Capítulo 2

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Niall's P.O.V.

Observando o professor Malik, que assim se apresentou, eu pude notar que ele era diferente dos outros professores que conheço. Ser chato e de mal com a vida é quase uma obrigação todos os professores serem assim, mas como o Sr. Malik era diferente. Ele era diferente.

Ele não era somente chato e arrogante, mas como também é bruto e arrogante. Parecia não ligar para nenhum de seus alunos, falava com um tom de voz tão severo que ninguém ousava o interromper, mesmo quando ele perguntava se tínhamos dúvidas.

Enquanto todos olhavam assustados com o jeito do professor, eu estava cada vez mais atraído por ele. Porra, aquele jeito dele era extremamente excitante.

Tentei de várias maneiras ter um pouco de atenção, seja derrubando a minha borracha e me agachando para pegar, seja enquanto mordia o bocal da minha caneta enquanto o encarava firmemente, mas nada daquilo funcionava e eu já estava frustrado.

Quando ele nos liberou, depois de passar um trabalho enorme para entregar na próxima aula — claro que ninguém ousou lhe questionar. —, eu me despedi do Liam e esperei todos saírem para ter uns minutinhos a sós com o professor.

Ele arrumava sua maleta quando eu me aproximei dele.

— Senhor Malik! — o chamei com certa proximidade. Talvez menos de 70 centímetros, o que me fez sentir seu perfume com maior intensidade. E que perfume! Um toque amadeirado forte, mas nada enjoativo. Pelo contrário! Era inebriante e fazia meu corpo inteiro arrepiar-se. Ele estava bastante concentrado em todos os papéis de sua maleta e parecia nem notar a minha presença.

Enquanto isso eu olhava para cada detalhe do seu rosto. As sobrancelhas franzidas mostrando que estava concentrado no que fazia, sua boca fechada em linha reta e bem rosada... Hm... Bastante tentador. Sua pele era bronzeada...

— Vai perguntar alguma coisa ou vai ficar aí me olhando feito um idiota? — disse ele, levantando sua cabeça e me tirando do transe em que eu me encontrava.

Acho que a intenção dele era me assustar... Mal sabe que só torna as coisas mais interessantes para mim.

— Desculpe, Sr. Malik! Eu queria apenas saber se o senhor estaria a disposição para tirar algumas dúvidas minhas sobre o trabalho — falei, apoiando minhas mãos em sua mesa e me inclinando um pouco. — Estou tendo muita dificuldade em entender o assunto, sabe? — disse pausadamente, em um tom de voz que parecia um sussurro.

— Okay! Vamos esclarecer algumas coisas: Pare de tentar chamar a minha atenção feito uma cadela no cio. Eu não sou gay e não tolero esse tipo de comportamento comigo, principalmente dentro do meu ambiente de trabalho. Aja feito gente em minhas aulas. Isso aqui não é colegial e eu não sou o professor sexy que você vai dar o rabo para conseguir notas melhores. Além disso, meu expediente aqui acabou. Se vire com o trabalho ou além de viado, você é um demente que não consegue fazer uma pesquisa sobre o assunto?

Ele saiu batendo a porta e me deixou com o queixo no chão. Quem ele pensa que é pra falar desse jeito comigo? Okay! Eu estava dando em cima dele descaradamente, mas ele não precisa ser tão rude assim. Eu nunca levei um "não" de alguém antes e isso me afetou muito.

Caminhava pro meu quarto de cabeça baixa, refletindo os acontecimentos recentes. Ele tinha razão. Eu realmente parecia uma cadela no cio, mas eu sempre fui assim... Na verdade, nem sempre.

Quando eu me descobri gay, aos 14 anos, eu só tinha beijado um rapaz e isso mudou toda a minha vida. A partir dali, pouco tempo depois eu estava transando com esse mesmo cara e nós estávamos namorando de verdade. Meus pais não sabiam da minha orientação sexual e o dia que eu contei se tornou o pior dia da minha vida.

Enquanto a minha mãe recebeu bem a notícia, de maneira pacífica, o meu pai me bateu tanto que saía sangue pela minha boca e nariz, disse que não moraria na mesma que um viado e disse a minha mãe para que ela escolhesse entre ele ou eu. Eu apenas chorava, abraçando as minhas pernas, deitado no chão da sala.

