Entre A Culpa E O Desejo

forçada a reviver o passado

Apesar da minha noite de ontem quase ter sido estragada por causa daquela bruxa, eu estava feliz, pois o Guilherme mostrou que não media esforços pra me defender e que principalmente não se importava com as consequências, quando o assunto era me defender. Mas hoje, eu não tenho tempo para pensar nisso, pois se eu pensava mesmo ser independente, precisava começar à procura um emprego, e pra já! Está mais do que na hora de morar sozinha novamente, chega de tirar a privacidade da paty na casa dela, afinal de contas, já fez muito por mim durante esses cinco anos e está na hora de eu ter meu próprio espaço, preciso disso.
- Já está acordada naty? Vai fazer alguma coisa que eu saiba?! Não tem mais consulta com a doutora Priscila?
- Não. Consulta não terei mais, só que... _ Pondero lhe fitando, mas volto a falar. - Vou procurar emprego, amiga.
- Oi?! Para quê? Não está pensando em morar sozinha, não é mesmo? Porque, pode tirar essa ideia da cabeça! Não vou deixar que faça uma loucura dessas.
- Ei, pode parar com isso Paty! Está bem, não vou conversar sobre isso com você agora... Ontem você chegou tarde e não deu pra te contar sobre quem esteve aqui e quase estragou a minha noite com o Guilherme.
- Espera aí! Quem fez uma barbaridade dessas? Me conta. _ Pergunta impaciente.
- A louca da Ariane. Acredita?!
- Não, não acredito. Como assim? Essa louca voltou, é isso?
- Sim, Paty... Ela voltou pra tentar acabar com a minha vida novamente. E pelo que disse aqui ontem, quer de qualquer forma, que eu seja julgada e condenada pela morte do Ricardo. Acredita que ela disse isso?
- Ela realmente está precisando ser internada. Não tenho dúvidas sobre isso e precisa ser o mais rápido possível!
- Concordo! Bom, tenho que ir , senão, vou acabar me atrasando e sabe muito bem que as agências de trabalho, não gostam de atraso. Se cuida Paty e não banque a maluquinha, pois sei que você não é!
- Ah tá, sua engraçadinha! Vai logo! _ Sorrio de seu jeito mandão.
A campanhia começa a tocar.
- Se eu não né engano, acho que o destino resolveu te ajudar. Ouviu o barulho?! Pois é! Aproveita abre a porta e me diz quem é que vai fazer você realmente chegar atrasada.
- Não sei o que quis dizer com isso, mas pode deixar que irei abri-la, já que você anda muito preguiçosa, Dona Paty. _ Assim que abro a porta um homem alto e bem vestido, que não reconheço, pergunta sobre mim.
- Bom dia! Senhorita Natalie está?!
- Sim, sou eu! O que deseja?
- Sou Victor, oficial de justiça e lhe trouxe essa intimação. _ Me entrega uma um envelope, no tamanho de uma carta com meu nome e endereço.
- Intimação!? Sobre o quê? _ Pergunto sem entender.
- Essa informação é confidencial Srta. Natalie! Creio eu quê, assim que ler o que estiver aí dentro, saberá. _ Aponta para o envelope que me entregou.
- Ah, está certo! Tenho que assinar alguma coisa?
- Claro! Assine aqui, por favor! É apenas para provar que recebeu a intimação. _ Assinto em sinal de compreensão. Termino de assinar e lhe entrego de volta o papel. - Tenha um bom dia!

