Capítulo 11

27K 1.9K 210
                                    

-A senhora gosta do meu chefe? - Fiquei em silêncio, Mustafá enxugou as mãos e se sentou meu lado. -Vi os olhares de vocês.

-Não sabia que estava tão na cara. - Ele riu.

-Você já disse para ele? - Ele levanta as duas sobrancelhas, fiz não com a cabeça.

-Eu não sei se ele sente o mesmo por mim...

-Faz três anos que trabalho com ele, e nunca vi ele olhar para alguma mulher dessa maneira, o senhor João, o amigo do meu senhor, ele sempre falou que um dia Miguel iria encontrar uma mulher que despertou o amor interior dele. - Deu uma pausa. -Ele está mudado senhora Simal.

-Como assim? 

-O senhor Miller depois da morte de Carol se tornou frio, calculista e rude. Você trouxe o antigo e gentil Miguel Miller de volta, fazia tempo que não via ele rindo e dando fora em Luisa sem xinga-la. E até foi capaz de deixa-la ficar aqui...

-Mesmo se isso fosse possível...

-A idade te incomoda? - Suspirei assentindo. 

-Mas se for o desejo dos dois, isso não sera impedimento senhora. - Mustafá estava certo, se nos gostamos, isso não deveria ser impedimento, mas a sociedade não acha isso.

-Mustafá! - Luisa entra na cozinha. -Ele já saiu? - Ela pergunta como se eu não estivesse ali.

-Sim, senhora. - Ele se levanta.

-O que ainda faz aqui menina? - Ela falou comigo? Que novidade!

-Terminando meu café da manhã, ou você é cega? - Ela semicerra os olhos e bufa. -Quem bufa é boi sabia? - Mustafa riu tentando se conter.

-Não sei o que Miller viu em você...

-O que com toda certeza não tem em você... - Falei levantando as sobrancelhas.

-Você pensa que é a ultima bolacha do pacote garota? - Ela fala vendo que Mustafá tentava não gargalhar.

-Não, essa ai é você. - Me levanto com Mustafá me ajudando com as muletas.

-Agora sim você se colocou no seu lugar...

-Claro, pois eu prefiro ser a primeira, que é sempre a melhor e mais saborosa. - Ela arregala os olhos.

-Era somente isso senhora? - Mustafá a corta quando ela tenta falar algo.

-Sim...e se quer conquistar Miller, é melhor conquistar sua mãe. - Ela piscou e saiu dando risada.

-Como é a mãe dele? - Ele me olhou e fitou o chão coçando a nuca.

-Um pouco difícil.... Mas nada com o que se preocupar....tirando que ela tem pensamento tradicional. - Ele me olhou e deu um sorriso sem graça.

Ótima a situação da mãe dele ser tradicional, me ajudaria a manter meus sentimentos por debaixo do tapete.

Resolvi voltar para o quarto e estudar um pouco, pois as provas finais estavam na porta, o natal chegando e o ano novo também.

* * * * *

Ouvi batidas na porta.

-Entre! - falei mais alto.

-Estudando para as provas finais? - sua voz era irreconhecível. Miguel entra de camiseta polo e calça jeans, sapato social e cabelo molhado dando um charme que somente ele tinha.

-Sim! - fechei o livro que estava em minhas mãos e vi ele se sentando perto de mim na cama.

-A chuva parou, quer vir comigo buscar minha mãe e minha sogra? - ele fez uma careta quando citou a sogra.

-Luisa vai reclamar...

-Eu estou fazendo o pedido, e se ela falar algo... - ele coça o queixo. -Verei o que farei com ela. - ri do bico que tentou fazer.

-Soube que sua mãe é... - parei de falar pois eu estava de sua mãe.

-É? - ele levanta a sobrancelha e me olha com dúvida parecendo que queria me decifrar.

-Esquece...

-Agora você fala! - ele se aproximou de mim colocando seu braço por cima de minhas pernas na cama e de certa forma me prendendo na cabeceira da cama. -O que minha mãe é?

-Tradicional... - ele se afasta e me fita curioso. -Mustafá estava falando comigo e acabou falando. - ele sorri.

-Sim, minha mãe fica até chata de vez em quando com isso. - ele levanta e pega minhas muletas. -Mas tenho a leve impressão que você mudará isso nela. - ele fala quase como um sussurro, eu ouvi mas não ousei comentar.

Ele me ajudou a chegar ao carro e Luisa me olhou de cima a baixo, me sentei ao lado dele (que por sinal estava dirigindo), sua cunhada tentou falar algo mas Miguel não deixou.

No aeroporto, Mustafá me ajudou a me sentar em uma das cadeiras e ficou ao meu lado enquanto Miguel e Luisa iam no portão correspondente buscar suas mães.

Eu e Mustafá ficamos em silencio total até Miguel aparecer entre as milhares de pessoas que passavam por nós, vi duas mulheres, senhoras altas, pareciam pertencerem de classe alta, Luisa conversava com a que estava ao seu lado, vestia um sári, era muito bonita e parecia-se demais com Luisa, logo liguei os pontos entre elas. A mãe de Miguel por sua vez parecia bem simples comparada a mãe de Luisa, ela vestia uma calça social, salto baixo e uma blusa de frio, parecia ter a idade de Miguel.

-É ela? - a mãe de Miguel apontou para mim. Ele assentiu.

-Olá senhora Miller. - Mustafá cumprimenta-a e ela faz um gesto com a cabeça.

-Meus sentimentos minha querida. - ela sem avisar me levanta e me puxa em um abraço, levei um susto, mas depois senti seus sentimentos e seu respeito pela morte de minha mãe.

-Obrigada - disse quando me afastou. Miguel nos olhava segurando o carrinho de malas, pude ver um leve sorriso inconsciente nele.

-Miguel me disse que passará o natal e o ano novo conosco... - ela segura minha mão com delicadeza.

-Sim senhora. - ela olha Miguel e sorri.

-Ela é uma ótima menina Miguel... - ele sorriu. -Pena que é muito nova... - engoli em seco. -Se não poderia dizer que seria um ótimo partido para você meu filho. - Luisa sorriu vitoriosa e Miguel franziu o cenho.

-Mãe! - ele diz repreendendo-a, Mustafá conteve a risada.

-E eu senhora Miller? - Luisa fala sorrindo.

-Só que não minha filha! - Mustafá e eu caímos na risada quando ouvimos a mãe de Miguel soltar essa. Miguel sorriu vitorioso. -É assim que se fala? - ela se vira para mim.

-Sim, senhora Miller! - ela sorriu e olhou para Luisa. A cara dela foi no chão junto com seu sorriso de segundo atrás.

-Pode me chamar de Clara minha menina... - ela se vira para mim novamente. -Larissa certo?

-Sim senho...ops, desculpa. Sim Clara! - ela sorri e me dá mais um abraço, pude ver a cara de Luísa inconformada.

*  *  *  *  *

Oi gente, demorou mas saiu. Tomara que gostem!

Votem e comentem, beijinhos. 

Idade para ser o PaiOnde histórias criam vida. Descubra agora