Niall's P.O.V.
Senti um vento frio em todo o meu dorso e estremeci com isso. Parecia que estava no Polo Norte de tão frio. Também estava com muito sono e até tentei continuar dormindo, mas o barulho de algo batendo me fez abrir os olhos. De novo não!
E mais uma vez, eu estava acordado em um lugar desconhecido. Isso só podia ser um dom. Bom, vamos tentar manter a calma e analisar o local. As paredes são brancas, os mó-
— Desculpe, a cortina de vidro estava aberta — uma voz interrompeu minha análise. Não qualquer voz. Aquela voz!
Um pânico começou a crescer dentro de mim e o olhei assustado em sua direção. O que ele quer de mim? Ele nunca vai parar com isso? Quer me torturar ainda mais?
— O-o que você quer de mim? — perguntei, reunindo o máximo de força possível. Sinto-me tão cansado.
— Calma, eu só estou te ajudando! — Hahaha! Conta outra.
— Onde eu estou e por que eu estou aqui? — falei começando a ficar desesperado.
Ele caminhou até um office que tinha no quarto, arrastou uma cadeira, colocou-a de frente para cama e sentou-se nela. Respirou fundo e sem olhar para mim, começou a falar.
— Este é o meu quarto. Eu te trouxe aqui depois de te encontrar caído no chão do banheiro no bar do Michael com cortes no abdômen.
Isso não pode ser possível! Ele me viu.
Ele me viu no meu pior estado. Ninguém nunca me viu assim, nem a minha mãe. Ela sabia que eu me cortava porque ela viu no banheiro uma lâmina com sangue, depois me pressionou para contar o que estava acontecendo e eu não consegui esconder. Eu nunca consigo esconder nada dela, mas mamãe nunca viu meus cortes. E ele viu. Não tem como isso piorar!
Engano! Sempre tem. E ficou, quando eu olhei para baixo e vi que estava sem camisa. Meu torço estava todo coberto e com curativos nos cortes que eu havia feito.
Isso é o inferno com certeza. Eu já morri e estou no inferno.
Se ele antes tinha dúvidas que eu era um lixo, agora ele tem certeza. Eu mesmo me sinto um lixo, podre, fraco, que não consegue lidar nem com os problemas. Antes que eu possa imaginar, lágrimas já estão caindo dos meus olhos. Mas é um choro silencioso, não tenho forças nem para chorar.
— Por que você queria se matar? A culpa é minha? Por que fez isso? — ele fala suavemente, como se estivesse com medo da resposta. Nunca ouvi sua voz assim.
— Eu não queria me matar, não sou um suicida. E você é só uma gota no meio de uma tempestade. A dor dos cortes de alguma forma... me aliviam...
—... da dor real — ele completou, sem me olhar nos olhos.
— Sim, como você sabe? E por que me trouxa aqui e não para um hospital? Queria me matar em um lugar tranquilo? — Agora faz todo o sentido!
— Não seja estúpido! Eu te trouxe aqui porque eu sabia que odiaria que as pessoas vissem seus cortes, que soubessem o que você faz quando fica triste — ele respondeu e agora estava me encarando. Parecia revoltado, mas ao mesmo tempo abalado, como se estivesse recordando alguma lembrança dolorosa. Talvez me ver naquela estado tenha despertado algo nele, algo que ele gostaria de esquecer. Eu deveria ter escolhido Psicologia ao invés de Engenharia Civil!
— Como sabe de tudo isso? Como sabia que eu não iria morrer? — o encarei de volta e ele desviou o olhar, resolvendo encarar as próximas mãos que estavam em suas pernas. O que está acontecendo?
— Minha irmã. Ela também fazia isso e eu sempre cuidava dela — ele disse em um volume tão baixo que se não estivéssemos próximos, não o escutaria.
— Ele está bem agora? — perguntei, tão baixo quanto ele.
— Não é da sua conta, seu intrometido de merda! — dessa vez ele gritou comigo como nunca antes. Nunca tinha o visto tão bravo. Nem quando me xingava.
— Ok, certo, desculpa, não vou mais falar sobre isso. Já estou indo — disse já passando a mão no meu rosto para tirar as lágrimas que tinha ficado e tentei me levantar, mas senti uma dor tão forte na minha barriga que caí de volta na cama.
— Não seja idiota, você ainda está muito ferido. Apesar dos cortes terem sido superficiais, você perdeu muito sangue e está fraco. Precisa se alimentar. Fique aqui — ele se levantou e saiu do quarto.
E então eu fiquei aqui deitado na cama.
ESPERA. Eu estou na cama dele!
Já tinha até fantasiado isso em nosso primeiro dia de aula, mas nunca pensei que seria nesse estado deplorável.
O cheiro dele está aqui e é tão forte que posso até sentir sua presença em cada espaço da cama. Inalo com tanta vontade, quero de alguma forma guardá-lo para mim. Eu sou tão idiota por pensar isso, mas não consigo controlar, é quase uma obrigação.
Os lençóis são tão macios, de seda. Eu nunca imaginei isso, o senhor Zayn Malik usa lençóis de seda.
Paro de devagar sobre a cama e começo a observar o quarto, esperando encontrar um quarto obscuro com cabeças de animais empalhados e quem sabe até gente. Mas me surpreendo ao ver que todas as paredes são brancas, assim como os poucos móveis. É um lugar bastante espaçoso, uma cama bem grande, dois criados mudos e um office com um notebook e alguns livros espalhados pela mesa. Tem uma porta a minha frente, que foi por onde ele saiu e tem uma porta do lado direito, deve ser do closet e do banheiro, já que não havia outra porta por aqui.
Estava me inclinando para ver a cortina de vidro que parece ficar na parede onde a cama é encostada, mas sou interrompido pelo barulho da porta abrindo. É ele de novo, mas desta vez vem carregando uma bandeja com comida.
Isso não é real! Preciso de uma câmera para filmar isso!
Ele se aproxima sem me encarar. Parece muito desconfortável fazendo isso, mas eu devo admitir, estou adorando. O Senhor Malik coloca a bandeja do meu lado e diz:
— Coma! — o obedeço, me segurando para não rir. Isso é no mínimo cômico. — Você ainda não me disse quais os motivos que te levaram a fazer isso — ele fala logo depois de se sentar em uma cadeira. Engulo a torrada que estava mastigando.
— Senhor Malik, eu
— Você está no meu quarto, me chame de Zayn!
— Eu sou um vaso quebrado, Zayn — respondi, impressionado por ele querer que eu o chame pelo primeiro nome.
— Eu posso concertar.
— Nem que você fosse um excelente engenheiro conseguiria concertar isso — comentei, rindo um pouco. Como ele pode ir de ogro homofóbico para salvador de jovens problemáticos?
Já estou bastante surpreso com o Zayn na minha frente e só fiquei ainda mais quando ele disse:
— Eu sou o melhor engenheiro vivo! Deixe-me te concertar.
Não era um pedido.
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Teacher, Please • ziall
FanfictionUma cidade capaz de mudar completamente as vidas de duas pessoas. Um lugar onde nada parece fazer sentido. O quão intenso pode ser um relacionamento entre duas pessoas? O quê você estaria disposto a arriscar para ficar com quem gosta? A maio...