Como aquele homem, ainda tinha a cara de pau de me desejar bom dia? O mundo estava desmoronando na minha cabeça e ele queria que eu tivesse um bom dia? É cada louco que me aparece! Era só o que me faltava, quando finalmente acho que encontrei a paz descubro que estou sendo lançada de encontro ao inferno, sem ao menos perguntarem se eu quero ser jogada nele.
- Quem era Naty? Por que não me chamou?
- Não foi necessário Paty! Era o oficial de justiça. _ Falo pesadamente.
- O que ele queria? Não me diz que é o que eu estou pensando.
- Sim! É exatamente sobre o processo da morte do Ricardo, esta definitivamente reaberto. _ Lhe respondo ao ler o que está dentro do envelope. - Aqui está a intimação, tenho que comparecer à delegacia indicada aqui, ainda hoje. _ À mostro.
- Eu sinto muito naty. Pelo amor de Deus! Só não surta de novo, tá legal?!
- Me diga! Como não surtar? Porque se tiver um jeito, eu faço, sem problema algum.
- Ei, calma! Vamos, lhe acompanharei nesta delegacia. Não a deixarei sozinha!
- Tudo bem , Paty. Obrigada e vamos logo então.
Ao entrar na delegacia, sinto um arrepio, pois nem eu mesma, estava acreditando que sairia viva dali. Simplesmente não estou conseguindo deixar que minha autoconfiança prevaleça e me mostre que tudo ficará bem, dentro de alguns instantes. Esperamos cerca de cinco minutos, mais ou menos, até que um policial veio me dizer, que eu finalmente poderia entrar e quase tive um ataque, ali mesmo, quando não permitiu que a Paty me acompanhasse.
- Ok, estou sozinha nessa! Então, vou deixar de ser ridícula e encarar logo isso._ Falo comigo mesma.
- Bom dia Srta. Natalie, sente-se por favor!
- Obrigada! É... Me desculpe, mas será que o senhor poderia ir direto ao assunto? Ficaria grata!
- Claro! Como preferir! São, somente algumas perguntas ou se quiser, pode relatar tudo que aconteceu novamente, naquela noite.
- Relatar não, prefiro às perguntas. Por favor! Já não está sendo nada fácil ter que estar aqui, ainda mais reviver tudo de novo, se é que me entende.
- Entendo, perfeitamente bem. Vamos começar! Onde vocês estavam, antes de voltar para casa?
- Estávamos, numa festa, junto com nossos amigos.
- Algum motivo especial, Srta. Natalie.
- Sim. Estávamos comemorando , pois naquele dia, completava um ano que morávamos numa casa e não nas ruas, como antigamente.
- E que horas vocês chegaram em casa, aproximadamente?
- Acho que já passava das vinte e duas horas, mais ou menos isso.
- Vocês perceberam alguma coisa de estranho na casa?
- Pra ser sincera, não! Nós só percebemos que tínhamos bebido mais que o normal e estávamos loucos por um momento só nosso. Em nenhum momento eu ou ele paramos para prestar atenção em algo diferente. Naquele instante, só queríamos um ao outro, se é que me entende...
- Perfeitamente bem! Pode me dizer, em que momento exato, tomou ciência de que a casa se encontrava em chamas?
- Na verdade, eu não percebi nada, foi o Ric que constatou primeiro e tentou de todas as maneiras me acorda, só que por ironia do destino, pensei que fosse um pesadelo. Por isso, demorei um pouco mais do que o normal, para perceber que nossa casa estava em chamas.
- Seu marido, tinha algum inimigo?
- Que eu saiba não! Todos que moram na rua em que vivíamos, o adorava. Na verdade, ninguém tinha motivos para tentar fazer algo contra ele, quanto mais matá-lo.
- Mas a Srta. poderia muito bem ter armado tudo ou não?!
- O que realmente, está querendo dizer com isso, senhor Delegado?
- Nada! Quero apenas informá-la de quê, é melhor procurar um advogado, o quanto antes, se possível, pois temos plena certeza que o incêndio fora criminoso. Então, lamento dizer-lhe isso, só que a primeira suspeita... É você! Prepare-se, porque o mundo pode cair sobre si mesma.
- Isso é uma ameaça oficial?
-Não. Estou apenas cumprindo com meu serviço e lhe deixando à par, do que pode acontecer.
- Ótimo, mas não vou precisar de advogado algum, as provas falarão por si só, há qualquer outra que um advogado possa apresentar. Ah, sei que não está nem aí para o que vou dizer, mas não se preocupe, pois sou inocente! Não tenho nada à perder! O que não poderia ter perdido, já perdi. _ Digo me recordando dos sorrisos de Ricardo e sinto uma tristeza profunda por isso.
- Se você diz... Obrigado por ter vindo! Tenha um lindo dia Srta. Natalie.
- Passar bem, Delegado!
Quando finalmente saí daquela maldita sal, minha vontade era sumir no mudo ou melhor, morrer, essa era minha vontade. Definitivamente, não estava preparada pra simplesmente voltar no passado, ainda mais quando a minha vida estava voltando a ser um paraíso. O destino anda fazendo questão de esfregar na minha cara, que viverei um grande inferno, por tempo indeterminado e o pior de tudo?! É que agor, não tenho tanta certeza de que sobreviverei à todo esse tormento, novamente. Assim que cheguei até a Paty, logo percebeu que eu não estava legal, se aproximou de mim e me deu um abraço. A nossa amizade, era assim, eu nem precisava falar nada, pois ela me conhecia bem e por isso, neste momento, sem precisar de qualquer explicação, apenas fico ali, agarrada à ela e na segurança que apenas os braços de minha melhor amiga, poderia me proporcionar.

obs: tema do casal no vídeo acima amores divirtam-se e tenham uma ótima leitura ao som da voz desse cantor que é divinamente linda.😍😍