Extras - 17. Não foi tão ruim

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Matt

Acredito que estava escrito em algum lugar que a gente ficaria junto. Depois de idas e vindas e muita teimosia de ambas as partes, ela disse "sim". Agora era pra valer e eu não deixaria essa mulher me escapar de novo.

Nos conhecemos na faculdade quando tínhamos 18 anos e eu tinha vários problemas com a minha imagem, como todo adolescente. Para ser mais claro, eu me achava meio feioso. Na época de escola, era tímido e isso dificultava arrumar namorada, por outro lado significava que eu teria mais tempo para jogar meu vídeo game em paz. Só me incomodava quando conversava com colegas ou ia à alguma festa com o pessoal da mesma idade e notava que não tinha papo pra conversar com as garotas ou os amigos zombavam de mim por nunca ter transado. Não tive irmãos, mas sempre quis ter alguém para trocar uma ideia às vezes, tirar umas dúvidas... Era um pouco inseguro até para falar em público, me achava um cara sem graça e só usava cabelos compridos porque queria parecer com meus ídolos do rock.

No último ano do colégio, resolvi me arriscar um pouco e tomar mais iniciativa para tudo, conhecer garotas, ir à mais festas, tomar alguns porres e finalmente perder a virgindade. Estava cansado de ser alvo de piadinhas e não queria entrar na faculdade no mesmo "estado", nem que fosse só para dizer que já tinha feito. Meu histórico de relacionamentos era praticamente uma folha em branco ao entrar na faculdade e se resumia a ficar com alguém de vez em quando, mas nada que durasse mais de uma noite ou passasse de uns beijos.

Tinha uma menina, a Dani, com quem fiquei algumas vezes e chegamos próximo do que parecia um namoro. Eu não entendia a definição quando você não pedia a pessoa formalmente. Nunca fiz a pergunta, a gente só se curtia. Ela já tinha saído com outros caras do colégio devido à sua iniciativa. Dois deles eram meus amigos e sempre se gabavam contando como tinha sido a noite com ela. Dani mostrava interesse quando estava afim de alguém e já partia pra luta.

Desse jeito, se aproximou de mim numa das festas secretas na casa de alguém um dos garotos com o intuito exclusivo de encher a cara, pedindo pra pegar uma bebida pra ela no freezer. Se debruçou no balcão da cozinha, apoiando-se nos braços cruzados dando destaque aos seios livres e perfeitamente desenhados debaixo da blusa. Aquela filha da mãe sabia provocar! Eu não conseguia encontrar a cerveja bem diante do meu nariz, tudo por causa daquele decote. Fui pra casa pensando naquilo e confesso que pensei outras vezes enquanto estava sozinho fazendo o que garotos fazem.

Definitivamente, eu ia querer vê-la de novo. No aniversário de um dos meus amigos, ela estava lá. Me deu frio na barriga quando vi, chegava a ter medo dela. Nem precisei me aproximar pra ver que tinha me notado. Estava conversando com outras pessoas, mas sempre de olho em mim. Vira e mexe nosso olhar se cruzava. Quando achei que tinha bebido o suficiente pra falar, fui surpreendido por ela pulando na minha frente.

— Oi, que bom te ver de novo. Acho que agora já mereço me apresentar. — disse ela.

Dani tinha os cabelos castanhos, olhos verdes e pele bem clara. Nem parecia que morava na Flórida. No momento que surgiu na minha frente, pude sentir o perfume dos seus cabelos longos e de novo aquele bendito decote. Mais inspiração pros pensamentos lascivos combinada aos hormônios da adolescência a todo vapor. Naquela noite ela usava uma blusa que deixava o umbigo à mostra e saia curta. Eu tentava disfarçar enquanto observava esses detalhes, mas meu amigo lá embaixo não estava colaborando. Ela falava muito bem, era animada e cheia de energia. Isso era muito excitante pra um bicho do mato como eu que não tinha aquela articulação toda e que muito menos era atraente. Eu começava a pensar que tinha dado sorte por ela ter me enxergado. Nos olhos dela, eu via que não tinha intenção de só conversar ou falar sobre O Senhor dos anéis. Estava mais para American Pie.

Não sei como ela fez render tanto assunto, só sei que conforme o tempo passava, eu sentia os efeitos da cerveja e ter um tempo sozinho com ela não saía da minha cabeça. Dani chegou mais perto e inventou um pretexto qualquer para pegar na minha mão como se fosse uma cartomante.

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