Capítulo 12

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Um ano depois

Mais uma vez acordei assustada após um sonho que em segundos virou pesadelo. Coloquei meus pés para fora da cama, apoiei minhas mãos no colchão e me concentrei em respirar. Olhei para trás e vi meu marido dormindo virado para o outro lado. Inspirei e expirei o ar bem devagar, diminuindo as batidas do meu coração.

Lentamente, levantei e sai do quarto, fechando a porta atrás de mim. Abracei-me e caminhei até a cozinha. Bebi um pouco de água e fui para a varanda. Um pouco de ar fresco me faria bem. Não vi as horas e nem tive vontade de ver, apenas me sentei e fiquei olhado para o céu. Fechei os olhos e o sonho retornou nitidamente.

Estávamos na fazenda, minha irmã e eu. Papai nos ensinava a andar de bicicleta sem rodinha. Minha irmã estava sentada nos degraus da varanda, batendo os pezinhos e com um sorriso gigantesco no rosto. Sua bicicleta roxa ao lado. Eu estava sentada no banco da bicicleta rosa, as duas mãos no guidão e os pés nos pedais. Eu tremia de nervosismo, mas papai disse que era para eu confiar nele. E eu confiei.

Vamos, princesa! Papai está aqui segurando você!

Tá bom!

Comecei a pedalar, incentivada por papai e pelos gritos histéricos da minha irmã. Confiante pedalei um pouquinho mais rápido, senti um leve balançar atrás e papai dizendo: – Estou bem atrás de você, princesa!

Mas de repente, a bicicleta passou a ir rápido demais, o guidão começou a tremer. Escutei gritos, vozes misturas a minha, porque eu também estava gritando. Soltei um Nãaaaao bem alto.

Mas a cena mudou totalmente. Eu me vi presa dentro de um carro, gritos ensurdecedores. Meu óculos saiu do meu rosto, se espatifando. E quando eu virei o rosto para olhar para a minha irmã, porque eu tinha certeza que era ela ali ao meu lado, eu senti um sobressalto. E acordei.

Balancei a cabeça e abri os olhos. Há alguns meses eu venho tendo sonhos constantes relacionados a minha irmã e eu. Eu não contei a ninguém sobre eles, além de Douglas. Ainda era muito confuso. Não tenho certeza se são lembranças minhas ou do que me contaram. E eu sempre acordava assim, assustada, abalada e com o coração a mil. Mas algumas vezes Douglas me despertou desses pesadelos, me embalou em seus braços até eu me acalmar.

Voltei para dentro de casa, tranquei a porta da varanda e quando me virei vi Douglas apoiado no umbral da porta do corredor. Eu sentei no sofá e abracei meus pés, apoiando o queixo nos joelhos.

– Pesadelo outra vez? – balancei a cabeça – O que foi dessa vez?

Ele sentou-se ao meu lado e afagou as minhas costas, ficou em silêncio esperando eu falar.

– É tudo muito confuso. Dessa vez eu estava aprendendo a andar de bicicleta com papai e Gabriela. Parecia que estava prestes a cair quando o sonho mudou e eu estava presa dentro de um carro, gritando, coisas quebrando. E eu acordei.

– O final de sempre então?

– Sim, o final de sempre.

– Não fica assim, amor – beijou minha cabeça –, vamos deitar. Vem.

Puxou-me pela mão, me abraçou e caminhamos assim até o quarto. Deitei ao lado de Douglas, passei meu braço por sua cintura e o abracei bem apertado. Meu coração dizendo que minha felicidade estava por um fio. Eu só não sabia o porquê.

Entretanto, não demorou muito tempo para que eu descobrisse.

****

Três dias depois

Destinos Trocados - REPOSTAGEM A PARTIR DE 26/01/17Onde histórias criam vida. Descubra agora