1. Surpresa

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Era semana de ação de graças e eu ficaria na casa dos meus pais na Flórida até as festas de fim de ano. Não trabalharia com o Alex, já que todos os compromissos estavam agendados.

Apenas uma coisa eu não esperava nessa volta pra casa: reencontrar meu ex-noivo, Matt. Nos conhecemos na faculdade e só não estamos casados hoje porque eu quis ir trabalhar na costa oeste, Los Angeles, para ser mais específica. Eu teria mais oportunidades por lá já que há uma infinidade de agências de publicidade e PR. Meus pais fizeram a gentileza de convidar os pais dele e ele, claro, pro dia de ação de graças sem me avisar. Era como se eles fizessem parte da família ainda. Na minha mente, eu tinha apagado as memórias... até esse dia, quando dei de cara com ele ao abrir a porta. Senti frio na barriga. Confesso.

Ele também tinha ido morar longe. Trabalhava em um jornal em NY e tinha voltado à cidade pelo mesmo motivo que eu. Fiquei chocada ao ver como o tempo tinha sido generoso com ele. estava malhando, viu. Benza Deus! E solteiro. Pelo que conversamos, ele tinha namorado algumas meninas mas as exigências do trabalho com turnos que mudavam sempre e viagens para cobrir eventos e etc. deixavam as meninas sem paciência. E em NY a mulherada é meio louca, né. Existem as que não querem compromisso de jeito nenhum, só "one night stand", e aquelas que simplesmente não têm tempo pra pensar em relacionamentos. Por essas e outras, esse gato ainda estava livre.

De alguma forma, me sentia confortável perto dele como se nada tivesse mudado. Ele me tratava assim, como se tivéssemos nos encontrado semana passada. A gente era amigo, sabe? Aí, você me pergunta: e o outro? Hmm, comecei a pensar que poderia ter uma vida, escolher algo pra mim. Não necessariamente ficar com o ex, mas ter uma vida pós-Alex. Acabar com essa história toda e mudar. Enquanto a gente conversava, eu pensava um tanto de coisas: voltar pra Flórida, tentar trabalhar em NY. Fiquei bastante confusa nos pensamentos. Era forte o que eu tinha com o Alex e, desconsiderando minhas novas ideias, o ex nem tinha insinuado nada, muito menos dado em cima de mim. De boa, a gente só teve uma conversa legal naquele dia. Até que ele me chamou pra sair na noite seguinte...

Pensei: "Tranquilo. Somos amigos. Vamos ficar um tempo juntos". Eu não tinha mais amigos daquela época no bairro e não tive tempo de procurar ou avisar que estava na cidade. Também não sou capaz de manter laços por muito tempo, então já tinha perdido o contato de muitos.

Fomos ao cinema. Isso me parecia bem familiar, principalmente com ele. Uma das coisas que mais fazíamos juntos era assistir filmes. Em casa ou no cinema, a gente gostava muito. E sem se aproveitar, viu. Foco no filme.

Paramos em frente à minha casa e ele disse:

— Posso entrar e dizer "oi" pros seus pais?

— Claro, não precisa pedir!

Dito isso, nós entramos, ele contou algumas coisas sobre o trabalho atual aos meus pais, que ainda não tinham conversado muito com ele, como eu fiz. Quando fui com ele até a porta, ele disse:

— Olha, senti falta do nosso tempo juntos. A gente seguiu caminhos diferentes, cidades diferentes, né?

Eu, quis tirar o foco do "nós":

— Ah, nem tão diferente assim. Trabalhamos com a mesma coisa, de certa forma e vivemos fora da nossa cidade. Temos isso em comum. É legal, não é?

— Você é viciada em trabalho? Digo, você tem tempo pra namorar ou coisa assim? — ele perguntou.

— Você quer saber se eu tenho namorado? Eu posso te dizer que trabalho bastante, haha. — Que cínica!

— Tá bem, não vou mais perguntar. Preciso ir agora. — veio me abraçar. Sabe aquele abraço mal intencionado que encosta tudo? Todo perfeitinho. Fiquei meio lesada nos segundos que a gente se abraçou. Abraço quente com os braços dele agora mais... fortes. Uhh!

Ele me olhou e disse:

— O mesmo perfume?

— Você lembra? — não estava acreditando!

— Eu nunca ia esquecer — e deu um sorrisinho de lado, me olhando com aqueles olhinhos.

Banho frio. Tinha que ser. O que é que estava acontecendo? Só tinha algumas semanas aqui e tinha a sensação de ter voltado no tempo. A gente ficou mal por ter se separado, mas nossos planos eram diferentes. Com um abraço eu fiquei toda bagunçada. Alex não me ligava, nem tinha a obrigação de fazer. Acostumamos assim, ele me ligava quando queria me encontrar e ficar um tempo junto. Era tudo o que eu tinha.

(...)

Por dias, Matt não apareceu e fiquei bastante ansiosa. Como assim? Liguei pra casa dos pais dele e me disseram que precisava voltar para NY, porém voltaria em uma semana. Os dias demoravam uma eternidade e liguei pra ele só pra confirmar, como quem não quer nada, quando ele voltaria. Não aguentei...

Quando ele voltou, veio direto me ver. Que surpresa boa! E nada do Alex. Vi que ele estava agitando coisas com a família e soube pela mãe dele nas redes sociais que viria passar o natal na Flórida. Ai, não queria saber disso. Será que ele iria me procurar? Ele sabia que eu estava aqui.
Depois de outro abraço como aquele, acho que eu comecei a ter vontade de falar alguma coisa. Parece que ele estava curtindo ficar comigo. Estava um clima meio tenso entre a gente. Parecia que faltava acontecer alguma coisa...

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