Capítulo 26 - #VEDANOWATTPAD9

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Alison

O ano foi embora antes mesmo que eu pudesse me despedir. Passei as festas de fim de ano, completamente sozinha. Antes do natal a minha mãe internou a minha avó em uma clinica de repouso. O meu pai infelizmente não conseguiu sair e a minha mãe praticamente me abandonou nas comemorações de fim de ano. Ela havia arrumado um novo namorado e por isso passava a maior parte do tempo com ele. Se não fosse o trabalho eu teria passado o ano novo, sozinha.

Depois do baile Lee não parava de me ligar. Eu não falei mais com ele e nem pretendia. Algumas vezes ele aparecia no Club House só para ver se eu falaria com ele, por sorte Eleonor (minha colega de trabalho) o atendia para mim e assim eu continuava o ignorando. Jess também me ligou várias vezes, mas eu também a ignorei. Eu não queria falar com ninguém. A noite do baile havia sido uma das piores noites da minha vida. Eu precisava de um tempo para absorver tudo àquilo que havia acontecido comigo. Agora faltava poucos meses para a formatura e em breve eu estaria livre e nunca mais veria aqueles idiotas.

Era o primeiro dia de aula depois do recesso de fim de ano. Acordei com uma tremenda dor de cabeça. Espreguicei-me e lutei para manter os olhos abertos. Espiei pela fresta da janela e vi que o dia estava pálido e a neve cobria a maior parte do asfalto. No natal havia nevado tanto que as autoridades mandaram todos ficarem em suas casas. Tomei um banho quente, vesti um casaco pesado, sequei os meus cabelos e por cima deles coloquei uma toca. Agasalhei-me bem, estava geando lá fora eu precisava ficar quentinha.

Era estranho não ter mais a minha avó em casa. Geralmente era ela que preparava o café da manhã e me desejava bom dia. Acabei tendo que tomar um café às pressas que foi feito ontem. O gosto amargo dele desceu queimando a minha garganta.

O caminho para a escola era longo e solitário. Eu não queria pegar o ônibus escolar, porque eu não suportaria vários olhares em cima de mim outra vez como na noite do baile. Eu ainda sentia a dor daquela noite. A luva preta de coro tampava a pequena cicatriz que eu havia ganhado depois de quebrar aquele espelho. Naquela noite se não fosse pela a minha avó eu teria ficado no meu quarto sangrando a noite inteira, pois a dor que eu sentia por dentro era muito mais intensa que a dor externa.

Tive certa dificuldade para chegar ao colégio por conta da neve. O frio era intenso e eu encolhi o meu corpo para me manter aquecida. Os músculos do meu rosto estavam tensos, mas naquela altura, faltando poucos quarteirões para chegar à escola eu sabia que estava assim não por causa do frio, mas porque eu teria que enfrentar mais uma vez os olhares pesados e os sussurros abafados.

E foi exatamente isso que aconteceu quando eu pisei os meus pés no corredor principal da escola. Olhares curiosos, cochichos e alguns ainda tinham a audácia de zombar de mim. Em nenhum momento abaixei a cabeça e caminhei com um olhar superior até o meu armário. Eles podiam zombar de mim, mas jamais iriam tirar a minha honra. Abri o armário e peguei alguns livros. Lee se aproximou de mim e ficou me encarando esperando que eu falasse com ele, entretanto eu o ignorei e fingi estar ocupada demais com outras coisas.

— Não pode me ignorar a vida inteira. —Lee segurou a porta do armário impedindo assim com que eu o fechasse.

Eu respirei fundo e olhei para ele.

Raiva.

Nojo.

Ódio.

Repulsa.

Foi isso que eu senti ao olhar para ele.

— Eu posso sim! — Cuspi essas palavras de uma forma bem rude.

A GAROTA QUE VOCÊ NÃO QUISOnde histórias criam vida. Descubra agora