Capítulo Quarenta e Seis

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Na manhã de sábado, Bella e Markie ainda estavam tomando o café da manhã na cozinha quando ela ouviu a porta da frente abrir no andar de cima. 

Don falou alto no hall: — Olá, sou eu — e Bella correu escadaria acima para encontrá-lo. Ela o abraçou, beijando-o na boca, sem se preocupar se deveria ou não. 

— Caramba — ele disse, afastando-a. — Você está... extraordinária. 

— Extraordinariamente boa... ou extraordinariamente ruim? — ela perguntou, enquanto ele a mantinha a um braço de distância e olhava os tênis, as calças de nylon cinza e a camiseta apertada rosa e prata com mangas vazadas. 

— Bom, bom... acho. Gosto, estou me acostumando. Você está muito sexy — ele acabou dizendo, e não conseguiu evitar puxá-la para outro beijo. — E o cabelo?! — ele disse de repente. — Quando foi que você o mudou? — Semanas atrás, mas você estava muito zangado para notar — ela respondeu. 

— Está lindo — ele disse, depois de decidir que ainda não era hora de discutir os motivos pelos quais "estava zangado". Foram interrompidos por gritinhos impacientes vindos da cozinha. 

— Ele está na cadeirinha — Bella disse, e os dois desceram as escadas. Ela notou que Don não trouxera as malas com ele e sentiu uma onda de desapontamento, mas o que esperava? Que ele tivesse esquecido e perdoado o que acontecera há apenas seis dias? Don foi direto na direção de Markie, retirando-o da cadeira e balançou-o no ar. 

— Olá, como vai meu meninão? — ele disse todo orgulhoso. — Você cresceu tanto em uma semana. 

Markie deu uma risadinha, esticou as mãos e despejou um fio de baba comprido no rosto de Don. 

— O primeiro dentinho já está nascendo — Bella disse quando Dou abaixou rapidamente o bebê, dizendo "argh" e limpando o rosto com a mão. 

— Chá? — ela perguntou, — Torradas? — Estamos acabando de comer. 

— Na verdade, isso será ótimo. Vim mais cedo porque pensei que Markie iria precisar de algum tempo para se acostumar novamente comigo e... Mike provavelmente quer ficar sozinho na casa o dia todo. 

— Claro — disse Bella. A pergunta sobre quando ele voltaria para casa pairava no ar, mas nenhum deles se atreveu a tocar no assunto. 

— Como vai o Mike? — ela perguntou. Ela gostava do editor de reportagem de Don. 

— Vai bem, vai se aposentar — Don respondeu. 

— Mesmo? Ele só tem uns 50 e poucos, não é? — Cinquenta e seis, mas o seu trabalho é duro, sem falar que a segunda ex-mulher voltou para a Escócia com as crianças e ele está pensando em mudar-se para lá porque nunca os vê. 

Don passara a maior parte das noites desta semana ouvindo as lamentações de um homem de meia-idade, super-estressado, que sempre colocou a carreira na frente da família. A ironia da situação não passara despercebida. 

— E como vai você? — Don sentou na cadeira, com o filho pulando no joelho, tentando puxar seus óculos.

— Bem — disse Bella. — Muito bem. Comprei roupas novas, encontrei uma babá adorável, Markie dorme a noite inteira e arrumei um emprego novo e tive uma semana agitada. — Ela virou-se para colocar a água fervendo no bule e Don não pôde vê-la sorrindo. 

— Puta merda! — disse Don. — Emprego novo?!! — Ele parou, esperando uma explicação. Bella levou o bule e as xícaras para a mesa, dizendo: — OK, mantenha a calma e eu contarei tudo. E foi o que ela fez, começando na loja de roupas baratas, com as roupas para os maníacos por informática. 

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