Capítulo 8 - Insegurança

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               Segunda era dia de reunião de diretoria, cheguei mais cedo para checar o material que iria levar e aproveitar para colher as informações que Miguel precisava.

               Ao final da reunião, João disse que precisava falar comigo em particular. Fui direto para a sala dele e quando ele chegou notei um ar de preocupação que não era normal. João tinha aquele jeitão, mas suas preocupações duravam pouco, pois logo ele soltava os cachorros e tudo se resolvia.

              - Mel, ... – ele estava hesitante – preciso te perguntar uma coisa.

              - Fala, João – ele estava me deixando nervosa – Algum problema?

               - Há alguma coisa acontecendo entre você e o Miguel? Vocês têm conversado?

              Titubeei ante a pergunta. João era meu amigo e eu sempre dividi tudo com ele ou quase tudo, mas desta vez queria guardar só para mim e então respondi:

              - Sim, converso sempre com ele e não há nada acontecendo entre nós, por quê?

              - Não me entenda mal, eu sei que não há nada entre vocês – então ele riu – eu quero saber no campo profissional, pois no campo pessoal sei que não há riscos.

               Olhei para ele sem entender e ele com a maior cara de deboche me disse:

              - Você não faz o tipo dele. Ele adora mulheres altas, lindas e sexys. Também com a conta bancária dele isso não é novidade.

              Aquilo foi como se João cravasse uma faca no meu peito. Eu passei um final de semana comprando roupas novas, arrumando os cabelos, depilando, fazendo unha, sobrancelha, massagem e principalmente reaprendendo a paquerar. E vem ele me dizer que sou baixinha, feia e nada sexy. E para piorar ele começou a me contar sobre o passado deles, pois se conheceram na infância. Depois se reencontraram na adolescência e não se viam sempre, mas não perderam o contato.

              Ele me contou sobre o primeiro amor da vida do Miguel, a primeira transa e sobre quando ele achou o maior amor da vida dele, uma menina que era amiga deles, filha de um grande fazendeiro da região deles lá de Minas.

              Contou todas as loucuras que Miguel fez pela menina, disse que ele achava que nunca mais Miguel amaria alguém como amou a fulana que nem me lembro o nome, pois eu estava num limbo total.

               Eu fiquei lá ouvindo sobre todas as mulheres da vida de Miguel, o quanto eram lindas, quais as preferências dele, como ele era mulherengo e sobre o grande amor da vida dele. Até que João cansou de me dar punhaladas e resolveu continuar.

              - O que quero saber é sobre o trabalho que você tem feito com ele. Pois estou preocupado com você. Miguel é um cara que não tem limites, ele usa todas as armas que tem quando quer alguma coisa e apesar de saber que você é cabeça feita e pé no chão, também conheço meu amigo.

              - Você está preocupado com o que exatamente, João?

             Tentei falar o mais suave possível, sem deixar transparecer o quanto eu estava devastada por dentro. Naquele momento, eu queria mesmo era meter a mão na cara do João, gritar com ele e me descabelar, mas me contive ante o quanto ele zombaria de mim se soubesse que todos esses dias eu sonhei em estar nos braços de Miguel. Sonhei em namorarmos e tudo mais que eu tinha direito, afinal sonhar não é pecado.

               - Mel, antes do Miguel aparecer aqui, eu já havia falado de você pra ele. Você sabe que te considero a melhor do mercado e caprichei na propaganda. Mas soube que ele tem perguntado para as pessoas sobre você, tem te investigado e isso me preocupou.

VAI SER SEMPRE VOCÊ (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora