Casando com uma trouxa

Namorado

—Eu não vou usar essa roupa Sara, se é que se pode chamar esse pedaço de pano de roupa. –falei desesperada.

A loira baixinha e rechonchuda ao meu lado bufou enraivecida, e eu quase ri da situação, quando a associei com um toro bravo.

—Já disse que você não pode ir para um jantar com o Fred parecendo uma pedinte. –ela retrucou me mostrando a calça e a blusa de linho preto que eu tinha escolhido. –E no mais, está frio, você pode usar aquele sobretudo carérrimo que ele te deu de presente, o que você usará por baixo é para surpreender, fazer ele te olhar...

—Como se quisesse me comer. -retruquei e ela revirou os olhos. -O Fred me conhece, sabe que eu não me visto assim Sara, ele entende que eu gosto de algo mais despojado. –me justifiquei, e acabei sentando na beirada da minha cama, ficar ali em pé só de toalha enquanto discutíamos o que eu deveria usar para sair com Fred estava me cansando. –Apenas me dê algo mais sofisticado e com um pouco mais de pano para vestir por favor.

—Você é um caso sério –ela bufou novamente e eu ri. –Vista esse vestido lilás então, e as botas de cano fino, eu irei fazer seu cabelo e maquiagem.

—Obrigado, não sei o que faria sem você. –disse realmente agradecida.

—Eu também não.

Já faziam mais de 4 meses que eu conheci o Fred, e da mesma forma louca que ele entrou em minha vida se alastrou por ela, ele era atencioso, divertido, inteligente e discreto, o que dava-lhe um ar de mistério que sempre me deixava louca de curiosidade para desvendar. Depois do ocorrido naquela fatídica noite que nos conhecemos, Fred sempre se prontificava para ir me buscar e me levar em casa após meu horário de trabalho. No começo eu até tentei o impedir, mas sua companhia se mostrou extremamente agradável e acabei por me acostumar a essa nova rotina, sem falar que as vezes almoçávamos ou jantávamos juntos.

Com o tempo a nossa amizade foi crescendo, então acabei por convidá-lo para almoçar em um domingo em meu apartamento, pois Sara só faltava me esganar de curiosidade para conhecer meu belíssimo salvador, e ele aceitou muito feliz o convite de conhecer minha geniosa companheira de quarto, principalmente por eu ter lhe dito sem querer (eu e minha língua grande), que ela era a única filha de Hades que eu conhecia que estudava Design, e eu nunca o tinha visto rir tanto até então, contudo, Fred acabou rindo mais da minha cara envergonhada quando com uma pergunta inocente, ele me perguntou de quem dos Deuses Gregos eu achava que ele era filho. Acho que nunca fiquei tão vermelha na vida, e com um fio de voz eu acabei dizendo a verdade, que desde a primeira vez que o vi tinha pensado que ele era um filho de Afrodite. Ele ficou sério e me olhou no fundo dos olhos como se me analisasse, o que me assustou um pouco, pois Fred raramente ficava com ar sério, ele era sempre divertido e jovial.

E após isso, tudo se desenvolveu de uma forma assustadoramente perfeita.

—Você acha que tem problemas um filho de Afrodite namorar uma filha de Atena? –ele me perguntou sem desviar os olhos.

—Eu acho que não, até onde eu sei elas nunca foram inimigas. –respondi rápido demais, sem pensar direito, por isso quando me dei conta do que havia feito ele já estava próximo de mim e me segurou pela cintura acabando com qualquer chance minha de recuar.

—Então já que os deuses não nos impediriam, me diga você então. –ele passou as costas da mão livre em minha bochecha e isso me fez arrepiar da cabeça aos pés. Fred sorriu cinicamente ainda com os olhos presos nos meus como se esperando que eles lhe entregassem todas as resposta. –Você quer namorar comigo Lya?

E antes mesmo que meu pobre cérebro em frangalhos pudesse formular uma resposta ele me beijou, me puxou ainda mais pela cintura colando nossos corpos e a mão que antes estava em meu rosto foi para minha nuca fazendo um carinho suave ali, e eu instintivamente o enlacei aceitando-o por completo. Foi um beijo singelo e carinhoso, ele não ousou explorar minha boca, apenas nossos lábios se encontraram, mais foi o suficiente para me deixar bobamente sorrindo por dias.