Capítulo 7

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Miguel

Ela adormeceu com o olhar triste, faz três dias que ela teve a notícia da morte de sua mãe, seu rosto repousado no travesseiro me deu vontade de te-la em meus braços e dizer tudo, mas sua amiga tinha razão, ela tem idade para ser minha filha. Caminhei devagar, abri a porta e fechei devagar.

-Ela dormiu? - João fala atrás de mim, me virei e fiz que sim com a cabeça. -Não terminamos nossa conversa de antes dela acordar. - Ele falava encostado na parede e me olhava por inteiro.

-Vamos ao meu escritório. - Me afastei da porta forçando meu coração a se acostumar a ficar longe dela. 

Descemos as escadas e entramos no escritório, ele era grande, uma sala em um tom de marrom escuro, estantes sob medida cobriam duas paredes, uma de frente para a outra e cheias de livros, a mesa ao meio ficava em frente da parede de vidro que mostrava o jardim da casa, sentei na cadeira de couro e João se sentou na poltrona também de couro na frente da mesa.

-Migu...

-Já sei o que vai falar João. - Cortei-o já imaginando seu pensamento. -Vai dizer que sou velho demais para ela...

-Não era isso Miguel. - Ele sorri quando percebe meu olhar de surpresa. -Fazia anos que não te via com aquele olhar, a última vez foi antes de você saber que Carol estava com câncer. - Depois que descobrimos, eu e Carol fizemos de tudo para fazer a doença regredir, mas infelizmente não conseguimos.

-Nem com Carol senti algo assim. - Ele sorriu e fitou uma fotografia de minha esposa falecida em cima da mesa, ela estava sorridente, seus cabelos pretos voavam ao vento e ela estava balançando em um balanço que fiz para ela em nossa casa de campo, foi a última vez que vi ela sorrindo antes da notícia.

-Carol te conquistou em duas semanas, essa menina te conquistou em dois dias... - Ele sorriu. -Você pensa que não vi seu olhar para ela na aula da semana passada? - Levantei as sobrancelhas.

-Estava tão nítido assim? - Ele riu, me lembrei de Larissa sentada ao fundo com seus amigos cochichando com toda a certeza sobre mim, seu cabelo estava solto e caindo sobre seu ombro, seu olhar ao se encontrar com o meu fez eu sorrir sem querer, aproveitei e cumprimentei-a.

-Todos viram Miller. - Ele arrastou a poltrona para mais perto da mesa, apoiou os braços na mesa e me olhou. -Você pelo menos sabe se ela sente o mesmo por você? 

-Não... - Olhei para baixo me lembrando dela dentro do meu carro, foi a primeira vez que tive uma conversa longa com ela e ela me chamou de senhor. -Ela me chamou de senhor João...

-Então você acha que a amiga dela tem razão. - Ele se encostou na poltrona e olhou para a minha estante de livros, me olhou e torceu a boca. -Eu também acho que ela tem idade para ser sua filha.

-Eu sei. - Encostei em minha cadeira e fiquei virando ela de um lado para o outro. -Mas não consigo controlar o que sinto. - Ele respirou fundo e ergueu a sobrancelha direita.

-Você pelo menos sabia o que a mãe dela achava disso? - Eu sorri nessa hora, pois no sábado a noite quando jantei em sua casa, Larissa foi dormir e ficamos Lua e eu conversando até tarde. Contei a ela o que sentia pela sua filha e ela me surpreendeu dizendo que apoiava e torcia pelo nosso relacionamento, Lua se via na filha e sabia que encontraria um homem bom em sua vida, e ficaria muito feliz se fosse eu o "sortudo", foi o termo que usou com um largo sorriso no rosto.

-Sim... - Eu sorri e ele arregalou os olhos.

-Se a mãe concordava, não sei a razão do receio em se declarar. - Ele falou empolgado. Ouvimos batidas na porta.

-Entra! - Falei mais alto e eu e João vimos a porta abrir devagar, Larissa coloca a cabeça e entra esfregando os olhos, meu coração se quebrou vendo-a naquele estado, ela estava com olheiras grande e seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar. Me levantei e fui ao seu encontro. -Poderia ter ficado na cama o tempo que quisesse.

-Quando vai ser o enterro? - Sua voz triste me fez abraça-la, ela me afastou e me fitou. 

-Não precisa ir se... - Ela coloca sua mão em minha boca fazendo eu parar de falar.

-Eu quero! - Ela respirou fundo e cumprimentou João com a cabeça, que fez o mesmo com um sorriso no rosto.

-A tarde, posso leva-la. - Ela se olhou e olhou para mim, ela queria trocar de roupa antes do enterro. -Levo-a em sua casa e pode pegar algumas roupas. - Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela respirou fundo e nenhuma gota escorreu pelo seu lindo rosto branco.

-Posso ficar aqui por um tempo? Não tenho cabeça para voltar em casa. - Meu corpo queria responde-la na hora, mas eu precisava pensar com a cabeça.

-Você não prefere na casa de sua amiga? - Ela arregalou os olhos e ficou em silêncio, se afastou e saiu do local, meu coração ficou destroçado.

-Se você não for atrás dela eu te mato Miguel. - Ouvi joão falar, me virei e ele me olhou bravo. -Vai atrás dela e diz que vai deixa-la ficar.

-Não posso...

-E me diga o porquê...espera..melhor não dizer, você sabe o que faz. - Ouvimos um barulho de alguém caindo e sai correndo.

Entrei em desespero quando vi Larissa caída ao pé da escada desmaiada, toquei seu pulso e ele estava fraco, João ligou para o meu médico e ele veio em casa.

-Ela vai ficar bem, somente torceu o pé e vai ter que usar uma bota, recomendo que ela fique em um quarto no térreo... - Ele deu mais alguma recomendações e receitou um calmante para ela.

Fiquei ao seu lado e analisando-a, eu queria dize-la que poderia ficar, queria dize-la que a amava, queria dizer-la que poderia ficar sua vida inteira se quisesse, mas infelizmente algo me dizia que não seria tão fácil tê-la em meus braços.

* * * *

Oieee

Tomara que tenham gostado. Me dediquei e tentei colocar os sentimentos dele.

Votem e comentem, não seja um leitor fantasma.

Bjo. ;)

Idade para ser o PaiOnde histórias criam vida. Descubra agora