3. Outro alguém

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Infelizmente, ele não ficou aquela noite comigo. Quis ir pra casa pra não gerar comentários dos meus pais no dia seguinte sendo flagrado saindo do meu quarto. Ele queria muito ficar e eu também, mas concordei que fosse embora, pois ainda teríamos mais dias juntos.

Na noite seguinte, ele me convidou pra sair e fomos a um bar. Estava um pouco apreensiva sobre como ele agiria depois daquela noite incrível.
Ele estava absurdamente lindo. Além dos drinks, me fazia rir ainda mais e a gente não se desgrudava. Mãos dadas, carinho no cabelo, mão no pescoço e risos, muitos. Não via a hora de ficar sozinha com ele de novo. Ele era muito charmoso, mas não se dava conta, o que fazia dele um cara super simples e nem um pouco convencido. Eu não percebia aquela beleza toda antes, agora não tinha como ignorar.

Depois de alguns beijos e bebidas, ele disse:

— Tem muita gente aqui. Vamos ficar sozinhos? Só nós dois... sem perigo de sermos flagrados por ninguém?

— E pra onde a gente iria? — perguntei.

— Confia em mim. Só quero ficar com você, longe dessa gente estranha. — disse.

— Tudo bem, vai. Vamos sair daqui. — Peguei na mão dele e fomos.

Quando entramos no táxi, meu telefone tocou. Era bem tarde e o Alex resolveu ligar na hora mais inapropriada. Não atendi a primeira vez nem a segunda nem a terceira. Mas pela insistência, Matt acabou perguntando:

— Você não vai atender? Deve ser importante, tá insistindo tanto.

— Pelo que bebi, não deveria atender. — Não expliquei muito.

Ele pegou o telefone e disse:
— Vou atender! — mas o telefone parou de tocar.

Aquela era uma boa oportunidade de fazer ciúmes no Alex. Mesmo que ele fosse falar de trabalho, ia ficar com uma pulga atrás da orelha. Assim que Matt me devolveu o telefone, tocou mais uma vez.

— Pode atender. — eu deixei.

— Alô! — Matt respondeu.

— Alô. Oi... É o Alex... Desculpa, acho que liguei errado.

— Não, você ligou pro número certo, mas ela não pode falar agora. Está dormindo, na verdade. Já está bem tarde pra ligar, viu?! Um abraço!

Eu daria tudo pra ver a cara do Alex do outro lado da linha.

— Era seu amigo... Alex. — Matt olhou pra mim querendo descobrir quem ele realmente era. Ouvi-lo falando o nome do outro me deu um mal estar terrível.

— Ele não é meu amigo, Matt, ele é meu chefe.

— Ligando tão tarde? — perguntou.

— Deixa isso pra lá — não estava disposta a explicar minha vida complicada naquele momento.

Fiquei meio aérea depois disso, doida pra saber o que o Alex queria dizer, mas faria tudo de novo pra deixá-lo cheio de dúvidas. Resolvi desligar o celular.

Matt não tinha me contado que os pais dele iriam passar uns dias fora para compras de natal e a casa estaria vazia. Não poderia ser melhor pra ficarmos juntos.

— Estava me perguntando se a gente iria dar uma volta e você me trouxe pra cá? — fingi desapontamento.

— Não quero te decepcionar, só pensei que você gostaria de rever meu quarto, já que eu pude ver que o seu continua do mesmo jeitinho de quando eu frequentava antes — se referia ao que a gente fazia de portas fechadas.

— Imagina! Não é por causa disso. Eu só não pensei na sua casa como opção... e que estaríamos sozinhos. — eu tentei me explicar.

Ele chegou mais perto e me deu um abraço demorado, fazendo carinho nas minhas costas, falando perto do meu ouvido:

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