Capítulo Dezenove

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Na manhã seguinte, Bella acordou tarde e sentiu-se aliviada em lembrar que tinha ao menos uma coisa planejada para o dia — sua primeira aula de ioga pré-natal. 

Sentia um frio na barriga sempre que pensava em Don e precisava distrair-se. Quando estava se preparando para sair, colocou o celular na bolsa, caso ele telefonasse, e foi para o endereço que tinha recebido. 

Era o salão paroquial de uma igrejinha. No vestíbulo viu uma fileira de meias e sapatos, que indicavam uma porta aberta onde um grupo de mulheres várias em estágio avançado de gravidez como ela, conversavam. Tirou os tênis e as meias e juntou-se ao grupo. 

— Olá, sou Bella — ela disse quando todas olharam para ela. — Definitivamente, não coloco meus pés atrás das orelhas. 

Uma piada sem graça, mas recebeu sorrisos e cumprimentos de volta. 

Isto era muito estranho. Ela percebeu que não tinha convivido com outras grávidas antes. A professora, uma mulher magra com cabelos espetados, anotou seus dados e a aula começou. Elas "respiiiiiiiiiiiiiraram" muito, alongaram-se, praticaram técnicas de relaxamento, e Bella achou que finalmente tinha encontrado uma maneira de diminuir o ritmo e ficar parada. 

Duas horas depois ela sentia-se calma, feliz e rejuvenescida. A professora serviu bebidas e biscoitos, e todas conversaram sobre bebês, tipos de partos e amamentação. Ela sentiu-se subitamente fascinada com tudo aquilo, com a realidade completa do estar grávida. 

— A propósito, meu nome é Red — disse a mulher de aparência extraordinária sentada ao lado dela, e Bella disse oi, sentido-se incapaz de tirar os olhos dela, Red tinha a pele cor de caramelo, olhos de um marrom líquido com uma auréola dourada ao redor da pupila e trancinhas rastafari que eram, inesperadamente, ruivas. — Para quando é o seu bebê? — Red perguntou. — Três semanas — Bella respondeu. 

— O meu também... — Red colocou as mãos ao redor da barriga enorme que Bella ainda não tinha notado. — Não falta muito, graças a Deus. — Red acrescentou. — Meus pés estão quase completamente inchados! — As duas sorriram. De volta ao carro, Bella sentia-se serena e cheia de pensamentos felizes. tentou ligar ara o celular de Don. Ele tocou por um tempão e depois o serviço de correio de voz atendeu. 

— Olá, Don — ela disse. — Sou eu, quero muito falar com você. Lamento tudo o que aconteceu. Me liga... tchau. — Desligou, desapontada. 

À noite indo dormir, estava mesmo desapontada. Deixou outra mensagem e ele não telefonou. Na manhã de domingo, estava completamente deprimida. Don continuava a não atender o celular. Ficou deitada na cama e não conseguia fazer nada, nem mesmo café da manhã. Ficou ali, olhando para o teto, desejando dormir novamente. 

Quando finalmente adormeceu, teve sonhos com Don segurando bebês. Um som insistente de batidas e gritos invadiu o sonho gostoso. 

Tentou ignorá-los e a imagem de Don com seu bebê. Mas a imagem desapareceu e ela acordou lentamente, até perceber que alguém estava mesmo batendo violentamente na porta e chamando por ela. — Bella! — Bella você está aí? — Você está bem? Pelo amor de Deus, Bella! Ela ergueu-se lentamente e foi cambaleando até aporta. Abriu-a e viu Tania de pé, parecendo zangada, mas tremendamente aliviada. — Puta que pariu, ainda bem — disse Tania — , pensei que você tinha morrido, entrado em trabalho de parto ou coisa parecida... Bella olhou para ela. 

— Você não foi até a casa nova. Nem atendeu nenhum dos seus malditos telefones. E eu sabia que você estaria sozinha nesse fim de semana... quando vi as cortinas fechadas, entrei em pânico. — Tania começou a sentir-se embaraçada. Bella ainda olhava para ela. 

— Tínhamos combinado de nos encontrar lá na sua casa, ao meio- dia. Tania ergueu as mãos, completamente exasperada. — Tínhamos? Oh, Deus, eu me esqueci completamente — Bella disse meio apática. 

Uma cama para três Onde histórias criam vida. Descubra agora