THREE YEARS BEFORE

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Nunca fui uma garota que gostava de festas, eu era apenas uma garota normal com notas medianas e poucos amigos. Até que um dia tudo mudou. Eu morava com meu pai que sempre pedia para mim sair mais, estudar menos e ser mais feliz, o que ele não entendia é que eu era feliz do meu jeito. 

Era uma sexta feira e todos comentavam sobre a famosa fogueira de fim de ano. Praticamente todos os jovens quando chegava perto do final do ano escolar se reuniam em uma parte afastada da cidade onde acendiam uma enorme fogueira enquanto bebiam e festejavam ao redor. Eu nunca tinha ido até lá, mas era meu último ano antes de ir para o ensino médio e minha melhor amiga, Alice, queria muito ir então resolvi acompanha-la. 

Eu me arrumei o máximo que consegui (mas ainda era o clássico shorts, blusa e coturno) e meu pai me levou até a festa, mal tinham acendido a fogueira e o lugar já estava cheio. Olhei para meu celular, que não tinha nenhuma mensagem de Alice, e logo em seguida entrei naquele aglomerado de gente para procura-la. 

Já tinha se passado meia hora desde que cheguei e não havia nem sinal dela, comecei a ficar irritada e resolvi mandar uma mensagem. 

***

Mal: Cadê você? 

Lice: em casa, sorry

Mal: Como assim?

Lice: estou com uma febre muito alta, minha mãe não me deixou ir

Mal: Nossa obrigada por avisar.

Lice: Sorry sz

Mal: Vou pensar.

***

Bufo enquanto olho ao redor, tanta gente desconhecida. A maioria já estava bêbada e dançavam como loucos. Levanto de um tronco em que estava sentada e começo a caminhar para longe, ligo para meu pai que demora para atender.

***

M: Pai?

P: Olá querida, o que foi?

M: Pode vir me buscar?

P: Mas já? 

M: Sim pai, Alice não veio e estou sozinha aqui.

P: Qual é filha, se enturme, vá dançar.

M: Eu não estou nem um pouco afim.

P: Vamos fazer assim, você vai lá e tenta se divertir. Se daqui meia hora você não me ligar sei que está se divertindo, mas se me ligar eu vou.

M: Mas pai...

P: ...

***

Tiro o telefone da orelha e olho para ele, vendo que meu pai desligou, não acredito que ele fez isso mas ao mesmo tempo sei que é tão típico dele. Olho mais adiante e vejo a estrada deserta que vai em direção á cidade, a parte escura não é muito longa porém é arrodeada de mato e provavelmente bichos em que nele se esconde. Volta a olhar para a festa e vejo gente se agarrando, alguns indo para uns cantos vomitar e outros fazendo uma brincadeira idiota de fingir de jogar alguém na fogueira.

Sigo em direção á estrada e ouço o barulho da festa ficando cada vez mais longe, chego a um ponto em que tudo que eu ouço são meus passos e meus pensamentos. Ouço algum barulho dos arbustos mas quando olho tudo que vejo são eles se mexendo, provavelmente o vento. Continuo a andar e depois de alguns passos ouço outro barulho. Me viro olhando para onde antes dava pra ver a festa, agora tudo estava longe de mais, mais longe que a cidade.

Quando volto a me virar olhando em direção a luz no fim da estrada vejo uma figura sombria, era um garoto que deveria ter a minha idade. Seus olhos azuis estavam fixos em mim como se iria me comer com os próprios e em seu rosto branco estava um enorme e maldoso sorriso. Dou um pulo assustada o que o faz aumentar mais ainda seu sorriso, ele vai se aproximando de mim vagarosamente e quando tenta encostar sua mão em meu rosto eu lhe dou um tapa. O garoto fica com uma cara de raiva e logo posso ver seus olhos avermelharem e suas veias dilatarem, quando ele abre a boca tudo o que vejo são seus dentes pontiagudos que me fazem correr.

Eu corro o mais rápido que posso até não ouvir mais nenhum barulho, olho pra trás enquanto ainda corro e não o vejo, alguns passos depois bato tão forte contra ele que acabo caindo. Seus olhos de maníaco me observavam e seus passos curtos o traziam cada vez mais perto de mim, tento me arrastar para trás mas ele me segura com tanta força que meus braços ficam roxos logo depois de serem soltos.

Ele se abaixa até mim e me morde, consigo sentir seus dentes dentro da minha pele e meu sangue indo para longe. Grito e tento me soltar mas logo perco minhas forças e vou ficando cada vez mais fraca, ele me solta e me joga para perto das árvores, logo em seguida ele olha em direção a festa e após minha piscada demorada ele desaparece. Depois de minutos, que mais pareciam horas ouço passos e tento me arrastar para longe pois não queria passar pro aquela dor agonizante de novo, vejo um par de calçados masculinos em minha frente e tento me encolher, um garoto com uma pele ainda mais branca me pega no colo.

Tudo que lembro antes de apagar são seus olhos azuis arregalados me olhando, foram segundos mas para mim eu entrei dentro de sua cabeça e pude sentir que ele iria me ajudar, depois disso eu me entreguei. 


PS. Segundo e último capítulo de hoje, não sei porque mas amei escreve-lo. Espero que gostem.


TELL ME 'BOUT YOUOnde histórias criam vida. Descubra agora