Capítulo 7

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Às vezes a melhor ajuda que precisamos é um bom e simples abraço.

Quando abri os olhos de novo estava jogada sobre a cama do quarto de hospedes. Sozinha. Estava nua, descabelada, quando tentei me mexer senti uma dor aguda que percorreu todo o meu corpo e dei um gemido alto.

Respirei fundo algumas vezes, esperei minha visão clarear por completo e me virei na cama bem devagar. Dei uma rápida analisada em meu corpo, eu estava cheia de marcas por todos os lados, unhas, dedos. E então passei a mão em minhas pernas só pra descobrir que estava sangrando. Aqueles monstros tinham me machucado, fechei os olhos de novo e comece ia chorar em silencio. Eu não merecia nada daquilo. 

[...]

Fiquei jogada na cama durante um bom tempo, sem conseguir levantar. Toda vez que eu tentava era impedida pela dor insuportável em todo meu corpo. Mas quando olhei no relógio e vi que indicavam quatro e meia da tarde resolvi que teria de engolir minha covardia, não podia correr o risco de minha mãe chegar e me ver assim. Então levantei, me enrolei no lençol da cama e fui cambaleando até o meu quarto. Half não devia estar em casa, pra minha sorte. Me joguei na banheira, e fiquei deitada dentro da água por pelo menos meias hora, me limpando... Tentando me sentir melhor... Mas a dor que eu sentia ia demorar a passar... Não só a dor física, mas aquela na minha alma. 

Vesti a coisa mais confortável que achei, um short frouxo e uma blusinha. Nada que apertasse meu corpo, mas ao contrario do que seria o certo não fiquei em casa. Eu precisava sair. Precisava ir a um lugar.

Peguei as chaves de casa e sai chorando, as lágrimas me segando, nem via direito onde estava indo quando esbarrei em alguém. 

- Opa, cuidado. - Me segurou antes que eu fosse ao chão. 

- Desculpa. - Sussurrei, mas acho que ele não ouvira, nem eu entendi o que eu dissera. 

- Você ta bem Grace? - Foi só quando ouvi meu nome que reparei quem era. Gui. - O que aconteceu com você?

Eu limpei as lágrimas rapidamente, tentando disfarçar.

- Não foi nada, estou bem. - Menti. Foi nada convincente. 

- Como nada? Olha pra você. - Falou preocupado.

- Eu estou bem ta legal? Tenho que ir. - Tentei me soltar, mas ele me puxou com delicadeza. 

- Hey, você não devia sair assim. Não me parece bem. 

- Olha, se eu estou bem ou não, não é da sua conta. - Disse nervosa. - Agora me solta. 

Ele me encarou por um instante e depois me soltou. Eu não queria ter sido grossa com ele, sabia que só queria ajudar, mas eu não podia ficar ali ouvindo as perguntas dele, não podia dizer o que tinha me acontecido. Seria pior pra nós dois. 

- Obrigada. - Disse secamente depois que ele me soltou.

Eu senti que ele ficara me olhando enquanto eu me afastava, tropeçando nas próprias pernas, mas eu fingi não perceber e continuei a andar até o lugar que eu queria.

Só parei quando cheguei ao cemitério. Caminhei por lá até avistar o tumulo do meu pai, mas não cheguei perto. Fiquei olhando de longe. Quando eu era pequena minha mãe não me levara ao enterro do meu pai, depois que eu cresci me incentivou a vir aqui mas eu não conseguia ir até lá. Tinha uma coisa que me impedia. O sentimento terrível de culpa. Era como se eu sentisse que ele não gostaria da minha presença ali.

Eu procurava coragem quase todos os dias, mas era em vão. Eu era uma covarde. Que vivia uma mentira, num inferno por pura covardia. 

- Precisa de ajuda Manu? - Era Harry, o coveiro.

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