Capítulo 9 - GREG

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Levanto.

Fico olhando para ela. Estou muito confuso para falar alguma coisa.

Ela da um sorriso e coloca as mãos em meus ombros.

É uma música do Elvis Presley que está tocando: Can't help falling in love.

Ela fita seus olhos nos meus e então coloco meus braços em torno de sua cintura.

Começamos a nos mexer para a esquerda e para a direita bem lentamente. Os olhos dela não param de encarar os meus. A música toca em perfeita sintonia com os nossos poucos movimentos.

Esqueço a raiva que estou dela e deixo a música nôs envolver.

Ela entrelaça os dedos dela nos meus e da um sorriso fofo sem mostrar os dentes. Giro ela com a mão que não está torcida. Os nossos passos começam a aumentar e agora dançamos uma perfeita valsa. Não tão perfeita, pois ela pisa no meu pé algumas vezes.

Minha mão torcida não atrapalha a dança. Consigo conduzi- lá sem problemas.

Spencer me abraça e ficamos indo para frente e para trás lentamente. Até que ela se solta de mim e volta a colocar os braços em cima dos meus ombros. Seu cabelo molhado deixou minha blusa também molhada. O sorriso dela a essa altura está mais bonito, mas brilhante, mas apaixonante.

Vejo o quanto Spencer é bonita.

Os olhos dela agora são mais intensos e verdes. E acho que ela percebe o brilho que deve está nos meus olhos.

A música para, mas mesmo assim ela não se solta de mim e nem eu dela.

Eu nunca pensei que deixaria ela me envolver assim.

Nós soltamos depois de nós olhar por um bom tempo, e sentamos no sofá.

Ela fica bem próximo de mim, e passa suavemente a mão pelos meus dedos.

Encosto no sofá e ela também.

O silêncio entre nós logo é quebrado por ninguém menos que ela.

- Vamos dar uma volta? Me mostra sua cidade - ela me pede.

Assinto com a cabeça e levantamos do sofá.

Abro a porta de casa e fecho a mesma.
Ela fica ao meu lado e então saímos de perto da minha casa. A noite está estrelada e a lua está cheia. O vento frio faz com que saia fumaça das nossas bocas cada vez que falamos.

Caminhamos em silêncio até sair da floresta e chegar na avenida. Que esta vazia.

Atravessamos a mesma e seguidos por uma reta.

- Uau, aqui é bem calmo - ela diz.

- Verdade - digo.

- E bem frio também - ela diz e se abraça fortemente.

Vejo que ela esta apenas de short e uma blusa bem fina.

- Você que é louca - tiro minha blusa e coloco nela. - To com três blusas e já tô morrendo e imagina você que tá parecendo uma periguete.

Ela ri.

- Valeu, Greg.

Coloco meu braço em volta do ombro dela para que assim fique mais quente. Não acredito que eu estava me preocupando com alguém.

- O que está fazendo ? - ela pergunta incrédula.

- Nem eu sei - digo. Mas não tiro o braço dela.

- Seria bom se você não soubesse o que faz sempre! - ela afirma.

Continuamos à andar até que chegamos na frente da minha escola.

Vamos até um banco que fica na frente da escola e nôs sentamos.

- Por que quis sair ? - pergunto.

- Precisava. Não consigo ficar dentro de um lugar por muito tempo. - ela responde.

- Então por que não vai acampar com seu irmão ? - digo.

- Ia ser bom. Mas acho que o chefe da tropa não ia entender - ela abaixa a cabeça - Só garotos entram... Uma garota não ia saber viver na floresta. É assim que ele fala. Meus pais também, só que meu irmão mentiu para eles falando que o chefe da tropa tinha deixado só pra mim poder vim com ele... e nem pensamos nas consequências. - ela ri - Não sabia que eu ia acabar parando na casa de um psicopata.

Damos risada.

- Eu que sou o psicopata ? Tem certeza ? - dou risada.

- É sim. Você é ruim - ela diz, mas sei que está falando na brincadeira.

- Não sou tão ruim... Não matei ninguém ainda - ela ri alto e eu rio junto com ela. Ela bate de leve no meu ombro.

- Por que você me recebeu tão mal ? - ela para de ri e me pergunta.

- Não estou acostumado em ter minha casa invadida. - digo divertido.

- Só quero um lugar para ficar, ué.

- Ficasse em New York, ué.

- Aí eu não ia te conhecer, ué.

- Confesso que não queria te conhecer, ué.

- Você não queria me conhecer ? - ela diz sério.

Levanto do banco.

- Nossa, olha a hora - olho no meu pulso como se tivesse um relógio nele. - Tá muito tarde não acha ?

Ela levanta e continua me olhando seria.

Começo a andar e ela vem logo atrás. Durante todo o caminho não trocamos uma palavra.

Ao chegar em casa ela fecha a porta.
E eu subo pro meu quarto, e infelizmente ela me segue. Tiro meus sapatos e sento na cama. Ela aparece e fica de braços cruzados na porta.

- Greg, eu pensei que depois de tudo que eu te fiz você iria parar de me tratar mal... já te expliquei o por que estou aqui. Você tem capacidade de entender.

Mostro minha mão ingesada para ela.

- A culpa não foi minha! - ela grita.

- A é ? A culpa não foi sua ? Se você não tivesse " invadido" a minha casa talvez eu não teria me estressado e nem caído da escada.

- Desde que vim pra cá eu a cada dia estou tentando merecer esse lugar... Eu sei que é difícil lidar comigo, você poderia pelo menos tentar! Sua mãe ficaria muito feliz em ver você fazendo o bem pelo menos uma vez nessa sua vida.

- Eu não ligo para como minha mãe me vê, não ligo se ela está feliz ou não. NÃO LIGO PARA COMO ELA SE SENTE - Grito revoltado.

- Eu pensei que eu poderia mudar você.... - ela abaixa o tom do voz.

- Pensou errado! - afirmo.

- Realmente Greg, você sempre terá esse coração de gelo. Mas cuidado, gelo quebra muito fácil. - ela diz e bate a porta. Me deixando sozinho.

Mas uma vez meu orgulho fala mais alto. Eu queria ser aquele Greg de antes. Aquele que não liga pra nada. Mas eu realmente estava ligando.

Sol GeladoOnde histórias criam vida. Descubra agora