Todo começo tem um fim

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Aqui estava eu mais uma vez esperando Fred, já fazia algumas semanas que ele tinha mudado da "água para vinho" comigo, ou melhor, com todos (não que fossemos muitos).

No começo, ele faltou apenas um almoço ou um jantar, depois um dia, dois e agora, bom, fazer o que, o jeito era aguardar...

Eram cerca de 22:20 quando bufei olhando pela quem sabe "décima vez? Não sei, já nem conto mais". Resolvi que não o esperaria nem mais um segundo sequer, pois apesar de já estarmos no fim de fevereiro ainda estava muito frio, sem falar que ficar ali em pé parecendo que fui plantada ou que era apenas mais uma decoração do lugar não mudaria nada, ele não apareceria, assim como não tinha aparecido nas ultimas noites dessa semana para me buscar, sem nem mesmo avisar.

Rumei para meu apartamento, ultimamente eu me sentia mais cansada, mas isso já era esperado, pois mesmo que minhas aulas tenham acabado eu agora vivia imersa em minha pesquisa, passava horas a fio na biblioteca com livros grossos ou debruçada na frente do computador lendo artigos e dissertações que meu orientador me indicava no intuito de que conseguisse mais citações para endossar ainda mais meus argumentos no projeto.

A rua estava tranquila e alguns casais passavam por mim, o que era comum já que naquela área moravam muitos universitários. Lembro de que meu primeiro pensamento quando cheguei ali era de que além de ser um lugar lindo (com uma bela praça, e ter todas as ruas bem arborizadas), era de que eu amaria aquele lugar por ter uma paisagem romântica, que me fazia sempre suspirar, bem como eu tinha costume de fazer quando lia meus inúmeros livros de romance.

Tratei de apressar o passo, não queria me perder tanto nas lembranças com ele.

***

"-Você não cansa de ler não?" –perguntou-me Sara, me assustando.

Naquele dia, um domingo duas semanas após minha primeira defesa de mestrado, eu tinha decidido que não iria estudar, então entediada por ficar em casa, resolvi que deveria sair. Peguei uma maçã e um livro ao qual eu namorara no sebo da faculdade por semanas antes de comprar, e após deixar um pequeno bilhete para Sara não se preocupar comigo (mesmo sabendo que ela sempre sabia onde eu estava, eu nunca saia sem deixar um aviso). Informando que eu iria para a praça próxima de casa para espairecer um pouco. Ou seja, aproveitar o raro domingo de sol!

"-Claro que sim, mais eu estava realmente curiosa para saber o que acontece com o Bilbo, e se ele não conseguisse ganhar do Golum?" –ela começou a rir do meu desespero e outra risada gostosa, aquela que eu amava ouvir se juntou a dela, e só aí eu realmente me virei do banco ao qual eu estava sentada, encarando uma Sara e um Fred risonhos.

Fred veio em minha direção e me puxou para que eu levantasse, abraçando-me e em seguida depositando um beijo carinhoso em minha testa. Eu o abracei de volta, perdendo inconscientemente a página do livro "O Hobbit", que eu marcava inutilmente antes com um dedo.

"-Por que hoje com toda certeza ela não dormiria sem saber o final dessa bendita história." –ele ria de mim e eu estirei a língua, e uma mulher que passava com seus filhos na praça me olhou com reprovação. O que me fez ficar imediatamente ficar corada, os fazendo rir ainda mais.

"-Fala a pessoa que leu em três dias meu livro de Guerra dos Tronos, e não satisfeito, não sossegou o facho até ter comprado todos os outros livros da coleção para lê-los." –devolvi-lhe.

"-Não tem como comparar, Martin é um gênio." –exasperou-se ele.

"-Leia os livros de Tolkien e você vai ver o quanto este também fora um gênio." –pontuei.

"-Isso é um desafio?" –ele me sorria malignamente, deuses do céu, esse homem fica lindo quando se sentia desafiado.

"-Claro que é!" –olhávamos-nos e eu ainda estava em seus braços quando ele encostou nossas testas e se chegou mais, mordendo meu lábio inferior. Cara aquilo me excitou na hora.

Casando com uma trouxaOnde histórias criam vida. Descubra agora