Capítulo 23 -PENÚLTIMO CAPÍTULO

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Não respondi de imediato. Simplesmente olhei para ele e fiquei olhando-o por tanto tempo, que poderia ter ficado constrangida se não amasse tanto esse homem. O que eu faço, meu Deus? Dizer que suas palavras não me abalaram, seria mentira. Eu o amo demais, eu quero ficar com ele e preciso parar com esses pensamentos.

Minha mãe já falou inúmeras vezes que eu não sou culpada de nada, meu pai e meus avós também. Então se minha família, que foram os mais afetados junto comigo com a morte de Giovana, aceitam e apoiam qualquer relacionamento com Douglas, porque eu não posso aceitar?

– Uma chance para nós dois. Eu aceito.

Sorrimos um para o outro.

– Vamos jantar? – Douglas se levanta e estende a mão para mim. Eu hesito por um segundo, o medo de me magoar é tão forte que chega a me paralisar – Um passo de cada vez, lembra?

– E estará comigo em cada passo do caminho? – sorri emocionada por relembrar suas palavras de um ano atrás.

– Em cada passo do caminho.

Peguei em sua mão, que apertou a minha com força e sem falarmos mais nada saímos da minha casa.

****

Durante todo o caminho da minha casa até o restaurante fomos em silêncio. O único som que se ouvia do alto-falante do carro era um pagode. Douglas sempre gostou muito de pagode, principalmente do cantor Thiaguinho e não podia ser outro cantor para falar por ele. Eu percebi que foi isso que Douglas fez: colocou uma música que fala tanto da nossa vida.

Eu quero mais que um prazer desses de momento
Quero olhar pra você e ver sentimento

Quem de nós dois vai dizer que não vai dar certo
Se já vivemos aqui tão ligados e tão perto

Não chega, não deixa
Não leve tudo tão a sério
Não pense, não negue
Não diga "não"
Que amar não tem mistério

Me dê a mão e o coração
Que eu te entrego o meu corpo inteiro
Leva meu chão e a solidão
Que você vai se entregar de corpo inteiro

(Chance pro amor – Thiaguinho)

A noite foi muito agradável, mesmo que minha mente não tenha me deixado em paz em nem um minuto. Trabalhando incansavelmente, tentando achar uma maneira de acreditar que realmente seria possível termos uma nova chance. Eu não vou me sabotar mais, não vou desistir.

Jantamos em um clima tranquilo. Douglas me tratou como antes, como quando não éramos só cunhados. Fiquei confusa. Afinal ele tinha dito que queria uma segunda chance. Aí meus pensamentos mudaram de sentido, passei a pensar que ele decidiu que era melhor continuar como estamos, apenas amigos e ponto final.

Douglas passou a noite me mandando sinais confusos. Manteve-se a uma distância segura de mim. Suas mãos, em momento algum me tocaram, mas seus olhos transmitiram tanta intensidade, que eu desviava o olhar.

Mantivemos uma conversa durante o caminho de volta para minha casa, mas percebi que Douglas estava mais retraído e isso me deixou nervosa.

Douglas

Estacionei o carro em frente à casa de Gabriela. Saí do carro e abri a porta para ela, que saiu em silêncio. Caminhamos juntos até a porta da sua casa, paramos e esperei pacientemente ela pegar a chave na bolsa. Mas antes dela abrir a porta, eu soube que não poderia terminar essa noite sem tocá-la pelo menos uma vez. Passei a noite inteira querendo beijá-la, matar a saudade.

Contudo, eu decidi que iria com calma. Nossa relação é muito frágil, pois começou baseada em uma confusão que nenhum de nós teve culpa. Além disso, sempre teremos Giovana em nossas memórias. Por isso preciso mostrar para Gabriela que eu a amo, que eu confio nela, que amei Giovana, mas que não chega nem perto do que sinto por ela.

Destinos Trocados - REPOSTAGEM A PARTIR DE 26/01/17Onde histórias criam vida. Descubra agora