11. Olhos fechados

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You gotta show her why she can't resist
Make her blush when you put your hand on her hips

Depois daquela recepção calorosa, nos preparamos para encarar a Times Square lotada de gente animada. Era um pouco difícil andar curtas distâncias, mas não importava muito. Só queríamos um lugarzinho pra ver o ball drop. No meio de toda aquela aglomeração, eu prestava atenção em uma coisa boba, meio que em câmera lenta: mãos dadas. Ele seguia na frente segurando firme a minha mão e tentando abrir caminho. As pessoas chegam realmente muito cedo pra ficar mais perto da bola, tipo réveillon de Copacabana, onde as pessoas chegam de manhã pra bater perna o dia inteiro. Haja disposição! Pensando bem, ficar distante tornaria nossa volta pra casa bem mais fácil.

— A gente pode ficar por aqui? — ele perguntou.

Ficamos bem agarradinhos por causa do frio. Ele disse no meu ouvido:

— É tão bom ter você aqui comigo!

Faltava pouco pra meia noite, eu podia esperar. Mas a vontade de passar uma noite como a de natal era enorme. Não me "acostumava" com ele, no sentido de achar normal. Estava levando aquela história de novidade muito a sério. A vontade de ficar junto era igual a de comer doce, a qualquer hora e sem parar.

3, 2, 1... assim que acabou aquela explosão colorida da virada, fugimos bem rapidinho. Voltamos pro apartamento dele, comemos e bebemos alguma coisa juntos.
Enquanto ele servia nosso vinho na bancada da cozinha, eu olhava a agitação das pessoas pela janela. Ele morava em uma rua mais distante do centro, mas a aglomeração de pessoas nessa data era tão grande que se espalhava pela cidade. Tirei o casaco porque a casa já estava bem quentinha. Ele me deu a taça e ficou atrás de mim na janela.

— Gostou de Nova Iorque?

— É uma loucura, né? Tem muita gente aqui. Eu sei que hoje não é um dia normal, mas faço ideia que nos outros dias também seja movimentado.

— Sim , basicamente, as pessoas que trabalham aqui estão andando por aí bêbadas agora. Adicione um monte de turistas e é isso que você está vendo.

— Trabalho... Matt, o ano já começou. Preciso arranjar um trabalho!

— Você quer descer e procurar agora? Não sei se vai dar certo — fazendo graça.

Ele continuou atrás de mim e afastou meu cabelo pro lado para deixar meu pescoço livre pra beijar. Beijava e falava com uma voz embriagada, não totalmente de álcool, mas de charme mesmo.

— Não pensa em trabalho agora, aproveita isso aqui. — eu senti frio na barriga. Ele cruzou as mãos pela minha cintura e me abraçou. — Temos coisas mais interessantes para fazer.

— Por exemplo? — me fazendo de desentendida.

Ele me virou de frente pra ele e segurou meu rosto com as mãos. Eu via os olhos dele com a luz que entrava pela janela. Estávamos no escurinho, só com as luzes da árvore de natal e do abajur. Ele me beijou devagar e parou um instante com os olhos fechados.

— O que foi, amor? — era a primeira vez que eu o chamava assim. Ano novo, hábitos novos.

— É tão forte... — balançou a cabeça rapidamente como se quisesse afastar o pensamento.

— O quê? Fala. — achei fofo.

Ele apertou os olhos e disse:

— Eu não consigo controlar o que sinto quando estou perto de você. Eu tenho tentado não ser inconveniente pra que você faça o que quiser da sua vida, mas tudo o que eu quero é ficar com você. Desculpa colocar esse peso sobre você agora, eu só precisava falar.

Fiquei sem palavras. Ele tinha acabado de dizer além do que eu esperava ouvir. Sabia que ele gostava de mim, que queria ficar comigo, mas ele nunca havia me expressado assim. Nos beijamos indo em direção ao sofá e ele tirou a camisa.

Eu me arrumava no sofá enquanto ele abria a calça, mas não tirou. Me beijou mais e me cobriu com o corpo dele com a pele branquinha, quente e macia.

Ele não queria mais falar, me beijava intensamente e devagar. Uma delícia! Ele só interrompia para tomar ar e tirar o cabelo do rosto.

— Não faça isso comigo. Você é lindo demais!

Ele só riu e se ajoelhou para tirar a calça. Eu reparei em cada detalhe do corpo dele! A luz me ajudava a admirá-lo enquanto se apoiava em um dos braços, mostrando a definição de cada músculo e me acariciava o rosto com a outra mão. Olhos fechados, movimentos, voz, sons, diferentes níveis de intensidade.
Ele olhou pro nosso corpo grudado com aquele sorrisinho de sempre. Eu não queria que aquele momento acabasse.

You are enoughOnde histórias criam vida. Descubra agora