Se ele tá achando que eu vou ficar aturando ele pelo resto do verão ele está absolutamente certo.
Greg é um garoto muito bipolar. Eu odeio isso. Uma hora ele me trata bem e depois de um segundo já começa a me tratar mal.
Eu sei que estou errada por ter invadido a casa dele, mas. Eu preciso ficar em algum lugar nesse verão.A dois dias não nôs falamos. Ele não grita comigo como antes. Ou me manda ir embora. Só me olha com desprezo. E sai quando chego perto.
- Você tá olhando pra essa janela desde de manhã, devo me preocupar? - ele entra no quarto da Molly e fico surpresa por ele puxar assunto.
- O que faz aqui ? - pergunto incrédula.
- Estou andando... pela MINHA casa - ele aumenta o tom de voz.
- Já vai começar ? - digo com tédio. Não tava com pique para discutir pela milésima vez.
- Não tenho culpa. A casa é minha mesmo - ele contínua.
- Aonde você quer chegar ? - ergo a sobrancelha.
- Nada, nada - ele diz e abaixa a cabeça. - Vou te deixar em paz. - ele sai do quarto.
- Finalmente - digo antes que ele saia.
Ele volta para o quarto.
- Quer sair ? - ele pergunta de cabeça baixa.
- Com você ? Para que a gente fique discutindo a cada passo ? Quero - digo e saio de perto da janela. E o sigo até fora de casa.
Ele fecha a porta e começamos a andar.
- Por que resolveu sair novamente comigo. Sabendo que eu sou um peso para você?. - pergunto.
- Esse peso não aguenta ficar em lugares fechados por muito tempo - ele diz debochadamente.
Dou um sorriso. Estou começando a ver que Greg está mudando. Ou não.
- Caramba - corro até uma plantação de margaridas. - É minha flor preferida. - tiro uma do chão e a cheiro.
- Prefiro cravo - ele diz se sentando no chão. Sento ao lado dele.
Coloco à margarida que eu peguei em cima de sua barriga e aponto para o céu.
- Aquela nuvem tem o formato de uma flor.
- E aquela tem o formato de uma nuvem só - ele diz sarcástico.
- Ah não me diga - ironizo - Vou te fazer ver flores nas nuvens.
Levanto e ele continua deitado. Ele olha pra mim com dificuldade, pois o sol fica atrapalhando sua vista.
Arranco três margaridas do chão jogo elas em cima dele.
- Veja, eu sou o sol. E você é uma pedra de gelo. Agora eu estou te jogando meus raios - digo jogando mais margaridas nele.
Ele levanta e diz.
- Eu nunca me dei bem com o sol. Eu sempre passo mal - ele me empurra e sai correndo. Saio atrás dele e o empurro com mais força.
Ele corre atrás de mim e eu corro para me livrar de mais um empurrão. O sol estava brilhando maravilhosamente no céu. E um arco-iris se formava. Pois a chuva tinha passado a alguns minutos. O campo de margaridas ainda estava meio úmido. Mas isso não nôs impedia de correr ou cair sobre ele.
Minha perna cansou depois de muito correr dele. Então eu mesma Caio no chão. Ele corre e me alcança. E deita ao meu lado. Com a respiração bem acelerada, igual a minha.
Ficamos ali respirando por uns minutos ate que nôs viramos para encarar o outro.
Os olhos dele estão com um tom de preto brilhante. E a boca dele está meio aberta. Consigo sentir o hálito de álcool que ele tem. Mesmo que de longe.
- Greg
- Oi ? - ele diz.
- Você bebê cerveja ? - pergunto.
- É... sim. Mas bebo outras coisas também - ele se entrega.
- P-porque ? - digo pausadamente.
- Não sei. Eu gosto. - ele responde e se vira para encarar o céu. - É amargo....- o interrompo.
- Assim como você.
- O que ? - ele indaga.
- É amargo... assim como você - digo calma.
Ele ri. Pois entende a referência.
- Viu só. Por isso bebo... combino com isso.
Me levanto.
Estendo minha mão para ajudar ele a se levantar.
- Vamos beber juntos ? - pergunto.
- Opa - ele diz e eu começo a seguir ele de volta para casa.
*~*~*~*~*~*~*
Ele puxa a garrafa de vodka de debaixo da cama.
- Sobrou pouco. Eu bebi esses dias e tal - ele diz abrindo a garrafa.
- Tudo bem - pego a garrafa da mão dele e me sento no parapeito da janela.
- Bebe - ele pede.
Olho para a garrafa e olho para a janela.
Então faço uma coisa que ele vai me agradecer futuramente.
Jogo todo o líquido da garrafa pela janela.
Na verdade eu não bebo nem um tipo de bebida alcoólica. Só falei aquilo para que ele pudesse me dar a garrafa e eu me livrar dela. Não vou deixar ele se embriagar.
- O que você fez ? - ele grita.
- Salvei a sua vida. Não vou deixar você morrer de doença no figado. Por menos que pareça eu me preocupo com você, Greg.
- Mas... mas. Eu bebo por que eu gosto. Você não tinha nada a ver com a minhas bebidas ou com que eu faço ou deixo de fazer... Mais do que antes eu quero que você saia! - ele afirma gritando.
- Essa bebida não vai te levar a nada - fico na frente dele. - Você esta se estragando, não quero isso para você.
- Você não acha que está cuidando demais da minha vida ? - ele ergue a sobrancelha - Por que não se preocupa com o seu fígado.
- O meu está saudável. Quero cuidar daqueles que estão doentes. Que é o caso do seu - dou de ombros - Não bebe mais. Tem outras maneiras de ser feliz sem ser pela bebida.
- Como você sabe ? - ele pergunta.
- Por que eu sou. - respondo com um sorriso.
Ele coloca as mãos nos bolsos e tira de um deles um masso de cigarro.
- Cuida do meu pulmão também - ele coloca o masso na minha mão.
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Sol Gelado
RomanceEra frio Não sei dizer se fazia mais frio do lado de fora da blusa ou dentro do meu coração parece que competiam. Greg é um adolescente de 16 anos que mora com sua mãe e sua irmã em uma casa isolada das outras. Um garoto frio e chato, que acredit...