Capítulo 3

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Às vezes quando pensamos que não há nada de bom na nossa vida... Vemos que são as pequenas coisas que nos fazem sorrir.

Depois de ficar um bom tempo debaixo do chuveiro, tentando me livrar daquela sensação horrível, sai do banheiro e vesti uma calça jeans, querendo esconder as marcas que aquele imbecil deixou na minha perna, e pus uma blusa de alça vermelha. Então sai um pouco de casa, precisava de ar fresco.

Então me sentei na porta da minha casa, olhando a rua... Estava quase vazia, exceto pelo caminhão de mudança parado na casa ao lado e um carro preto. Vários homens entravam e saiam levando móveis e caixas. Aquela casa já estava vazia a um bom tempo. Nunca pensei que alguém viria morar ali. 

- Ponha isso na cozinha por favor. - Um homem alto que parecia ter seus quarenta anos falou.

- Tudo bem. - Os homens concordaram. 

- Cuidado com isso. - Uma mulher disse enquanto falava ao telefone. - É muito frágil, tenha cuidado. 

Eu limpei uma lágrima que tinha descido por meu rosto e fiquei observando discretamente enquanto eles levavam as caixas pra dentro da casa às pressas. 

- Guilherme! - A mulher gritou. - Venha aqui nos ajudar, anda logo menino. 

- Ta, já to indo. - Ouvi alguém dizer. 

Então vi alguém sair de dentro do carro preto. Era um garoto, alto, moreno, tinha os cabelos levemente cacheados. Estava sério, a atenção focada no aparelho em sua mão, caminhou até a mulher ainda distraído. 

- Que foi mãe? - Perguntou.

- Leva essa caixa lá pra dentro. - Ela apontou pro caminhão. - Aproveita e vai logo escolher qual vai ser seu quarto.

- Ta bom. - Concordou. 

A mulher e o homem entraram na casa apressados. O garoto desligou o aparelho e guardou no bolso, depois pegou a caixa no caminhão. Estava caminhando até a casa quando o fundo da caixa abriu e tudo que tinha dentro foi ao chão. 

- Mas que porra.. - Ele resmungou irritado. 

Eu ri discretamente da cara dele, que se abaixou e concertou o fundo da caixa, então me levantei e fui até lá falar com ele e oferecer minha ajuda. Me abaixei do seu lado.

- Precisa de ajuda? - Eu perguntei sorrindo.

- Seria legal. - Ele sorriu. 

Ele levantou o rosto pra me olhar, tinha um sorrisinho tímido no rosto... Era mas bonito do que eu tinha visto de longe.

Ficamos nos encarando um minuto, como se tudo em volta tivesse desaparecido. E senti algo estranho percorrer todo meu corpo quando seus olhos claros encontraram os meus. 

- Érr... - Ele desviou os olhos. - Eu sempre faço isso. 

- Tudo bem acontece. - Eu sorri timidamente. 

Ajudei ele a por as coisas de volta na caixa e ele a levantou do chão, ajeitando nos braços. Então estendeu uma das mãos pra apertar a minha.

- Érr... Obrigada por me ajudar, eu sou meio desastrado. - Fez careta.

- Percebi isso. - Brinquei e ele riu.

- Eu sou Guilherme Watson, mas pode me chamar de Gui.

- Manuella Grace. - Eu disse. - Pode me chamar de Manu. 

- Nome legal. - Elogiou.

- Parece nome de marca de maquiagem. - Fiz careta. 

- Não é tão ruim quanto o meu. - Ele garantiu. - Então Grace... Você mora por aqui?

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