Casando com uma trouxa

Tortura

Eu estava tremendamente apavorada, não entendia o que estava realmente acontecendo ali, como havíamos chegado naquele lugar? Bruxaria, eu podia jurar que eles tinham se alto denominado bruxos.

Limpei a boca com as costas da mão e segurei a alça da mochila como se minha vida dependesse disso. Pavor, essa era a palavra que melhor me descreveria naquele momento, um medo incomum me arremetia, e ao olhá-los me senti como um coelho em frente à serpentes, que estavam ali a brincar com a comida antes de devorá-la.

Me obriguei a permanecer quieta, e não entrar em pânico, e fiquei apenas observando-os também, esperando com uma ansiedade mórbida por seus próximos movimentos.

—Scourgify. -disse Lestrange apontando para o vômito que sumiu em poucos segundos. –Diga-me como conheceu o Weasley, e como acabou assim? –disse ele apontando para minha barriga com nojo.

Suspirei, eu não pretendia e nem iria mentir, não tinha o porquê e mesmo se estivesse não estava em condições de fazê-lo, então apesar do pânico eminente que batia em minha mente para dominar meu ser eu tentei respondê-lo. Qual foi minha surpresa quando comecei a falar, mais voz nenhuma saiu, e ele pareceu surpreso por um minuto mas logo depois começou a rir. Ele rapidamente apontou a vareta ou melhor varinha -lembro das histórias de bruxas e feiticeiras que usavam varas feitas de árvores magicas e as chamavam de "varinhas de condão"- para mim e no susto eu me arrastei para trás..

—Finite Incantatem. –ele brandou para mim com a varinha, e depois apontou para si mesmo e sussurrou algo, sua roupa que antes era um sinistro vestido de época rapidamente se transformou em um palito fino, dando-lhe uma ar mais aristocraticamente arrogante. –Agora você conseguirá falar trouxa.

Não gostei quando esse me chamou de trouxa, mais parecia que a ofensa em si não tinha o mesmo significado para nos dois, mais ainda assim, aquilo com toda certeza era um ofensa, isso era notável pelo nojo explicito em sua voz. Contudo eu nada poderia fazer, que condições eu tinha de reclamar de algo? Então eu respirei fundo e novamente juntei todos os argumentos necessários para aquela conversa. E qual foi nossa surpresa quando novamente nenhuma voz saia.

—Que droga Avery, ela não consegue mais falar, o que você fez com ela? –perguntou se virado para o outro homem que agora estava sentado no sofá verde de dois lugares com um copo cheio de um liquido estranho.

Lestrange que continuava em pé a minha frente, tinha as mãos fechadas em punho, provavelmente pela raiva contida.

—Deixe de coisa Rodolfo, eu só usei um feitiço simples, na certa ele foi muito forte e ela logo voltará a falar, use legilimência nessa trouxa imunda e pronto, e ande rápido que eu quero aproveitar que ela não pode gritar para torturá-la um pouco. –disse com um sorriso perverso me olhando.

Engoli em seco, e Lestrange se virou para mim sorrindo macabro.

—Certo, você está certo. –ele caminhou até mim e eu novamente me arrastei para longe, até que minhas costas se encostaram na parede, e ele abriu ainda mais o sorriso maligno. –Não tem para onde fugir sua trouxa nojenta. –disse ele chutando minhas pernas, o que me fez arfar de dor, mas logo me contrai ainda mais, enquanto este apontava a varinha em minha direção na altura de minha testa. –Legilimens.

Toda a minha vida pareceu passar diante dos meus olhos de forma aleatória, imagens minha na formatura, a proposta para estudar em Londres, o acidente de carro, o dia em que conheci Sara, minha primeira vez com Fred, quando nos conhecemos, o pedido de namoro, o passeio no parque, e o fim do namoro. Tudo parecia um borrão e minha cabeça doía, eu não queria lembrar de tudo isso, e quando minha visão voltou a focalizar no homem a minha frente fiquei aliviada, mas sentimento que durou muito pouco, pois o sorriso malévolo de Lestrange me arrepiou dos pés a cabeça.