Capítulo 4

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-Sua mãe era a melhor aluna, podemos dizer que era nerd! - Miguel falou olhando para ela e depois me fitou.

-Eu somente era preocupada Mi. - Ele me olhou e sorriu cerrando os olhos.

-Você falou igual a Lari, Lua. - Ótimo, agora ele corta meu nome, me levantei e retirei os pratos. -Eu te ajudo...

-Não precisa senhor, pode continuar. - Me virei e coloquei tudo na pia.

-Sua mãe foi para o quarto pegar algo. - Ele coloca os copos na pia, se encosta de costas e me olha.

-Ela ficou feliz de te reencontrar. - Abri a torneira e molhei a bucha.

-Eu também, sua mãe foi minha melhor amiga, ela sabia tudo sobre mim, tudo sobre o que eu sentia e tudo o que eu fazia, até seria capaz dela saber o que eu sinto por alguém somente de me olhar. - Ele me olhou por inteira e ficou observando eu lavar a louça, ele acompanhava cada movimento que eu fazia.  

-Pron... - Minha mãe para na porta da cozinha e nos olha, eu estava de costas, mas podia imaginar sua cara. Se o que Miguel falou era verdade, então ela havia percebido tudo. Enxuguei minhas mãos e me virei, estava todos em silêncio, minha mãe somente nos fitava.

-Vou me deitar mãe. - Sorri para Miguel e dei um beijo na testa dela. -Boa noite. - Minha mãe sorriu em resposta e ele somente me olhou.

Fui para o quarto e fiquei pensando como eu começaria a trata-lo, pois ele começaria a frequentar minha casa e eu tinha que afastar tudo que se passava pela minha cabeça. Me deitei e pude ouvir as risadas deles vindo da cozinha.

 *  *  *  *  *  

Abri os olhos devagar e me virei para o lado da porta, hoje era domingo e eu poderia ficar na cama até mais tarde, mas como eu estava com sede resolvi levantar, sai do quarto e passei sonolenta pela sala, tomei um copo d'água e voltei, dei de cara com Miguel deitado no sofá somente de calças e coberto por uma manta fina. Ele era lindo até dormindo, isso deveria ser pecado. Balancei a cabeça e tentei voltar para o quarto sem acorda-lo.

-Bom dia. - Ouço sua voz e me viro, ele estava sentado e esfregando os olhos, e depois me olhou.

-Bom dia. - Tentei falar dando um sorriso, mas meu sono estava pesado.

-Sua mãe deixou que eu dormisse aqui, você se importa? - Ele apoia os braços no sofá e deita a cabeça neles.

-Se a capitã deixou, quem sou eu para falar algo. - Levantei uma das sobrancelhas e cocei os olhos bocejando. Ele riu e bocejou junto.

-Certo. - Se levantou e se espreguiçou. -Vai voltar para a cama? Pois vou fazer panquecas, para agradecer sua mãe pela estadia. - Sorriu e começou a dobrar a manta, me olhou e bocejou mais uma vez.

-Eu ia, mas se vai fazer panquecas eu posso me esforçar para me manter em pé. - Ele riu e sorriu de lado. -Vou guardar essa manta e me trocar, se quiser a cozinha é sua. - Fui até ele e peguei a manta, me virei e ouvi seu agradecimento quando entrei no quarto da minha mãe para guardar a manta.

-Você gosta dele filha? - Minha mãe me pergunta enquanto eu arrumava a manta no guarda roupa.

-Que pergunta foi essa? - Me virei para ela e vi que esfregava os olhos. 

-Pode me falar Larissa... - Ela me fitou e bateu a mão na cama do seu lado pedindo para eu me sentar. Fui até ela e fiquei de joelhos ao seu lado. -Você saiu de mim sabia? - Ela segurou meu queixo.

-Mesmo que eu gostasse... 

-Qual é o problema? - Ela faz perna de índio e se vira para mim.

-A idade. Ele tem idade para ser meu pai. - Ela sorriu de lado.

