VAI SER SEMPRE VOCÊ (Concluída)

Capítulo 10 - Miguel

Um pouquinho do Miguel para vocês!!!

               Eu não conseguia acreditar. Eu estava desde às dez da noite esperando um sinal de vida da Melissa e nada. Eu estava preocupado, afinal ela sempre responde rápido, na verdade no mesmo instante que envio a mensagem. É como se ela sempre estivesse esperando. Na verdade, eu acho que ela está sempre esperando as minhas mensagens e os meus telefonemas, pois quando ela responde sinto nas entrelinhas de suas mensagens algo mais que ela nunca diz, mas eu sei que está lá e nos telefonemas sua voz, apesar de tranquila, denota sempre uma certa ansiedade. Às vezes ligo para ela apenas para ouvir o seu arfar suave, mas presente.

              Neste momento, eu queria apenas ouvir sua gargalhada gostosa, suas histórias que ela sempre conta mais de uma vez, saber como foi o seu dia ou simplesmente o som baixo da sua voz quando me deseja boa noite como se lamentasse o fim da nossa conversa.

               Ela havia me dito que iria acompanhar João numa festa hoje, pelo que disse era uma festa de gala, onde estariam as grandes celebridades da TV, da política e do empresariado paulistano. Ela me confidenciou que estava muito preocupada com a tal festa, pois não sabia o que vestir, nem o que calçar, pois detesta sapatos de salto alto, bem a cara dela fazer tempestade em copo d'água, quando diariamente ela enfrenta vários leões como se fossem gatinhos, e agora se apavora por ter que ir a uma festa de gala. Vai entender.

               Durante nossas conversas nesse mês, confidenciou várias vezes as suas aventuras pelas melhores lojas e boutiques de São Paulo, mas que nada havia ficado bom. Duvido muito disso, o problema é que ela é muito exigente para consigo.

               Semana passada, ela me disse que já havia andado São Paulo inteira e não tinha gostado de nada, sempre melodramática, e por esse motivo estava querendo desistir de ir à festa. Então decidi ajudá-la, passei o nome de uma amiga minha, Janete, na verdade ex-ficante, e disse que lá ela encontraria tudo o que precisasse.

               Dei uma ligadinha para minha amiga, mas pedi sigilo, pois sei que ela não me perdoaria se eu interferisse, além de pentelha é orgulhosa. Dei as características dela e ensinei como ela deveria ser tratada, aprendi que tem que ter a manha para convencê-la de algumas coisas. Estou ficando especialista em Melissa.

                Minha amiga me ligou depois dizendo que deu tudo certo, que parecia que ela havia ficado satisfeita e que com certeza arrasaria na festa. Pensei comigo, menos, Melissa é discreta demais para arrasar em algum lugar. Ela está sempre na dela e tenho certeza que comprou o vestido mais simples e discreto da boutique.

               Incentivei-a muito para ir à festa, mas agora eu estava arrependido. Eu havia me acostumado a conversar com ela todas as noites e hoje mal trocamos mensagens, pois ela estava toda aflita e não me deu muita atenção. Aquilo me deixou de orelhas em pé. Será que havia algo entre ela e João? Descartei essa hipótese imediatamente, eu conhecia aquele cara muito bem e sabia que ele adorava ostentar, principalmente mulheres e esse não era o caso de Melissa. Devia ser trabalho mesmo o motivo de João tê-la convidado ou por algum outro motivo que eu iria descobrir quando chegasse a Gramado, pois se tem uma coisa fácil nesse mundo é tirar informações do João. O sujeito que fala igual papagaio.

               Mas após todos esses dias de histórias sobre roupas, sapatos, peteado e maquiagens, ela praticamente me esqueceu e agora estou eu aqui, numa sexta-feira à noite, no Rio de Janeiro, de frente para a praia, sentado na sacada do meu apartamento, olhando o mar e para uma lua maravilhosa, feita para os amantes, (credo, acho que estou ficando romântico, pura má influência daquela baixinha), corrigindo feita para transar, a espera de uma mensagem ou um sinal de fumaça que me dissesse que ela estava bem. Isso é foda demais!!! Isso que dá se apegar as pessoas, fica dependente e depois fica chupando o dedo.