Capítulo Trinta e Seis

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Bella telefonou para casa na manhã de sexta e mal conseguiu ouvir Joanne por causa dos gritos de seu filho ao fundo. 

Markie chorou a semana inteira, durante quase todo o tempo em que não esteve em casa. Agora se recusava terminantemente a beber qualquer coisa, e ela tinha a estranha sensação de que ele estava se afastando quando ela chegava em casa à noite. Ele parecia virar o rosto, não interagia muito, simplesmente mamava e dormia quando ela estava por perto, não parecia interagir mais e não sorrira desde quarta-feira. 

Joanne parecia tensa e perturbada, já que estava claro que não sabia mais o que fazer para tirar o bebê daquele estado. 

— Por que você não o traz aqui? — Bella perguntou. Ela sabia que não era uma boa idéia, tampouco prática, mas esperava que isto gerasse algum tipo de alívio. Markie seria amamentado por Bella, dormiria a tarde inteira, porque estaria com a barriga cheia, e Joanne se distrairia com a viagem até o escritório. 

— Sim, por que não tentamos? — Joanne parecia animada com a idéia. 

À uma da tarde em ponto, Bella recebeu um chamado da recepção e mandou os visitantes subirem. Ela tinha avisado Hector, que saíra mais cedo para almoçar, para que ela pudesse ter privacidade. Joanne chegou com Markie em uma cadeirinha. 

— Espero que você não se importe que eu tenha usado isto, mas é que os carrinhos são difíceis de usar no metrô — ela disse quando entrou na sala. 

— Não, não — disse Bella. 

— É um escritório muito bonito — Joanne acrescentou. 

— Sim. Estou trabalhando em um projeto aqui. Como vai ele? — Bella olhou ansiosamente para a cabecinha que via no alto da cadeirinha. 

— Está tirando uma soneca. Ficou exausto de tanto chorar, mas tenho certeza que vai acordar com a proximidade do almoço. 

— Isto é simplesmente terrível — Bella disse. 

— Ele está muito agarrado a amamentação — Joanne disse. Nunca vi nada assim antes. Você deveria ter dado mamadeiras logo de saída. A maioria das mulheres que pretendem trabalhar faz isso. 

— Mas o leite materno é tão bom para eles. Ninguém me avisou que isto poderia acontecer. 

Bella tirou seu filho do colo de Joanne. Seu cabelo estava grudado na testa com suor e o macacãozinho, úmido. O rostinho estava corado. 

— Ele está um pouco quente, Joanne — Bella disse, embalando-o nos braços. 

— Está muito quente lá fora e senti calor no metrô. Desculpe, deveria ter pensado nisso — ela disse. 

Markie acordou quando sentiu Bella e, instintivamente, começou a mamar. Assim que ele começou, Bella sentiu-se relaxar. Quem sabe Joanne poderia trazê-lo todos os dias na hora do almoço? Talvez fosse esta a maneira de aguentar as próximas semanas. Era óbvio que era só o que ele precisava para aceitar a mamadeira, acostumar-se a este novo cenário onde ela não estava por perto o dia todo, não? Ela sentiu o peso da culpa em seu coração ao olhar a bochechinha mover-se a poucos centímetros de seu rosto. 

Markie mamou lentamente nos dois seios. Quando estava completamente entupido de leite, parou de mamar. Bella olhou o leite branco escorrendo no queixo dele. Estava dormindo profundamente. Ela o acariciou suavemente. Parecia uma maldade mandá-lo de volta, para dormir em casa. Ele iria acordar e não entenderia onde tinha estado e por que ela não estava mais lá. Ela abotoou o sutiã e arrumou a blusa. Alguém bateu na porta. 

— Entre — ela disse, pensando que fosse Hector. 

A porta abriu e ela ficou horrorizada ao ver Tom Proctor, o diretor financeiro que tinha demitido da AMP no ano passado. Aquele que telefonara para ela, chamando-a de filha-da-puta. Meu Deus, ela ainda lembrava-se daquela conversa, palavra por palavra. 

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