Capítulo 26

1.2K 129 11
                                    


A raiva é uma grande força. Se você controlá-la, pode ser transformada em um poder que pode mover o mundo inteiro.

Depois da conversa entre eu, Gui e minha mãe. Decidimos ir a delegacia denunciar Half. Eu não queria pois estava morrendo de medo e já tive várias amostras do que ele era capaz, mas minha mãe e Gui insistiram, dizendo que não deveríamos deixar um monstro como ele impune. Eu não tive como discutir.

Eles então me ajudaram a descer as escadas e quando estávamos lá em baixo a porta se abriu. Meu coração disparou... Half. 

- Mas o que foi que aconteceu aqui? - Ele perguntou se fazendo de desentendido.

Ninguém respondeu nada. Gui  me soltou e eu fiquei escorada apenas em minha mãe. Então sem pensar duas vezes ou falar qualquer coisa foi na direção de Half com todo seu ódio e lhe acertou um soco bem no meio da cara.

- Gui não! - Eu gritei assustada.

- Isso é pelo que você fez a Manu desgraçado. - Ele disse.

- Você pirou é moleque? Quer morrer?

- Não, mas eu vou acabar com você. - Garantiu.

Eu entrei em desespero. Gui deu mais um soco em Half e os dois começaram a brigar no meio da sala. Minha mãe também começou a chorar junto comigo, mas me soltou, me escorando na parede e foi tentar separar os dois. 

- Você nunca mais vai encostar nela desgraçado! - Gui gritou.

Apensar de Half ser mais velho, Gui estava levando a melhor, mas isso não me impediu de me desesperar. Principalmente quando Half puxou uma faca e apontou pra Gui.

- Você não sabe com quem se meteu pirralho estúpido. - Half disse agora sorrindo.

- Porque você fez isso Half? Porque me enganou desse jeito? - Minha mãe perguntou tristemente.

- Você achou mesmo que eu te amava? - Ele riu. - Você é ridícula Maria. Só me casei porque você é rica e gostosa. Dois coelhos em uma cajadada só e ainda vinha de bônus uma filha gostosa dessa. 

- Você me da nojo! - Ela disse.

- Depois que eu acabar com o pirralho dou um jeito em você. Fico feliz que tenham descoberto tudo, não agüentava mais me fingi de bom marido. - Ele riu.

Half partiu pra cima de Gui com a faca, e eu comecei a gritar assustada, mas antes que o acertasse minha mãe pegou um vaso de vidro e quebrou na cabeça dele o fazendo desmaiar.

- Quem é o imbecil agora? - Ela deu um sorriso amargo.

- Gui você ta bem? - Perguntei preocupada.

- Vamos logo. - Ele veio até mim e me pegou no colo. - Vamos te levar a um hospital e chamar a policia pra prendê-lo. 

Eu assenti fraca e pus minhas mãos em volta do seu pescoço, o abraçando. Era reconfortante. Minha mãe ligou pra policia antes de sairmos, mas resolvemos não esperar. Eu não me agüentava de tanta dor. Então  Gui nos levou no carro do pai dele até o hospital. 

Algumas horas depois...

Eu estava deitada na cama do hospital. Cheia de curativos e uma agulha enfiada na minha veia. Gui e minha mãe não saiam do meu lado e me partiu o coração ver a tristeza que tinha tomado conta dela. Eu não a via assim desde que papai morrera. E toda aquela tristeza era minha culpa. 

- Com licença. - Alguém chamou da porta.

Dois homens fardados estavam parados na porta do quarto. Era a policia. Provavelmente estavam aqui pra falar da prisão do Half. Eu respirei fundo pra criar coragem.

- A senhora é a esposa de Half Morani? - Perguntou a minha mãe. 

- Sim, sou eu. - Ela afirmou. - Vocês o prenderam?

- Quando chegamos na casa ele não estava mais lá. Sinto muito, mas ele fugiu. 

O desespero voltou. Ele não estava preso. Estava solto por ai e com certeza viria atrás de nós. Atrás de mim. 

- Vocês precisam encontrá-lo, ele não pode ficar solto! - Gui falou.

- Nós sabemos disso, mas não se preocupem. Temos um pessoal atrás dele o procurando por toda cidade, não tem como ele sumir por muito tempo. - O policial afirmou. 

- Tomara mesmo. Não quero nem pensar no que ele pode fazer conosco. - Minha mãe disse aflita. 

Os policiais ficaram mais um tempo ali conosco, me fazendo perguntas sobre o Half, sobre como ele era comigo e eu não consegui conter as lágrimas ao lembrar de tudo que ele fizera comigo. 

- Nós manteremos contato. - O policial disse. - Se vocês o virem, se ele voltar a ameaçá-las. Avise-nos.

- Tudo bem, vamos sim. - Minha mãe afirmou. 

Passei aquela noite no hospital me recuperando da surra que Half me dera. Minha mãe e Gui não saíram do meu lado nem um instante e apesar da dor e do medo eu consegui dormir tranqüila. 

[...]

Recebi alta no dia seguinte e nós voltamos pra casa. Gui me tirou do carro e me levou até meu quarto, me carregando.

- Como você ta querida? - Minha mãe perguntou.

- Vou ficar bem. - Garanti.

- Desculpe de novo por tudo isso Manu. Nem sei dizer o quanto me sinto terrível. 

- Esqueça isso mãe.

- Nunca vou esquecer o mal que te causei. Fazendo você sofrer tanto tempo calada. Eu sou a pior mãe do mundo.

- Não, não é. - A abracei. - Você é a melhor mãe. A culpa não é sua, ele é o monstro.

Era verdade, ela era a melhor mãe do mundo. Sei que não tinha me dado ouvidos quando tentei lhe contar e que ela amava Half, mas não fizera nada de propósito. Ela nunca me faria sofrer de propósito. Ela me amava.

- Bom... Preciso descansar um pouco. - Ela disse limpando as lágrimas.

- Pode ir Maria, eu cuido dela. - Gui disse.

- Obrigada pelo que fez pela minha filha. - Ela sorriu pra ele.

- Não me agradeça. Eu amo muito sua filha.

Ela se aproximou pra abraçá-lo e eu sorri vendo o carinho entre os dois. Minha mãe aprovava o meu namorado que por acaso era perfeito. Pelo menos algo de bom no meio de tanto sofrimento.

Então minha mãe saiu do quarto me deixando a sós com Gui. Ele veio se sentar ao meu lado na cama.

- Obrigada. - Eu sussurrei.

- Não precisão me agradecer. - Ele sorriu. - Vai ficar tudo bem agora meu anjo.

Eu o abracei e aquele simples gesto amenizou minha dor, como uma anestesia pro meu sofrimento, e eu consegui dormir tranqüila. A presença dele espantava qualquer pesadelo que viesse me atormentar. Ele era meu anjo.

Hold My Hand ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora