VAI SER SEMPRE VOCÊ (Concluída)

Capítulo 18 - Melissa

               Em 24 horas, a minha vida virou de cabeça para baixo. Ver Miguel no dia anterior tinha sido um choque imenso, mas vê-lo com Guilherme nos ombros foi demais. Eu passei cinco anos me estruturando para o dia que o encontrasse, mas nada do que eu planejei deu certo.

              Quando entrei naquela sala de reunião ontem, eu sabia de alguma forma que algo aconteceria, mas nunca imaginei que poderia ser Miguel. Assim que entrei, meus olhos foram puxados para ele como se ele fosse o imã e eu o metal.

               Ele estava próximo a uma janela no canto da sala, olhava pelo vidro, mas parecia não ver nada do que estava a sua frente, estava distante, pensativo e com um ar muito triste. Sem perceber, meu coração apertou e minha vontade foi de correr até ele e abraçá-lo. Tirar aquele ar de solidão que sua figura imponente emanava naquele momento.

              Ele estava mais lindo do que nunca, estava usando um terno cinza escuro, uma camisa preta e uma gravata cinza claro. Foi a primeira vez que o vi usando terno. Os seus olhos pareciam mais claros agora, estavam mais amarelados que antes devido a barba que ele agora usava que dava a ele um certo ar de displicência, charme e sensualidade.

               Nos cabelos havia alguns fios grisalhos, dando um toque a mais na sua aparência que gritava masculinidade. Lembrei das meninas há cinco anos atrás, elas diziam que ele era um típico exemplo de macho Alpha.

               Havia alguns vincos no rosto que antes não estavam ali, mas essas marcas da idade só o deixaram mais másculo e intenso.

               Quando nossos olhos se encontraram, foi como pular em um abismo sem cordas.

               Seus olhos me dessecaram, mas o rosto ficou inescrutável. E eu me pus a pensar: Será que ele pensou em mim pelo menos uma vez nesses últimos cinco anos? Porque não houve um dia sequer que eu não pensasse nele, até porque ele tinha me marcado para sempre.

              Tentei não deixar transparecer meus sentimentos conflitantes durante a reunião e bem no final fui avisada que Guilherme havia tido um ataque de asma na escola e estava na enfermaria. Saí de lá igual um furacão, preocupada com Gui, mas ao mesmo tempo aliviada por sair de perto dele.

               Mas, mesmo distante, seus olhos não saíam da minha cabeça, então à noite, após Gui dormir, toda dor que eu escondi no fundo do meu coração voltaram com força total, mas eu não chorei. Minhas lágrimas por ele haviam secado a cinco anos atrás.

               Eu levei muito tempo para me recompor. Não saía da minha cabeça aqueles dias maravilhosos que vivemos e a decepção que foi aquela sexta-feira quando ele beijou Felícia na minha frente e no outro dia foi embora sem uma palavra sequer.

               O fato dele me tirar do projeto, de ter me usado, de ter me enganado, não me magoou tanto quanto aquele beijo, pois eu esperava o mínimo de consideração da parte dele, uma palavra, um gesto, um olhar me dizendo que havia acabado. Eu queria um ponto final, mas ele não o fez.

               Aquele foi o pior natal que passei na minha vida. Após o evento, tirei férias e fui para minha cidade. Sempre que eu ia para lá era correndo, não via ninguém, não colocava a cabeça fora da porta, mas eu resolvi mudar tudo aquilo.

               Fiquei o mês de dezembro todo lá, visitei minhas amigas, fui há muitas festas, revi muitas pessoas, fiz turismo na região, mas a todo momento eu esperava que Miguel me ligasse para dizer que houve um equívoco, contudo, essa ligação nunca aconteceu.