You are enough

9. De verdade

Your love is like a river peaceful and deep

Your soul is like a secret that I never could keep *

Noite de Natal

Fiquei em casa esperando que ele viesse... estava tão cansada de me expor em relacionamentos que não me esforçava para agradá-lo ou demonstrar o que estava sentido. Passei a ficar na defensiva e esperar que ele desse o primeiro passo para tudo. Tinha medo de agir, motivada pela minha carência, magoá-lo ou gerar expectativas que depois não conseguiria atender.

Ele me ligou na hora do jantar e ouvir aquela voz me deixou imensamente feliz.

— Feliz Natal, linda! — do lado de cá, eu tinha o maior sorriso do mundo, mas me contive em dizer "oi"...

— Tudo bem? O que você está fazendo? — não esperou a resposta.

— Eu estou bem. Meus pais estão indo dormir agora. Acho que também vou, não tenho muito o que fazer. — eu sabia que ele diria alguma coisa depois disso.

— Quero te ver... Posso te buscar. Ficar comigo é melhor do que dormir sozinha, não é?

— Haha. Claro que é! Tudo bem. Te espero.

(...)

Quando ele chegou, dei um abraço com tanta vontade que esqueci aquele blábláblá de me preservar e tal. Não conseguia controlar, ele me deixava à vontade pra ser eu mesma. Aproveitei o friozinho como desculpa pra demorar um pouco mais para sair daquele abraço. Quando soltei, pude olhar melhor pra ele, ainda na varanda. Aquele frio deixando o rosto dele corado e as luzes do lado de fora de casa piscando... Eu não queria falar nada, só olhar pra ele me dando o melhor sorriso.

(...)

Chegando lá, todos já estavam dormindo. Fomos pro quarto de hóspedes, um pouco maior que o dele e bem aconchegante. Ele não queria dormir no quarto dele naquela noite. Confesso que estava esperando por esse momento desde a hora que abri a porta lá em casa. Aqueles olhos... Tínhamos algo mais para "falar". Depois de toda a turbulência dos últimos dias, tínhamos voltado a estranhar aquela intimidade, porque ele me deu espaço para pensar no que eu realmente queria fazer.

Estava bastante frio. Ele levou o vinho pro quarto enquanto eu trocava de roupa e vestia outra mais confortável para dormir. A lareira estava acesa e ele me esperava. Ficamos ali perto com algumas almofadas espalhadas no tapete. Vesti um casaco grande e quentinho por cima da camisola que ele nem sabia que eu estava usando. Se alguma coisa não seguisse como eu imaginava, pelo menos ele não saberia das minhas segundas intenções. Mas acho que ele me deu sinais de não querer ficar em seu quarto sozinho.

Sentei ao seu lado, peguei a taça de vinho que ele segurava pra mim e a gente se olhou. Ainda tinha aquele sorriso que dava a impressão sempre de estar prestes a falar alguma coisa. Eu sorri de volta, sem falar nada.

— O que foi? – ele disse.

— Você me deixa confusa.

— Porque? — Ele riu e franziu as sobrancelhas sem entender.

— É difícil resistir...

— Você está tentando resistir? — procurou me olhar nos olhos.

— Eu não sei. Você parece ser tudo o que eu esperava. Por outro lado, eu acho que precisava de um tempo sozinha.

Ele colocou a mão no meu rosto e levantou minha cabeça. Chegou pertinho e encostou seu rosto no meu. Fechando os olhos, deslizou a mão pelo meu cabelo.

— Você quer mesmo um tempo sozinha? – Como eu diria que sim?

Chegou perto do meu ouvido e falou:
— O que eu preciso fazer pra te convencer a ficar comigo?

Eu estava de olhos fechados e derretida. Aproveitando o momento, ele deu beijos suaves do meu pescoço ao meu ombro, enquanto afastava a gola do casaco e descobria minha camisola. A boca dele estava quente, assim como o ambiente à nossa volta. Quando ele afastou meu cabelo pra repetir o gesto do outro lado, o interrompi colocando a mão no rosto, no queixo, olhando pra boca dele. Respirei fundo.

— Quero você! — eu admiti.

Ele me pegou pela mão e me conduziu para ficar de frente pra ele. Abriu meu casaco e me olhou com desejo enquanto subia as mãos pelas minhas pernas. Pressionou meu corpo contra o dele e me encaixou num abraço.
O cheiro, o calor e o gosto do beijo dele com a mão úmida na minha nuca me deixavam inebriada... Ele admirava minhas expressões e o movimento do meu corpo sobre o dele.

— Você é maravilhoso! — o sentia em mim... quente e lentamente. Eu não quis mais fechar os olhos porque as expressões dele eram lindas demais para se perder. Ele reclinava a cabeça na minha sem deixar de me atravessar com aquele olhar. Senti que estava chegando lá sem fazer movimentos mais intensos, só com ele sentindo-o se mover deliciosamente dentro de mim e aquela energia doida que irradiava até a ponta dos dedos.

*God must have spent (a little more time on you) — *Nsync