Decisão

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—Você terá de casar comigo! –pontuou suspirando novamente. –Mas ainda assim, não será algo tão simples Lyana.

—Co... como assim? –puta que pariu ainda tinha mais? Sério isso produção? Qual é, eu não joguei pedra na cruz não!

"Pelo menos tenho certeza que nessa vida não! "

—Um casamento entre bruxos e trouxas raramente dá certo, e um dos principais motivos é que uma vez casados não podemos jamais nos separar.

—Então se nós casarmos será tipo, para sempre? Ou melhor, pelo resto de nossas vidas, nada de divórcio? –tá, isso era estranho, mais o que naquela conversa não estava sendo, sejamos realistas, nada ali estava nos meus padrões de "normal."

—Sim, para manter em segredo a comunidade bruxa, quando um bruxo casa com um trouxa, o casal é obrigado a fazer o voto perpetuo. –ele olhou para o teto e pareceu pensar, pelo jeito aquilo era realmente difícil de explicar, por que ele ainda respirou fundo várias vezes antes de continuar. –Voto perpetuo é uma magia que enlaça as almas, uma espécie de ligação entre os envolvidos, para que uma determinada promessa seja cumprida, e caso não seja, a pessoa que não cumpriu... bom... ela morre.

Preciso dizer que fiquei como um peixe fora d'água, abrindo e fechando a boca sem ter o que dizer, não, não é?!

—Olha, eu prometi que te daria escolhas Lya, e você não tem noção de como isso está sendo difícil para mim, mas como meu pai mesmo jogou na minha cara mais cedo, eu não recebi esse tipo de educação. E você querendo ou não, me conhece mais do que ninguém, e mesmo que não acredite, nos primeiros meses de nosso namoro eu fui o mais sincero que podia com você, pois depois de um longo tempo eu estava sendo eu mesmo, eu estava vivendo de novo. –ele passou a mão nos cabelos, e mais uma vez eu notei o quanto ele estava desgastado. –Eu não vou mentir, nem omitir nada de você, por que eu já te causei sofrimento demais, e como você mesma enfatizou tão claramente mais cedo, eu não tenho esse direito, então no fim a decisão vai ser sua.

—O que devemos prometer exatamente? –eu precisava saber, mesmo que tivesse medo da resposta.

—Que seremos fiel um ao outro até que um de nós morra. –ele apertou um pouco mais minha mão. –Eu e você jamais poderemos trair um ao outro sem morrer.

Coloquei o braço em frente aos olhos, me livrando não só daqueles olhos penetrantes, mais também de toda e qualquer luz. Eu precisava pensar, eram muitas informações, e seja lá o que eu resolvesse, mudaria meu futuro para sempre. Meu futuro, eu estudei e trabalhei tanto para chegar onde estava que parecia-me injusto jogar tudo para o alto assim, contudo, não era só minha vida que estava em jogo ali, tinha meus filhos, as duas crianças que até agora eu gerara com tanto amor, elas não tinham culpa de nada.

A dor de cabeça ainda me incomodava, era difícil pensar assim.

—Você está disposto a isso mesmo? –perguntei ainda sem tirar o braço dos meus olhos.

—Sim, já conversei com todos, papai e mamãe acham que é melhor ficarmos na casa deles se você aceitar, por que terei de reformar o apartamento para nós. –ele pareceu esperançoso. –Lya eu farei o possível para que você fique confortável, e...

—Eu poderei ir para o Brasil, manter contato com minha família? –precisava saber todos as variáveis dessa equação.

—Lyana... Bom não, assim... Merlim! –ele ficou nervoso e apertou ainda mais minha mão e mesmo não querendo eu o entendia, eu sabia o quanto ele estava sofrendo por ser sincero comigo, era sobre a vida de nossos filhos que discutíamos, mas naquele altura ambos sabíamos que suas respostas só me impulsionavam a ficar longe daquela loucura. –Poderemos visitá-los quando Avery for preso e tivemos certeza de que todos estarão em segurança, mais antes disso... antes disso Lya... é perigoso demais entende?

Casando com uma trouxaOnde histórias criam vida. Descubra agora