Ela escolheu a mim, então ele foi embora dizendo que ela iria se arrepender de viver com um lixo humano dentro de casa. As suas últimas palavras para mim foram: "Esqueça que um dia teve um pai, porque eu não tenho nenhuma ligação com você."

Eu deveria ter ficado feliz por minha mãe ter me aceitado e me escolhido. E eu fiquei, mas... Nunca me perdoei por ter sido responsável pela saída do meu pai. Ele não saiu apenas de casa. Ele saiu de nossas vidas.

Um ano depois a minha mãe estava namorando outro homem. Richard, um cara muito legal e que sempre me tratou bem, sem me julgar ou muito menos, me menosprezar. Passaram-se alguns meses e eles resolveram se casar e no dia do casamento, ele disse que a partir daquele momento eu sempre o chamaria de "pai". E é o que eu faço até hoje. Ele é meu verdadeiro pai. Apesar de chegar depois, eu sinto que ele me trata com filho. Coisa que aquele-que-não-merece-ser-nomeado nunca fez em 14 anos.

Acho que esses acontecimentos fizeram com que eu guardasse algum tipo de sentimento que me levasse a querer sair com vários caras e não me apegar a ninguém. De alguma forma, isso preenche um vazio dentro de mim e me deixa um pouco mais leve. É quase uma necessidade. Minha mãe nunca me julgou por isso. Creio que ela entenda o meu lado. Ele sempre sabe mais de mim do que eu mesmo.

Enquanto pensava sobre isso, algumas lágrimas caíam com as lembranças do passado e com as coisas que o professor disse — tudo ao mesmo tempo. Sabe quando tudo parece cair da sua cabeça de uma vez só? Era assim que eu estava me sentindo.

Mas logo afastei as lágrimas, respirei fundo e entrei no quarto.

— Ni! Até que enfim você chegou — Louis disse, assim que eu entro no quarto. Ni? Já ganhei um apelido? — O que houve? Você estava chorando? — ele pergunta, depois que levanto o rosto.

Merda! Deveria ter ficado mais tempo lá fora.

— Não, Louis. Eu tenho alergia a poeira e estão reformando uma sala lá no bloco que eu tive aula — sempre fui bom com mentiras.

— Okay, acho que eu trouxe algum remédio pra alergia.

— Deixa pra lá! Depois eu tomo... Enfim, o que você quer comigo? — A melhor forma de se livrar de um assunto, é criando outro.

— Ah, é que vai ter uma festa pros novatos lá na fraternidade do meu amigo e vai sair muito foda e eu quero muito ir. Vamos, por favor — ele me pede, fazendo a cara do Gato de Botas do Shrek, irresistível para qualquer ser humano.

— Por que você não vai sozinho? — eu realmente não estou no clima para festas hoje.

— Tá louco? Quem é que vai tomar conta de mim quando eu estiver totalmente bêbado? — ele me faz rir. Só ele mesmo para me fazer rir agora.

— Certo, eu vou. Mas não vamos voltar muito tarde porque amanhã eu tenho aula cedo — Louis se joga em cima de mim antes mesmo de eu terminar a frase, me abraçando e me agradecendo.

Já eram mais de 20 horas quando chegamos na fraternidade. Estava lotada, com pessoas de todos os tipos se pegando. Homem com homem, mulher com mulher, homem com mulher também... Tudo misturado. Uma loucura. Notei alguns olhares sacanas pra mim, mas não dei importância. Hoje eu estava apenas na terrível missão de ser babá do Louis-bumbum-granada.

Antes mesmo de eu observar o ambiente com mais precisão, um cara branco alto, de cabelos cacheados longos, algumas tatuagens e um sorriso extramente sedutor se aproximou.

Eu juro que tentei desviar o olhar e voltar à atenção para o ambiente, mas não conseguia. Meus olhos estavam enfeitiçados com aquela "paisagem" e meus olhos só conseguiam focar nele e em nada mais. Segui cada movimento que ele fazia, cada gesto. Observei cada detalhe do seu corpo. Que por sinal, era incrível!

O que se passou em segundos pareciam horas e talvez, só talvez, eu tenha que cancelar a missão de hoje. Desculpa, bumbum-granada!

Teacher, Please • ziallOnde histórias criam vida. Descubra agora