Capítulo 8

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Larissa

Abri os olhos devagar, a claridade do sol entrava devagar, senti um peso em meu pé e vi uma bota ortopédica, sentia meu corpo dolorido pela queda da escada. Eu subi correndo pela resposta de Miguel, ele estava em seu direito não me querer em sua casa, e foi um risco ter feito aquele pedido. Me virei para meu lado direito e vi Miguel sentado e apoiado de costas na cabeceira cochilando, fiquei olhando-o e vi que ele estava calmo, olhei seu rosto e vi uma lágima seca, aquilo ficou na minha cabeça, qual seria a razão de estar chorando? Sua cabeça pendeu para frente fazendo-o acordar em um pequeno susto.

-Você já acordou? - Ele falou esfregando os olhos.

-Sim... - Tentei me sentar, mas meu corpo doía. Ele me ajudou apoiando sua mão em minhas costas, virei minhas pernas para fora da cama e percebi que se eu tocasse o pé da bota no chão, eu sentia dor.

-Espera. - Ele deu a volta na cama e se aproximou de mim, colocou um braço atras das minhas costas e o outro por baixo de minhas pernas, me levantou no ar me pegando no colo.

-Não precisa Miguel... - Ele me olhou e sorriu. -Eu posso...

-Mas eu quero te carregar... - Eu olhei-o e vi seu sorriso no rosto. Ele saiu do quarto comigo e caminhava devagar, eu aproveitei cada momento de teu toque em mim. -Principalmente por causa disso. - Ele termina a fala quando para em frente da escada e me olha por inteira.  

-Eu não vou ter muletas? - Ele desce pelas escadas comigo.

-Não quero que use muletas. - Ele termina de descer as escadas e entra na cozinha, João estava colocando o café da manhã.

-Coloquei as muletas dela dentro do guarda roupa Miguel. - João fala pegando os pães e colocando na mesa.

-Ela não vai usar muletas. - João me olha e fita ele, levantei minha sobrancelha e ele me colocou na cadeira na mesa.

-E porquê? - Falei me ajeitando.

-Só quero cuidar de você, então não vai precisar das muletas. - João caiu na gargalhada e eu fiquei boiando.

-Então você vai ficar carregando ela no velório? - Miguel franzio o cenho e aquilo me fez rir.

-Não tinha pensado nisso. - João se sentou e Miguel arrastou uma cadeira para sentar ao meu lado.

Comemos e conversamos muitos, Miguel e João conversavam sobre as muletas que Miguel deveria me dar e ele recusou, falou que eu somente usaria no velório e depois eu teria que depender dele.

-Mas você disse que acharia melhor eu ficar na casa da Milena. - Miguel me fitou e ficou em silêncio.

-Eu disse para ele voltar atras na resposta e considerar. - João fala passando manteiga em mais um pedaço de pão. Olhei para ele e nada, ele ficou em silêncio e comendo, tive que pensar em algo para que ele se pronunciasse.

-Então já que não me quer aqui... - Me apoiei na mesa e me levantei sem colocar a bota no chão. -Vou ligar para Milena. - Ele se levantou e segurou meus braços quando quase cai por desequilíbrio.

-Você tem certeza? - Ele me olha e vi João fazendo não com a cabeça.

-Se decida Miguel! - Falei quase gritando e me afastei dele, apoiada na mesa. 

-Vou deixar vocês sozinhos. - João sai da cozinha e um silêncio se instala no local.

Ele me olha por inteira, ele se virou de frente para a mesa e colocou suas duas mãos nela, olhou para o chão e suspirou, eu somente o observava. Miguel ficou ereto e passou a mão no cabelo.

-Vai me dizer se posso ficar aqui ou vai ficar enrolando? - Ele se aproximou e eu me afastei. -Me fala Miguel!

-Você... - Ele deu um soco na mesa me assustando. -Você não entende. - Ele estava ofegante, deu mais um soco na parede e ficou apoiado de costas para mim.

-Talvez se você me contar... - Ele se vira e encosta na parede. -Não deve ser tão...

-Se quiser...pode ficar. - Um sorriso inconsciente se instalou no meu rosto, andei com dificuldade e o abracei, ele não reagiu nos primeiros segundos, mas depois me envolveu em seus braços.

-Vocês se entenderam. -Ouvi a voz de João, mas não me afastei dele, fiquei mais alguns segundos ali e o olhei, ele estava sério e com o queixo apoiado na minha cabeça.

*  *  *  *  *  *

Todos estavam de preto, haviam meus amigos da faculdade, Miguel, João, ate os chefes da minha mãe vieram, amigos de meu pai e uma mulher apareceu, eu não a conhecia, mas não se afastava de Miguel. Usei as muletas no velório, Seli e Miguel quase se atracaram somente pela razão de quem iria me ajudar na hora do enterro. Mas consegui enfrentar todos com o corpo da minha mãe deitado ao meu lado. Me surpreendi pois não derrubei nenhuma lágrima e todos me observavam por isso. 

No enterro todos me deram seus sentimentos antes de irem embora, uma mulher de vestido preto de renda e salto alto, usava óculos de sol e seu cabelo estava em um coque me mostrou seus sentimentos e falou no ouvido de Miguel, ele a olhou sério e assentiu com a cabeça. Entramos no carro de Miguel e vi a mulher sentada no banco do passageiro, eu me sentei ao lado de Miguel, pois ele estava dirigindo. 

-Quanto tempo você vai ficar Luisa? - Miguel fala para a mulher, ela tira os óculos mostrando seus olhos verdes e levanta a sobrancelha esquerda.

-Vou ficar o tempo que eu precisar Miller. - Miguel bufou e me ajudou a entrar na casa, chegamos ao pé da escada, peguei as duas muletas em uma mão só e Miguel me pegou no colo.

-Precisa mesmo disso? - Luisa fala me olhando nos braços dele. -Apronte um quarto aqui no térreo!

-Não! - Miguel sobe dois degraus e se vira para ela. -A casa e a hospede são da minha conta, cuide da sua vida e se for precisar ficar aqui, fique na sua. - Ela arregala os olhos e tenta falar algo, mas Miguel me ajeita e continua a me carregar para o quarto.

* * * *

Oieee

Tomara que tenham gostado. 

Votem e comentem, não seja um leitor fantasma.

Bjo. ;)

Idade para ser o PaiOnde histórias criam vida. Descubra agora