•Beth•

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Nome do autor/a: N

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Nome do autor/a: N. K. Maximo

Gênero: Conto

Status do livro: Concluído

Quantidade de capítulos: 19

Sinopse: Todos nós temos mentiras não é? Me diga o quê faria se descobrisse que tudo não passava de uma grande mentira?

Ao completar 20 anos, Beth descobre que ela também tem uma mentira. Porém, ela decide continuar a viver sem contar para ninguém esse segredo do passado.

No começo é fácil. Mas quando ela acha que sua própria cabeça a trai ela terá que enfrentar algo bem maior.

Resenha:

Beth é um conto instigante e bem narrado. Logo que o leitor abre a história, se depara com capítulos curtos e instigantes, que influenciam a leitura do próximo, e do próximo... A autora consegue deixar leitor confuso positivamente em diversos momentos da trama, soube dosar muito bem todo o mistério em torno de Beth e suas memórias, nos convidando a desvenda-lo, um convite que soa irrecusável diga-se de passagem. Como disse anteriormente, Nathalia Maximo dominou muito bem o mistério, aplicando de modo regrado, sabendo exatamente a quantia exata para cada capítulo, tornando Beth um caldeirão indagativo. Não é incomum surgirem dúvidas do tipo: O que houve com Beth? Isso realmente aconteceu? Beth está delirando?

Antes desse bombardeio de inquirições, somos lançados de cara em um cenário de caos ao qual a personagem se vê envolvida, uma situação que deixaria muita gente abalada e sem rumo.

É nítida a angústia da personagem, que se sente desamparada perante as circunstâncias. Beth está em conflito. Justamente aquele momento em que é necessário avaliar a vida e tudo o que nos rodeia, em que certezas se tornam dúvidas, quando o sentido de tudo se perde em uma lacuna qualquer, ou escorre pelos dedos.

Crise existencial? Ouso dizer que é algo mais complexo, há muito para ser desvendado em um pequeno conto. Fiquei surpresa em como a história é suscita, e apesar disso consegue enlaçar, prender de uma maneira em que descobrir o desfecho da trama é fundamental.

Fazendo com que alguns errinhos de gramática não sejam tão relevantes, ou mesmo as partes confusas de alguns diálogos em que se torna um tanto complexo decifrar quem está falando o quê. Isso provavelmente pela escassez de reação pós-diálogo, que as vezes faz falta, e poderia incrementar ainda mais a experiência da leitura, o que tornaria a dinâmica ainda mais proveitosa. Ainda assim, não é nada que comprometa a experiência do leitor.

A história de Beth envolve muito o passado, de uma forma em que a personagem não se sente forte o suficiente para avançar sem encontrar uma solução, ou mesmo uma resolução.

A garota se vê forçada através de um personagem chave e extremamente intrigante a solucionar todos os quebra-cabeças em sua mente. Beth não compreende o motivo de estar sendo atingida daquela maneira, o porquê do personagem em questão querer exaurir toda sua tolerância física e mental. O opositor quer vê-la no chão, destruí-la da pior forma, fazê-la perder a empatia das pessoas que ama, assim como a confiança. Como a protagonista, o leitor tampouco conhece o motivo de tanto desafeto, o que só faz a curiosidade aumentar.

Por fim o motivo do seu agressor psicológico acaba se tornando compreensível, nem por isso aceitável, todavia são essenciais para o amadurecimento de ambos, diria que é um divisor de águas.

É difícil não se identificar com Beth, que busca notoriamente se sentir parte de algo. Quem nunca se sentiu um ser aleatório? Quem nunca se perguntou se os laços familiares são realmente fortes?

Além desses conflitos internos, podemos descobrir um pouco sobre a personagem através de suas memórias. Os momentos felizes com seus amigos e pais, além de outras situações nem tão aprazíveis assim...

O ponto em que mais me senti chocada e sensibilizada é quando o pai de Beth se abre de forma franca. Trata-se de uma memória importante para todo o desenrolar da trama, e eu só pude admirar a forma em que a cena foi desenvolvida. Consegui sentir a dor de Gustavo ao expor para a filha cada detalhe daquela catástrofe que o estilhaçou. É algo realmente difícil de esquecer, e apesar de ainda sofrer com as consequências dos seus próprios atos, há uma vontade explícita de seguir em frente.

Apagar não é completamente viável, mas aprender a administrar toda dor se torna a solução. O mundo por mais injusto que soe sempre nos dará a alternativa de escrever uma história feliz por cima de um passado excruciante. É um exemplo de que um casal quebrado pode se colar aos poucos, e que nada é verdadeiramente destrutível, sempre estaremos aptos para sobreviver apesar dos percalços que nos assolam.

Beth se sente sufocada no ápice da história, e isso é tão bem exposto, que o leitor também se vê desesperado e a torcida por ela aumenta. Confesso que nessa altura, só consegui imaginar um fim trágico. Apesar dos palpites mentais, percebi que a única certeza que eu tinha, era a de que qualquer desfecho seria possível.

A maior lição que aprendi lendo Beth foi sem duvidas a do valor familiar. Que o coração do ser humano é tão expansivo, que ninguém poderá usurpar o lugar de ninguém.

Muitas vezes deixamos de valorizar as coisas, não por vontade própria, porém nos sentimos invadidos, asfixiados por tudo e todos, de um modo tão intenso que nenhum carinho parece o suficiente. Tudo parece questionável, ponderável. O caos do mundo deturpa nosso senso, nos imergindo em confusão, confusão da qual às vezes se torna essencial para que possamos aprender e aproveitar o que a vida nos deu, seja isso herdado da forma habitual, ou através de meios trágicos.

Resenha feita por: E. M Alves ElohCobain

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