Capítulo Quatro

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Durante todo o trajeto para casa ela pensou sobre os seus óvulos. 

Teria de ser um longo fim de semana de paixão dos anos 60. John Lennon iria morrer de inveja. Era hora de pensar em Don, e somente em Don... estar apaixonada por ele e ter um filho com ele.

 Chris era um bombom servido no carrinho de sobremesas de um restaurante e ela não iria comê-lo. Diria: "Não, obrigada, não quero sobremesa hoje... nem em nenhum outro dia." Agora ela queria um bebê. "Bebê, bebê, pense em bebês." Acabou-se o hedonismo sexual, a menos que seja com aquele homem adorável que usa aliança no dedo anelar.

 Naquela noite, andando no supermercado, quase perdeu o controle ao ver bebês e criancinhas nas cadeirinhas dos carrinhos. Foi completamente dominada pelo desejo de pegá-los, apertá-los e colocar uma banana macia e madura nas suas adoráveis mãozinhas gorduchas. 

Isto estava ficando estranho. Aqui estava ela, vestindo um conjunto caro de um estilista, correndo no seu carro de executiva de sucesso, mas bem no fundo da muito macia e pavorosamente extravagante pasta de couro estava o estojo do teste de ovulação, e ela agora organizava sua vida com base nele.

 O futuro sem uma criança parecia absolutamente insuportável. Mas nada deu certo e, no domingo, ela estava furiosa. Andando para cima e para baixo no apartamento, sem saber o que fazer consigo mesma, viu o pacote de cigarros sobre o peitoril da janela da ampla sala de estar. Só havia três, droga.

 Que porcaria de fim de semana de paixão. Tinha sido um completo desastre. Na noite de sexta, Don havia saído para mais uma de suas lendárias maratonas alcoólicas e nada que ela dissesse, gritasse ou mesmo urrasse no celular o faria voltar para casa. 

Só na manhã de sábado é que voltou, cambaleando, e passou a maior parte do dia dormindo. Ela ficara extremamente zangada com ele e ele não conseguia entender o motivo. 

Saíram para jantar no sábado à noite, mas Bella passou a maior parte da refeição brigando com ele por causa da noite anterior. Só fizeram sexo e as pazes no domingo de manhã. Ainda estavam na cama quando o telefone tocou e, assim que Don pegou em uma caneta, ela soube que ele estava sendo enviado para um trabalho. Logo depois, ele disse que estava indo para o País de Gales e que ficaria lá até o fim da semana, Ela sentiu-se impotente, frustrada e furiosa. 

Teria que esperar mais um mês inteiro antes de tentarem novamente ter um bebê. Bella jogou-se no sofá e acendeu um cigarro. Depois de algumas tragadas, decidiu ligar para Tania. 

O telefone tocou por alguns momentos antes que Tania atendesse, sem fôlego: — Alô? — Tani. 

— Bella! — Está fazendo alguma coisa esta tarde da qual não possa se livrar? — Humm... sexo? — Você pode deixar isto de lado! — Depende. É muito urgente? — Muito urgente. Meu marido me abandonou pela semana toda e há séculos não vejo você enrolada em uma toalha.

— Academia, então. 

— Quando consegue chegar lá? — Lá pelas três? — Eu amo você, Tan. 

— Não enche, vejo você mais tarde. 

— Tchaaaau. 

A rotina habitual de Tania e Bella era uma esgotante sessão de malhação na academia, seguida de natação e sauna. Depois vinha uma refeição longa, recheada de fofocas, com gim-tônica para começar e uma garrafa de vinho a seguir, o que basicamente desfazia todo o trabalho duro que tinham acabado de fazer, As duas eram amigas desde os tempos da universidade, quando Bella deu uma olhada em Tania, a única outra garota da turma de matemática, e se apaixonou por ela. 

Tania era a garota de 18 anos mais glamourosa que Bella tinha visto. Usava vestidos apertados e curtos, tinha uma montanha de cabelos com luzes, dois namorados, uma mãe francesa e usava lentes de contato. Fumava Marlboro, dava umas risadinhas sonoras e sedutoras e ia para a faculdade dirigindo um fusca vermelho conversível. 

Uma cama para três Onde histórias criam vida. Descubra agora