-Seu pai também. - Era a primeira vez que ela falava dele desde quando ele faleceu em um acidente de carro, deixando-nos sozinhas. Já se faziam sete anos. -Seu pai era dez anos mais velho que eu, muito lindo e simpático, a diferença era que não era tão rico quanto Miguel. - Ela piscou a bateu com o cotovelo em mim.

-Mãe! - Ela riu e me fitou.

-Brincadeira, mas se vocês se gostam, eu apoio. - Vi Miguel na porta apoiado e sorrindo para o nada. -Pois não Mi. 

-As panquecas estão prontas. - Ele pisca forçado mostrando que seus pensamentos estavam longe.

-Panquecas? - Ela se levanta e coloca os chinelos.

-Ele quer te agradecer pela estadia. - Falei vendo ela levantar as sobrancelhas e olha-lo.

-Desse jeito vou fazer dormir aqui daqui para frente. - Ele sorriu e me olhou. 

-Tentador Lua, assim eu aceito e me mudo pra cá. - Ele a abraça e faz cocegas nela.

-Assim fico de vela. - Os dois me olham e param a brincadeira. 

-Não é de mim que ele gosta. - Ela levanta as mãos em sinal de rendição e sai do quarto. Aquela fala fez nós dois ficarmos em silencio. -Vocês não vem? - Ela volta fazendo-nos sair daquela situação louca que ela havia nos colocado. 

Minha mãe começou a se tornar minha amiga quando fiz dezoito, ela fala que agora eu preciso de uma amiga e não de uma pessoa para me educar, essa fase já passou. Demorei para me acostumar, mas lidei bem com a situação.

-Vou me trocar e já volto. - Eles foram para a cozinha e eu fui para o quarto, me troquei rapidamente e estava de volta.

Na mesa haviam três pratos e em cada tinham quatro panquecas, Miguel se aproximou com o quarto prato e nesse não consegui contar quantos mais ele havia colocado, me sentei e comemos todos em silêncio, a ultima fala de minha mãe havia instalado aquilo.

-O que irão fazer hoje. - Miguel corta o silencio e recolhe os pratos, colocando-os dentro da pia.

-Nada...

-Eu tenho coisa para fazer mãe. - Eles me olharam, vi Miguel se entristecer e minha mãe cerrar os olhos.

-Dormir não vale Larissa. - Miguel cai na gargalhada me fazendo rir sem querer.

-Depende de quem vê. - Falei levantando as sobrancelhas, Miguel olhou para ela esperando para ver o que falaria.

-Quem dorme não vê Larissa. - Não resisti e dei risada e Miguel me acompanhou.

-Viu? Por isso mesmo. - Foi a vez dela rir, Miguel se sentou dando risadas.

-Vocês são sempre assim? - Miguel falou quando conseguiu parar de rir.

-De vez em quando, se ela não me deixa dormir. - Não resisti e vi minha mãe cerrando os olhos.

-Hoje você não dorme... - Ela finalizou e ele fez cara de que é ela quem manda.

-E o que vamos fazer? Somos pobres, sabia mãe? - Ela sorriu de lado e olhou para Miguel.

-Mas ele não. - Ela apontou para ele. 

-Não vou gastar um tustão com vocês. - Minha mãe abriu a boca e semicerrou os olhos.

-Então vai deixar ela dormir? - Ela coloca uma mão na cintura e a outra aponta para mim.

-Eu também gosto de dormir no domingo Lua. - Não resisti e dei risada. Ela me olhou.

-Vocês estão de complô contra mim hoje. - Ela virou o rosto fazendo drama.

-Eu disse que não vou gastar, não disse que não vamos fazer nada. - Minha felicidade de dormir a tarde foi para o brejo. Minha mãe sorriu de orelha a orelha. 

-E o que vamos fazer? - Ela empolgada segura seu ombro descoberto.

-Podemos ir para minha casa e assistir algum filme. Que tal? - Ela sorriu e me olhou.

-Você vai Larissa. - Ela fala firme.

-Eu não disse nada mãe. - Miguel sorriu e minha mãe também.

*  *  *  *

Oieee

Tomara que tenham gostado, resolvi escrever um pouco mais hoje.

Votem e comentem, não seja um leitor fantasma.

Bjo. ;)


Idade para ser o PaiOnde histórias criam vida. Descubra agora