Capítulo 4

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CAPÍTULO REVISADO.


Bip, bip, bip, bip, bip, bip...

Por favor, amor! Acorda. Volta para mim.

Calma, meu filho, ela vai acordar.

Escuto vozes baixas próximas a mim, tento reconhecê-las, porém não consigo.

Eu sei que vai. Ela tem que acordar!

Por favor, deixem a paciente descansar.

Silêncio. Apenas o barulho irritante do bip continua. Quero acordar, mas não consigo abrir meus olhos. Forço um pouco e nada. Tento movimentar a cabeça e, com algum esforço, consigo. Esforço-me mais um pouco e, enfim, abro os olhos. A claridade machuca meu olhos, me fazendo piscar inúmeras vezes.

Levanto a mão para cobri-los, mas esta está com vários sensores colados no meu braço, o que limita o movimento. Verifico a outra e essa está livre, então levo-a até meus olhos e cubro-os impossibilitando a claridade me incomodar, porém esse movimento me causa dor. Gemo baixinho.

– Ah meu Deus! – uma voz masculina, grossa e trêmula, me faz tirar a mão dos olhos para descobrir quem fala.

Uma mão grande e firme segura a minha que está livre e a afaga de leve. Meus olhos vão automaticamente para as nossas mãos unidas. Fico alguns segundos olhando até perceber que não sei quem é esse homem e nem onde estou.

Olho ao redor. Paredes brancas, uma TV pequena pendurada na parede da frente, ao meu lado esquerdo, uma máquina que está monitorando os meus batimentos cardíacos e várias outras máquinas que não sei o nome. Ao meu lado direito, duas poltronas que estão ocupadas por um homem e uma mulher, chorando muito, de mãos dadas. Atrás deles, uma janela coberta por uma cortina azul clara. À minha frente encontra-se um homem desolado, chorando baixinho, com a cabeça apoiada nas nossas mãos unidas.

Quem será ele? E o outro homem e a mulher? E por que estou em um quarto de hospital?

– Como se sente, amor? Graças a Deus você acordou!

– Minha filha! Obrigada, Senhor! – a mulher se levanta e vem até mim, deposita um beijo em minha testa e alisa o meu cabelo.

O outro homem, um senhor na verdade, se aproxima também, mas se mantém ao lado da mulher segurando-a pelos ombros, porém seus olhos lacrimosos não saem de mim.

– Minha filha, ainda bem que acordou. – ele fala baixo, mas com a voz firme.

– Onde estou? – pergunto baixinho. Minha garganta arranha e queima devido ao esforço. Está seca.

– Água.

Peço sussurrando e rapidamente o homem mais jovem estica o braço e aperta um botão que está ao lado da minha cama. Em nenhum momento ele solta a minha mão.

– Só uns minutinhos, amor. A enfermeira virá aqui.

Ele acaba de falar e a enfermeira entra.

– Boa noite. Em que posso ajudar?

– Ela acaba de acordar e está com sede.

– Tudo bem. Vou buscar água e avisar ao médico de plantão.

Minutos depois ela retorna com uma jarra com água, um copo e um maço de algodão.

– Pode beber, mas em pequenas quantidades e se tiver difícil de engolir, você – olha para o homem mais jovem – molha o algodão e coloca na boca dela.

Destinos Trocados - REPOSTAGEM A PARTIR DE 26/01/17Onde histórias criam vida. Descubra agora