmente para ele. Judite era irmã de Lúcio e já tinha estado nas mãos desses vampiros antes. Mesmo eu não a conhecendo a muito tempo ela faz parte da minha nova família. De Vampiros. E eu tenho que tentar ajuda-la.

- Isso só depende de você Lucy. - Ele diz.

- O que quer que eu faça? - Perguntei.

- Saia pelas portas dos fundos. Ela da direto para uma rua. Estarei esperando. Lembre-se, não traga ninguém ou ela morre. - Ele diz e em seguida eu saio do meu tranze.

Olho ao redor e vejo os olhos de Malik'ah sobre mim. Os outros parecem não ter notado. Eu quero desesperamente pedir ajuda mas não posso. Então...

- Me perdoe por isso. - É a única coisa que falo, caminhando em direção à porta dos fundos pedindo aos céus para que um deles me siga e me tire de lá quando for a hora.

Um frio me percorre a espinha só em pensar que eu estou indo ao encontro de Fabrízio, e sozinha. Tenho medo que ele me leve embora. Que faça mal a Judite.

Ao conseguir passar pelos corpos dançantes eu enfim consegui chegar à porta dos fundos.

Ao passar por ela, um vento frio logo me atingiu, me causando calafrios. A rua é estreita e meio escura, mais parece um beco. Odeio becos.

Porque ele tinha que querer que eu viesse o encontrar logo em um beco?

Foco Lucy! Me auto repreendo. Não há tempo para perguntas sem importância. Estou aqui para salvar Judite.

Olho para o lado esquerdo da rua e não há nada. Quando me viro para o lado direito vejo cinco pessoas paradas. Três delas são vampiros pois vejo seus olhos brilhantes. As outras duas não sei, mas suponho que uma deve ser Judite pois deixamos que nossos olhos voltassem ao normal.

DROGA!
Que péssimo dia para deixar de se alimentar. Estou fraca. Todos estamos.

Caminho até aquelas pessoas e logo posso ver exatamente quem são.

James me olhava daquele jeito que me olhou desde a primeira vez, como se quisesse me devorar, mas tinha malícia em seus olhos. Do seu lado estava Lúcio, Fabrízio com seus olhos penetrantes segurava firme em um dos braços de Judite. E a outra era a bruxa. Eve, ouvi dizer que esse é seu nome.

- Pensei que você não viesse Lucy. - Disse Fabrízio.

- O que vocês querem? - Gritei.

- Você sabe o que queremos. - Disse James com um sorriso petulante.

- Cale-se James, ela é minha. - Esbravejou Fabrízio.

- Ela é de todos nós, Fabrízio, mesmo que por um lado ela pertença a você, sabe que é obrigado dividi-la conosco. - Disse James outra vez. Lúcio apenas observava o que estava acontecendo assim como Eve, e Judite que me olhava assustada.

Porque será que ele era obrigado a me dividir? Pensei.

- Eu não pertenço a vocês. Pertenço apenas a mim mesma. - Eu disse.

Fabrízio gargalhou. - Acho que não Lucy. Olhe pra você, está fraca, não se alimentou para vir em uma boate com seus "amigos". - Ele da ênfase a palavra amigos. - Não queira parecer normal Lucy, aceite que agora você é uma vampira. Não se sacrifique por eles. Aliás onde estão eles agora?

Fabrizio estava querendo me atingir com aquelas palavras e eu não permitiria. - O que vocês querem para soltar ela? - Falei impaciênte.

Fabrízio riu baixo. - Venha conosco e a deixaremos ir. - Ele disse.

Olhei em direção à Lúcio e ele me olhava suplicante. Pedindo minha ajuda. Imagino o quanto está sendo difícil para ele ver sua irma nas mãos desses crápulas outra vez.

- Eu irei com vocês, mas não a machuquem. - Falei e olhei para Lúcio que ao mesmo tempo que parecia está surpreso também parecia me agradecer.

- Foi mais fácil do que pensei. - Disse Eve sarcasticamente.

- Achava que teria que matar mais alguém. - Falou James.

- Mais alguém? - Perguntei confusa.

Então James, Lúcio, Eve e Fabrízio se movem para o lado deixando à mostra um corpo todo ensanguentado caído no chão.

Era o garoto do bar que estava com Judite.

- Meu Deus. - Falei dando um passo pra traz, com a mãos na boca, horrorizada. Eu nunca tinha visto uma cena como aquela. - Vocês são uns monstros. - Gritei com nojo.

Fabrizio gargalhou.

- Que irônico, você também é, só não se permite ser. Aceite a realidade Lucy.

Ele tem razão. Agora eu sou um mostro, na verdade levo um dentro de mim. Acredito que todos nós levamos uma espécie de fera dentro de nós, capazes de cometer as maiores atrocidades. Mas somos nós mesmos os responsáveis por deixa-las sair ou não. E eu posso escolher isso, então me permitirei pensar como um mostro, porque é isso que Fabrízio é e também é por isso que não devo confiar nele. Ele tem prazer em ver o sofrimento e em causar dor. Quem me garante que ele deixará Judite viver? Ninguém! Então dessa vez eu serei mais esperta. Eu não posso lutar contra eles, nem os outros pois estamos todos fracos, sei que eles me levarão, então algo eu tenho.que ganhar com isso.

- Eu proponho um acordo. - Falei fingindo ignorar o corpo caído no chão.

- Um acordo? - Ele pergunta gargalhando. - Você acha que pode propor algo aqui Lucy? Você não tem escolha.

- Pode ser, mas você tem, e pode tirar proveito disso. - Falei triunfante.

- Então que acordo você que fazer? - Ele perguntou em quanto eu notava o olhar curioso que Lucio me lançava.

- Ninguém me garante que depois que eu for com você, vocês deixaram Judite e os outros em paz, então eu sugiro que deixem-os e eu me entregarei por inteiramente a vocês, por escolha e vontade própria. Imagine só não ter mais que me obrigar a fazer o que querem que eu faça.