1 segundo...

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🌌Autora🌌

E se eu te dissesse que tudo ao seu redor pode dar uma absurda reviravolta em apenas 1 segundo, sem que, ao menos, pudéssemos se dar conta que estávamos apaixonados? Certamente, você negaria com um balançar de cabeça cômico e riria de mim falando em um tom de chacota que isso é só uma teoria estúpida e nada mais. Mas acredite: um segundo pode mudar sua vida para sempre. Em um segundo, você pode se apaixonar perdidamente por uma pessoa, mesmo que ela seja sua irmã... Em um segundo, você pode criar coragem para tomar a iniciativa de lhe roubar um beijo, mesmo que isso seja indecente aos olhos de muitos mas bom aos seus... Em um segundo, você pode estar correndo desesperadamente com seu coração em mãos, tentando alcançar seu anjo da guarda que as malditas bestas negras tentam puxar para o inferno, mesmo sabendo que as bestas são mil vezes mais rápidas que você... Em um segundo, você pode estar tomando o caminho errado mas que aos seus olhos tão insanos e perdidos parece o melhor rumo a se tomar, tentando escapar da realidade através de cortes, mesmo sabendo que você prometeu á seu pequeno infinito de olhos castanhos que nunca mais faria isso...

E isso é uma coisa tão estranha de se pensar... Quer dizer, como as coisas podem dar uma reviravolta absurda de um dia para o outro, sem que nós pudéssemos sequer piscar?! E não podemos interferir em nada, pois nosso destino já está gravado em um pedaço de pano que fora costurado pelas mãos do velho e sábio tempo, não tendo escolhas e só seguindo o que já estava previsto antes mesmo de nascermos...

O chão recém pintado de vermelho escarlate; os inúmeros cacos de vidros que destacavam-se no chão imundo; os raios de sol que já começavam a invadir o aposento; os cortes no pulso de um garoto que acabara de presenciar a pior coisa de sua vida, e, agora, dormia, vencido pela exaustão e tristeza: era essa a cena trágica que se encontrava no quarto onde um garoto e uma garota, horas atrás,  compartilhavam seu amor proibido...

Como aquele quarto havia ficado daquele estado de uma hora pra outra?! E pensar que, horas atrás, ele abrigava uma garota que, com o coração na mão, escondia os inúmeros machucados ainda expostos, com roupas exageradas, só para fazer a vontade de seu querido irmão. E pensar que, horas atrás, esse mesmo garoto e essa mesma garota se beijavam apaixonadamente, não ligando para o fato de serem irmãos, apenas deixando que o sentimento os guiasse em suas atitudes. E pensar que, nesse momento, o menino, o qual horas atrás chorava por ver os machucados de sua irmã expostos daquele jeito, está, agora, dormindo, esquecendo-se até do fato de seus pulsos estarem a latejar de dor.

Dipper passara a noite inteira na companhia de sua lâmina, a qual ele insistia em enfiar em seu braço, deixando que vários rastros de cortes pudessem ser visto. Ele se lamentava por ter chegado naquele ponto; ele tinha prometido á Mabel que nunca mais faria aquilo, mas ali estava ele, tomando as mesmas atitudes egoístas de quando tinha 14 anos. Porém, ele não conseguia parar com aquele ato louco, pois se sentia livre da dura e cruel realidade, apesar de seus pulsos arderem como nunca antes em sua vida. E o mesmo não teria parado, se a visão turva não o impedisse, obrigando-o a fechar seus olhos e a se entregar no mundo dos sonhos.

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A manhã de um novo dia já se aproximava, deixando que os inúmeros e gloriosos raios de sol entrassem pela fresta das janelas de Dipper e iluminassem seu rosto ainda adormecido.

Dipper dormia, não tranquilo como de costume, mas, sim, digamos, incomodado... Parecia ter algum tipo de pesadelo. As gotas de suor já se acumulavam em sua testa, escorrendo logo em seguida sob suas bochechas vermelhas. "Mabel!, Mabel!, Mabel!", ele gritava enquanto sua cabeça se movia involuntariamente de um lado para o outro. O "sonho" parecia tão real para Dipper que o mesmo nem deu a hipótese daquilo ser somente um pesadelo. Não, ele acreditava que aquilo era real! E por um lado, realmente era... Dipper só consiguiu despertar por causa da luminosidade anormal que vinha em sua direção. Então, ele percebeu: aquilo era só um sonho.

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