Capítulo 5 - Parte 02

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Niall's P.O.V.

Senti uma luz muito forte e tento cobrir meu rosto com meu braço direito, mas tinha algo em cima de mim que impedia. Tentei ignorar isso, e coloquei o meu braço esquerdo no meu rosto, mas notei algo que eu não podia ignorar: uma dor de cabeça infernal. E então não pude lutar contra isso, eu tinha que levantar e tomar algo. Com um grunhido e certo esforço, abri meus olhos, me assustando em seguida.

A parede a minha frente estava toda grafitada, com desenhos incríveis que iam do chão ao teto. Olhei para o lado e dei de cara com uma estande cheia de livros dos mais variados tipos, mas notei que tinha uma coleção inteira de um único autor: Charles Bukowski. Hm... O dono desse quarto tem bom gosto...

ONDE DIABOS EU ESTOU?

Olhei para o lado direito e encontrei a resposta e o motivo de eu não conseguir me mexer.

Harry!

Era o quarto dele e ele dormia tranquilamente, com metade de seu corpo em cima de mim. Por um momento eu surtei achando que tínhamos transado, mas logo percebi que estávamos vestidos. Nem os sapatos tiramos. Obrigado, Deus!

Tentei me mexer e tirar o cacheado de cima de mim, mas ele era muito pesado.

Parei para observá-lo um pouco e logo notei que é realmente não é muito difícil se apaixonar por ele. Mesmo com todo esse ar de badboy, ele é bastante atencioso com as pessoas e dormindo parece até um anjo. Comecei a analisar seu corpo direito e é bastante definido. Olhando-o com aquelas jaquetas grossas, a impressão que dá é que Harry é muito magro, mas agora o vendo apenas de camiseta e calça preta, é impossível não notar seus músculos bem definidos, o que só o deixava mais gostoso.

— Gosta do que vê?

Harry me olhava com um sorriso sacana. Tentei recuperar os sentidos e esquecer o que se passava na minha cabeça naquele momento.

— O que aconteceu ontem? — perguntei, mudando de assunto.

— Você bebeu demais e precisava dormir. Eu te trouxe para o meu quarto e acabei dormindo também.

— Ah... e... nada aconteceu, certo? — Harry riu.

— Eu posso ser um pervertido, mas não sou do tipo aproveitador, Niall.

— Ainda bem se não o Louis me mataria — me deixei me contagiar por sua risada. — AI, MEU DEUS, LOUIS! Eu tenho que ir.

— Ah, sim. Diga a ele que eu sinto muito — disse Harry.

— Você não gosta dele, não é? — perguntei assim que estava de saída, segurando a maçaneta da porta.

— Eu não sei, é só... Eu nunca pensei nele de outra forma. Mas não quero magoar ele, eu juro.

Ele parecia cabisbaixo e eu apenas balancei a cabeça e saí. Eu o entendia.

Durante o caminho inteiro, a minha cabeça ficou ocupada tentando pensar em alguma maneira de me desculpar com o meu amigo. Espero que ele tente me entender.

Quando eu cheguei ao quarto, Louis estava deitado em sua cama, lendo uma HQ.

— Louis! — eu o chamo, mas não tenho resposta alguma. Ele nem sequer me olha. — Só foi um beijo e nem isso direito foi. O professor nos interrompeu e eu nem sabia que você gostava dele, se eu soub

— Onde você dormiu hoje?

— O-o quê?

— Onde você dormiu hoje? — dessa vez, Louis baixou a revista e me encarou.

— Na fraternidade — disse, quase em forma de sussurro.

— Com ele, não foi? No quarto dele, não foi? — agora ele estava em pé e gritando.

— Sim, mas não aconteceu nada, eu juro!

— Como se eu fosse acreditar nisso. Você é uma puta, Niall! Sempre foi — ele se aproximou de mim e eu senti as lágrimas descendo pelo meu rosto. — Você é um lixo. Eu tenho nojo de você — e saiu do quarto.

As minhas pernas fraquejaram e então eu caí sentado no chão. Ele usou as mesmas palavras dele. As mesmas palavras do meu pai. O Louis, o meu homem melancia, a única pessoa que eu achava que podia contar aqui. Isso não pode estar acontecendo.

Depois de um bom tempo chorando, eu já não tinha mais lágrimas, mas a dor continuava e eu estava me controlando ao máximo para não ter uma recaída. Tenho que arrumar outra solução.

Ontem eu bebi bastante e consegui esquecer toda a dor por um tempo, talvez eu consiga esquecer hoje de novo, apesar de hoje ter sido um golpe bem mais forte, mas não custa nada tentar.

Levantei me apoiando na parede. Sentia-me fraco e a minha cabeça ainda doía muito por causa da ressaca. Olhei para a janela e vi que já estava quase anoitecendo. Por quanto tempo fiquei chorando?

Coloquei um dinheiro a mais na minha carteira e sai à procura de um bar. Não foi uma tarefa muito difícil, encontrei ao menos uns três em ao menos dobrar a esquina.

Talvez os universitários sejam os melhores clientes de bares.

Escolhi o mais simples e que parecia menos movimentado. Queria beber em paz. Por fora, o lugar parecia pequeno. A fachada era branca e comum, se não posso pelo letreiro chamativo com luzes vermelhas e azuis dizendo "Sexy Silk", poderia passar despercebido por qualquer pessoa.

Por dentro, o bar não é nada pequeno. O piso é de madeira polido, num tom escuro, assim como os bancos, mesas e cadeiras. Tudo está bem organizado e limpo. Tem uma máquina bem antiga, mas muito conservadora logo na parede à esquerda. Eu suponho que seja uma daquelas máquinas onde a gente escolhe a música. Falando em música, estava tocando Nancy Sinatra, o que tornava o ambiente agradável a meu gosto, mas nada disso importa no momento.

Caminhei rumo ao balcão e me sentei em um dos bancos mais distante possível de outro cliente que estava ali, que eu nem me preocupei em prestar atenção. Meu objetivo ali era outro.

— Me dê uma de whisky, o mais puro que você tiver, por favor — falei para o senhor barmen que assentiu e logo me serviu, sem nem questionar a minha idade. Deve ter percebido que eu realmente precisava daquilo.

Tomei um gole e senti como se estivesse tomando veneno. Parecia que tinha engolido fogo, é como se tudo por dentro estivesse podre, e talvez esteja. Talvez eu seja um lixo como todos pensam.

Enquanto tomo outro gole, ouço o outro cliente se deslocar do seu lugar e vir para perto de mim, mas não me dou o trabalho de olhar. Não quero que ele pense que pode puxar assunto comigo.

— Dia difícil? — ele pergunta e meu sangue para ao ouvir aquela voz rouca que só podia pertencer a uma pessoa.

— Hoje não, por favor. Deixe para me atormentar na segunda, que é quando eu tenho aula com o senhor — falei, ainda sem olhar, mas era desnecessário. Sabia com que eu estava conversando.

— Alguém aqui está realmente tendo um dia ruim, não é? O que foi? Levou um fora do rapunzel? Ele percebeu que você é uma vadia que dá em cima dos professores? — o professor Maliks orria, arrogante. — Ou ele descobriu que você tem AIDS?

Okay, pra mim já chega! Eu tentei. Eu realmente tentei me controlar e não ter nenhuma recaída, mas está insuportável. Eu preciso tirar essa dor de mim.

— Onde fica o banheiro? — perguntei ao barman e ele apontou para o corredor a direita. Imediatamente caminhei até lá.

Me perdoa, mãe!

Teacher, Please • ziallOnde histórias criam vida. Descubra agora