Capítulo 4

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O remorso é a única dor da alma, que nem a reflexão nem o tempo atenuam.

Passei o resto da tarde trancada no meu quarto chorando, só me levantei quando estava na hora da minha mãe chegar, não queria que ela me visse naquele estado. Depois de me recompor, eu fiquei esperando que ela viesse falar comigo. Sabia que ela viria, ela nunca ia dormir sem me dar boa noite. Não demorou pra que a porta do meu quarto se abrisse e ela passasse pela porta sorridente.

- Oi querida. - Minha mão veio até mim.

- Oi mãe.- Sorri de lado.

- Só vim lhe dar boa noite... Half preparou um jantar romântico pra nós dois, devia ver. - Disse com os olhos brilhando.

- Que bom. - Forcei um sorriso. 

Minha língua estava coçando pra contar tudo a ela, mas eu não podia, e mais uma vez meu coração se encheu de remorso, pois eu ia deixá-la passar a noite com ele e não ia fazer nada.

- Mãe? - Chamei.

- Sim querida.

- Você o ama? - Perguntei insegura. - Ele te faz mesmo feliz? 

Ela sorriu e segurou minha mão.

- Muito minha filha... O Half é... Um cara incrível e eu sou muito feliz ao lado dele. 

Eu só sei que comecei a chorar discretamente, até tentei segurar as lágrimas, mas não consegui.

Eu não podia destruir a felicidade dela assim, sua vida. Pois por mais que ele me maltratasse, ele a fazia feliz. Que direito eu tinha de acabar com isso? 

- O que foi querida? - Ela tocou meu rosto, limpando a lágrima. - Porque esta chorando? 

- Eu sinto tanta falta do papai. - Eu disse a abraçando. - Eu queria tanto que ele estivesse aqui. 

- Oh querida, eu sein - Ela me abraçou mais apertado. - Eu também sinto falta dele.

- Não. -  Eu solucei. - A senhora já o esqueceu.

- Ei, isso não é verdade. - Ela discordou. - Eu nunca vou esquecer seu pai. Eu ainda o amo.

- Mas você disse que ama o Half. - Eu a lembrei. - Que ele a faz mais feliz, mais feliz que o papai.

- Não, eu não disse isso. Só disse que ele me faz feliz, de uma forma diferente. 

Ela me soltou pra poder me olhar nos olhos e deu um sorriso acolhedor.

- Ninguém nunca vai tomar o lugar do seu pai Manu. - Ela me garantiu. - Nunca. 

- Promete pra mim?

- Claro querida. - Sorriu. - Não quero que você pense que Half tem que ser seu pai. Nunca. Seu pai vai ser sempre o Patrick, e isso ninguém vai mudar. 

- Obrigada. - Sorri de lado.

- Eu te amo filha. - Me abraçou de novo.

- Eu também te amo mãe. - Disse em meio ao choro. - Muito. 

Ficamos ali abraçadas em silencio, minha mãe tentando me confortar, mas ela não podia fazer nada, pois não sabia o real motivo da minha dor. Mas eu me senti melhor ali com ela, isso até a porta do quarto abrir de novo e Half entrar. 

- Maria, eu estou te esperando. - Ele falou.

- Eu já to indo querido. - Ela disse.

Eu me afastei da minha mãe e limpei as lágrimas, não queria que ele me visse chorar.

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