Capítulo 10

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Seli e Milena ficaram até anoitecer, Miguel convidou-os para jantarem conosco, mas recusaram e foram embora. Luisa jantou no quarto e não quis se juntar conosco.

-Ela não vai mesmo descer? - Perguntei virando o suco de limão no copo.

-Disse que não iria se juntar a nós...

-Você... - Fiz bico e ele riu.

-Eu sei, mas ela mereceu e com aquela roupa que... - Ele me olhou. -Você já sabe. - Dei risada.

-Sim, sua esposa era parecida com ela? - Ele fez não com a cabeça.

-Na aparência sim, mas a personalidade de jeito nenhum. - Miguel pegou meu prato vazio e o dele e colocou dentro da pia. -Carol era detalhista e gostava de perfeição, recatada e sabia cuidar de todas as coisas que se tratam da casa...

-Vamos dizer quase perfeita. - Ele me olhou e sorriu, voltou a lavar a louça.

-Seu defeito era ser detalhista e limpava tudo o que via, me irritava as vezes. - Ele falava mexendo o nariz e esfregando os pratos.

-Vou mudar de assunto Miguel...

-Ok, pode falar. - Ele não se vira para mim.

-Você não tem empregados? A casa é grande demais para você fazer tudo sozinho. - Ele terminou de enxaguar os pratos.

-Tenho um mordomo, mas ele está de férias e se eu não me engano ele volta amanhã, você vai gostar dele. - Ele sorriu e se sentou na mesa do meu lado.

-Não me diga que se chama Alfred... - Ele riu, eu gostava de seu sorriso, me fazia bem.

-Não. - Ele balançou a cabeça. -Ele se chama Mustafá, ele tem vinte anos e é filho de um amigo da minha mãe. Como precisava ganhar uns trocados, veio pra cá.

-Que nome. - Fitei meu copo e fiquei girando ele na mesa. Vi ele bocejar.

-Acho melhor irmos para cama. - O olhei e vi seus olhos sonolentos, sorri e ele se levantou. -Posso te carregar? - Dei risada.

-Tentador, mas posso caminhar sozinha, com muletas, mas posso. - Ele pegou minhas muletas que haviam caído no chão e me entregou.

-Então te acompanho já que vou dormir no quarto ao lado. - Ele me acompanhou e paramos na frente da porta. -Então...boa noite Larissa. - Ele me da um beijo na testa e sinto que ele não queria se afastar.

-Obrigada Miguel. - Ele me olha confuso. -Por me deixar ficar aqui, minha mãe confiava em você... - Ele sorriu e vi um certo brilho em seus olhos, aquilo me deixou estranha. -O que foi?

-Você não me chama mais de "senhor". - Ele da ênfase na palavra. Eu somente sorri.

-Boa noite Miguel.

-Boa noite. - Se vira e entra no quarto ao lado.

Adormeci pensando nele mais do que queria, tudo no que eu acreditava estava sendo mudado e meu modo de pensar também, no fundo não seria ruim se eu me relacionasse com ele, mesmo que eu não saiba se ele gosta de mim, me declarar seria um risco que talvez arruinasse aquele início de amizade.

*. *. *. *.

Acordei com o tempo chuvoso, o barulho da água batendo na janela acalmava o local e me dava vontade de ficar na cama o dia inteiro. Me sentei na cama e me encostei na cabeceira, dessa vez me atentei aos detalhes do quarto, da minha cama dava para ver o guarda roupa branco com a porta do meio sendo um espelho, a parede era clara e a cama também, eu gostei do quarto. 

-Com licença senhora Simal. - Um rapaz branco, cabelo negro e olhos castanhos, vestia terno e parecia ser poucos anos mais velho que eu. -O senhor Miller mandou avisar que te espera para o café da manhã.

-Você é Mustafá? - Ele sorriu e assentiu com a cabeça. -Não precisa de tanta formalidade comigo, fique despreocupado. 

-Claro senhora. - Ele se aproximou e me deu as muletas quando coloquei as pernas para fora da cama.

Ele me acompanhou até a cozinha e me ajudou a me sentar, Miguel já estava sentado e deu um largo sorriso quando entrei, ao invés de Luisa que fez careta e voltou a comer sua panqueca. Mustafá foi para o fogão e pegou  uma leiteira grande.

-Mustafá fez chocolate quente para nós, por estar um tempo frio hoje. - Miguel fala enquanto Mustafá nos serve, o rapaz sorri a todo momento.

-Nossas mães chegam hoje Miller. - Miguel quase engasgou e a fitou.

-Mas não era somente semana que vem? - Ela ri e me olha.

-Souberam da morte da mãe da menina. - Ela fala com alegria na voz.

-Você não consegue mesmo ficar quieta Luisa...

-Sua mãe conhecia Lua, esqueceu? - Miguel fez cara de que acabara de lembrar de algo.

-Quanto tempo vão ficar? - Luisa me olhou de cima a baixo, ela já estava me irritando com esse olhamento (se é que se fala assim).

-Dois meses. - Estávamos em novembro, elas iriam somente em janeiro, com certeza depois do ano novo.

-Mas e sua mãe? - Ela o olha com a sobrancelha esquerda levantada.

-O ano novo está perto esqueceu? - Miguel sorriu e me fitou.

-Quer passar conosco? - Miguel me perguntou, foi impossível não lembrar do ultimo final de ano que passei com a minha mãe. -Ou prefere com Milena e Seli? 

-Com você... - Percebi o que tinha dito quando seu sorriso cresceu de orelha a orelha e Mustafá me encarou, naquela hora eu quis abrir um buraco no chão para me jogar.

-O que você disse? - Luisa fala irônica, como se não tivesse ouvido minha resposta. Mustafá bufa e volta para a pia para fazer algo.

-Ela disse que vai passar conosco Luisa. - Ele fala grosso e ela faz cara de nojenta. Que mulher insuportável.

-Tenho que sair...

-Já vai tarde. - Miguel fala baixo, mas eu e Mustafá escutamos, demos uma risada contida enquanto ela saia da cozinha.

-Você é mal com ela. - Falei quando Luisa saiu.

-Ela é insuportável. - Ouvimos Mustafá na pia e Miguel riu.

-Concordo. - Ele se levantou. -Vou sair e Mustafá ficará a sua disposição, se precisar de algo pode me ligar. - Ele me deu um beijo na bochecha e demorou de se afastar de mim, vi ele respirar fundo e dar um passo para trás. -Volto em duas horas Mustafá. - O rapaz assentiu e ele saiu me deixando sozinha.

* * * *

Oieee

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Bjo. ;)

Idade para ser o PaiOnde histórias criam vida. Descubra agora