7. Resistir

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Não consegui dormir a noite toda. Matt dormiu comigo mas desisti de pegar no sono, levantei e fui pra sala. Enviei mensagem pro Alex dizendo que a gente precisava conversar. Olhava em volta e lembrava do que tinha acontecido ali nas últimas horas. Como eu poderia consertar as coisas? Não queria que fosse conturbado daquele jeito, muito menos que ele visse a gente ali como viu.

O dia amanheceu, chegou a tarde e ele não ligou. Então o fiz. Seria mais rápido se ele atendesse, mas só dava caixa postal. Eu não ia deixar o dia passar sem resolver, até porque, logo depois do natal ele iria para Los Angeles de novo e ficaria mais difícil encontrá-lo.

Liguei para a mãe do Alex e soube que ele estava em um apartamento alugado do outro lado da cidade, usado para ensaiar e compor quando passava um tempo na Flórida e eu sabia o endereço.

Agindo como se ainda trabalhasse com ele, perguntei se tinha alguém da banda o acompanhando. Ela suspeitava que Alex estava sozinho mesmo e resolvi arriscar.

— Alex, sou eu. A gente precisa conversar. — falei no interfone.

— Não me faz perder tempo, tá. Não quero te ver. — disse furioso.

— Por favor! Vamos terminar como adultos.

Silêncio.

Eu não ia ficar plantada na porta por muito tempo. O portão acabou destravando e eu subi. Alex me esperava com a porta aberta.

— Entra. — Andou até a janela e acendeu o cigarro. A tensão fazia seus passos se tornarem audíveis e pesados sobre o piso de madeira. — Fala!

— A gente não precisa terminar desse jeito. — eu disse.

Ele balançou a cabeça assentindo enquanto deu um trago no cigarro.

— Você já está decidida, não é? De um dia pro outro você acordou e percebeu que queria ficar com aquele cara.

— Porque isso te incomoda tanto? Porque eu não posso procurar ser feliz do meu jeito? — e a voz começou a engasgar de tanto ódio que eu sentia, vendo sua postura arrogante. — Eu não dependo de você. Eu sabia no que estava me metendo quando te conheci, mas agora cansei. Você só quer que eu fique à sua disposição, esperando.

Alex andou em minha direção e parou em minha frente, talvez para me intimidar. Eu apontei o dedo em seu peito, olhando nos olhos.

— Eu realmente sei quem você é: um filho da puta egoísta e arrogante.

Ele continuou andando em minha direção, agora me fazendo dar uns passos para trás e segurou meu rosto.

— Você está falando besteira. Eu sei como você se sente e — no ouvido sussurrou — o que você quer. Ninguém vai tirar isso da gente, você sabe disso. Ele não é como eu.

— Sai! Deixa de ser idiota. Ele é muito melhor que você! É honesto, é de verdade. É isso que você quer ouvir?

Empurrei Alex pra longe. Falei as últimas palavras com muito prazer, para magoá-lo.

— Cala a boca! — me encostou na parede de novo. — Você não vai me fazer acreditar que já esqueceu como a gente dá certo.

— Alex, me solta. Você tá me machucando. — Ele continuava me segurando. Num impulso, empurrei e consegui me soltar. Ele segurou meu rosto e ficou com a boca encostada na minha, esperando me acalmar. Continuava me machucando. Eu com raiva dele e ele de mim, contudo o corpo dele me pressionava contra a parede e a insistência tirava minhas forças.

— Me solta. — eu pedi sem muita confiança.

— Deixa eu provar que sou melhor que ele... Daí, deixo você ir.

— Não seja ridículo. — consegui me soltar, jogando-o em cima das cadeiras da mesa de jantar. Ele não esperava aquela força. Era um acúmulo de raiva e vontade de me libertar. — Você não consegue entender, Alex. Acabou, não vá mais atrás de mim ou eu chamo a polícia!

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