Ele vive

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*Mabel*

Pacífica ganhou. Eu vou morrer...

    Minhas mãos foram aos poucos parando de apertar a fofa grama que se encontrava em todo o chão daquela maldita floresta. Eu podia sentir as batidas de meu coração  desacelerando. O ar não estava mais presente. Meus olhos imploravam para serem fechados, me entregando completamente nas mãos da morte e da escuridão total. Lamento por todas as pessoas que eu conheci, agora terem que lidar com minha trágica morte. Lamento, principalmente, por Dipper. Ele não merece isso. Ele não merece passar esse sufoco. Queria passar mais tempo com ele. Aproveitar cada segundo ao seu lado. Eu queria... poder vê-lo novamente. E me desculpar, por partir assim tão rápido e de uma maneira tão imprevisível. Eu só... queria ficar com ele... para sempre.

- Dipper... - sussurrei, em uma última tentativa de dizer algo antes de morrer -, me perdoe...

   De repente, vi algo bater forte no rosto de Pacífica. Ela parou de apertar meu pescoço e foi de encontro ao chão. Me sentei açodadamente na grama e comecei a tossir desesperadamente. Respirei fundo. Senti o momento em que meu pulmão começou a se ampliar, tentando inspirar uma quantidade necessária de ar que tanto me faltava. Eu respirava com dificuldade. Olhei para o lado e pude ver Gideon. Ele havia me salvado? Gideon olhava para suas mãos aterrorizado, como se perguntasse o que diabos havia acabado de fazer. Seus olhos ficaram marejados, e em poucos segundos, as lágrimas começaram a descer desenfreadas.

   Pacífica se levantou, furiosa, do chão. Ela lançou um olhar mortal na direcção de Gideon e, depois, se pôs a gritar:

- Seu filha da puta, você me paga!- gritou, furiosa.

   Em seguida, Pacífica agarrou o pingente de seu colar. E, novamente, ele emergiu um brilho azul e estranho. E, novamente, seus olhos adquiriram o mesmo, e anormal, brilho da cor de seu pingente. Gideon se tacou no chão. Ele segurou em seu peito e começou a se tremer. Os olhos de Gideon ficaram totalmente brancos, pareciam ter se virado do avesso. Me levantei com um pouco de dificuldade e sai correndo em direcção a Gideon.   Tentei ajudar Gideon, mas Pacífica me pegou no flagra, e fez com que a mesma força de antes, me pegasse e eu ficasse flutuando, tendo que assistir aquela tortura, sem poder fazer coisa alguma. Lágrimas desenfreadas começaram a emigir de meus olhos. Eu queria ajudá-lo, mas tinha que ficar presa, assistindo uma série de torturas acontecendo com ele. O sorriso de Pacífica ficava cada vez maior e mais perverso. Eu estava assustada de mais. Depois, os olhos dele ficaram intensamente pretos. Logo, Gideon vomitou algo preto, que parecia ser seu próprio sangue. Pude escutar ele sussurrando:

- Pacífica... por favor... pare...

   Olhei pra Pacífica, a mesma ainda segurava o pingente de seu colar e o apertava com tamanha força sobrenatural. Ela tinha um sorriso grande e perverso em seu rosto. Parecia se divertir vendo aquela cena horrenda. Gideon ainda se tremia, segurando com força em seu peito e vomitando muito sangue. Eu sabia que podia ajudá-lo de alguma forma. Mas primeiro eu tinha que me esforçar para segurar aquele maldito choro que insistia em ficar, e fazia com que lágrimas descontroladas escorressem por minhas bochechas. Eu tinha que seguir em frente. Eu tinha que ser forte. Com muita dificuldade, eu engoli o choro, e, logo, comecei a me mover. Tentei, inutilmente, escapar daquela força invisível, que insistia em me manter flutuando.

   Não adiantava, eu não iria conseguir sair dali nunca. Eu tinha que pensar em algo. E rápido! Gideon já tinha vomitado muito sangue, deveria estar zonzo por conta disso. Olhei para todos os lados, tentando achar algo útil para minha fuga. Olhei para o chão, e lá estava ela, uma pedra. Parecia ser apenas uma simples e inútil pedra, mas eu sabia que ela poderia me ajudar de alguma maneira. Eu tinha que tentar. Estiquei meu braço o máximo que pude e, com muito esforço, consegui pegar a pedra. Eu só tinha uma chance. "É agora ou nunca", pensei. Joguei a pedra, com força e precisão, contra a cabeça de Pacífica. Ela deixou seu colar cair no chão e, automaticamente, pôs suas mãos em sua cabeça.

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