Capítulo Quatorze

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O texto do torpedo no celular dizia "Vou denunciar o seu bebê para o serviço social antes dele ter nascido se você não vier me ver AGORA!" e deixou-a um pouco abalada. Pegou o telefone, marcou uma consulta com Declan e mandou um torpedo de volta dizendo simplesmente: "Sinto muito. Beijos, Bella." Dois dias depois, entrou no pequeno consultório dele. — Olá, desaparecida — ele disse com um sorriso amigável. — Olá, alguém aqui está perdendo centenas de libras em valiosas horas de consultoria enquanto senta para que você verifique a pressão dela — foi a estressada resposta. 

— Quer fazer o favor de se acalmar? Vamos bater um papinho antes. 

Ela lhe disse que estava sentindo-se muito melhor do que da última vez que se encontraram e um pouco mais consciente de estar grávida. A bebida e o cigarro estavam sob controle. Ele empurrou uma pequena pilha de livros e folhetos na direção dela. 

Quando ela gemeu de desgosto, ele perguntou: — Quantos centímetros de dilatação você precisa ter antes de dar à luz? Ela não fazia a mínima idéia sobre o que ele estava falando. 

— Escute — ele disse. — Alguém tão esperta quanto você precisa estar informada para saber o que está acontecendo a cada etapa, para que você não comece a xingar e berrar com todo mundo na sala de parto e queira falar com seu advogado. 

Ela deu uma gargalhada e ele fez os exames. Pressão arterial boa, urina boa. Ela deixou que ele escutasse o trovejante coração do bebê com o estetoscópio. 

— Já surgiram hemorróidas? — ele perguntou. Ela arqueou uma sobrancelha. 

— Você sabe, na bunda, causando dor, coceira, por causa da prisão de ventre. 

— Está bem, está bem, estou com prisão de ventre e tenho hemorróidas. Pronto, nunca contei isso para ninguém antes. 

— Hemorróidas são o terror da gravidez sobre o qual ninguém diz nada. Todo mundo tem, mas ninguém fala a respeito. Espere até ter dado à luz. Você ter um cacho de uvas pendurado no seu cu — ele contou comum certo prazer. 

— Maravilhoso. Ele aconselhou o consumo de fibras, muita água e que fizesse exercícios regularmente. 

— Bom Deus, não há simplesmente uma pomada que eu possa passar? 

— Porque você é um pé no saco tão grande? — ele quase gritou, mas com um sorriso. — Sim, há, mas você também tem que fazer as outras coisas. Bom ainda não conversamos sobre o parto ou hospitais. 

— Bom, eu queria mesmo falar a respeito disso. 

— Ahá... 

— Vou para uma maternidade particular. Tenho uma consulta marcada naquele hospital chique nesta rua na semana que vem. 

— Oh — ele parecia verdadeiramente desapontado. 

— Sinto muito — ela disse. — Eu realmente gosto de você, Declan. 

Mas não pude acreditar no estado do hospital quando estive lá para fazer o ultra-som. É sujo, caindo aos pedaços e caótico. 

— A ala da maternidade é um pouco melhor — ele disse. 

— Ah, deixa disso — ela respondeu. — Se sua irmã fosse ter um bebê e o dinheiro não fosse um problema, você a mandaria para o hospital chique. 

— Não, isso iria contra os meus profundos princípios socialistas. 

Mas bom... — Ele suspirou. — Você está me perguntando se todos os hospitais no país deveriam ter instalações como o hospital chique? Eu diria que sim. 

— Obrigada. 

— Bom, está tudo acertado entre nós, então. Espero que as coisas corram bem e que tenha um lindo bebê. Você tem todos os meus telefones. Se precisar de ajuda ou mudar de idéia, basta telefonar ou marcar uma consulta. 

— Obrigada, é muita gentileza sua. 

Eles se despediram e ela saiu, aliviada com o fato de ele não ter tentado fazê-la mudar de idéia, mas um pouco triste por Declan não estar mais cuidando dela. Ele foi fantástico e, provavelmente, era o homem certo para estar ao seu lado durante o parto. 

Na segunda-feira seguinte ela tirou meio dia de folga para a consulta no hospital particular. Uma vantagem de todos saberem que estava grávida era não ter que inventar desculpas para o monte de folgas que estar grávida parecia exigir. 

Ela entrou no carro — foda-se a falta de vagas de estacionamento na Merris, ela estava dirigindo — e olhou-se no espelho. Sua pele estava rosada, o "brilho" do sexto mês, mas o cabelo estava estranho, seco e espetado. Ela passou cuidadosamente um batom vermelho. 

O hospital era lindo, a recepção cintilante, com um piso de mármore, detalhes dourados e uma equipe de funcionários sussurrantes, igual a um hotel elegante. Mas o serviço também tinha sido estranhamente parecido com o de um hotel. Uma parteira loira e ríspida leu rapidamente o seu histórico médico e de gravidez. Foi muito eficiente, mas Bella não conseguia imaginá-la dizendo "um cachos de uvas pendurado no seu cu". Na verdade, esta parteira não falou em hemorróidas nem uma vez. 

Fez outro ultra-som e, embora tenha sido delicioso ver o bebê novamente, estava levemente chateada com o fato de o exame ter sido empurrado às pressas para cima dela, sem dar a chance de Don estar lá. 

— Costumamos de ter o nosso próprio relatório, em vez de usar dados de outro hospital — disse a parteira. Mas Bella desconfiava que isso era uma maneira de adicionar algumas despesas à conta total, que já era astronômica. 

Também conversou rapidamente com o cirurgião que faria o parto. 

Depois de alguns preâmbulos, ele recomendou uma epidural, dizendo: — Para a maioria das mulheres, o primeiro parto traz mais dor do que jamais experimentaram em suas vidas, e pode ser um grande choque. Nada muito reconfortante. 

De volta ao carro e pronta para voltar ao escritório, ela revirou a bolsa em busca de comida, um pacote de castanhas-de-caju, um de ameixas, duas barras de cereais e uma garrafa grande de água. Isto era o almoço. As ameixas, que ela agora tentava comer diariamente, eram mesmo muito boas, mas não ajudaram com as hemorróidas.

Fios-dentais estavam completamente fora de questão agora, os malditos raspavam sua carne viva e, aliados à coceira, eram como um tormento dos infernos. Ela começava a aprender que por volta dos seis meses deve abandonar todos os esforços para se permanecer sexy e começar a usar sutiãs e calcinhas brancas para gestantes, ambos tamanho grande. Ela pensou no fio-dental rosa-claro no bolso do paletó do pai e sentiu um arrepio. 

Uma cama para três Onde histórias criam vida. Descubra agora